Tensão

Venezuela barra protesto contra o presidente Maduro, em Caracas

Policiais usaram bombas de gás lacrimogêneo; este é o terceiro dia de protestos da oposição em uma semana; o secretário-geral da OEA, Luis Almagro, acusou ontem o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de ser um "traidor"

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48

Caracas - As forças de segurança da Venezuela usaram gás lacrimogêneo ontem contra manifestantes em Caracas, em meio a protestos em todo o país pedindo um referendo revogatório para acabar com o governo socialista do presidente Nicolás Maduro, segundo a Reuters.

No terceiro dia de protestos da oposição em uma semana, milhares de manifestantes se dirigiram para o centro de Caracas, disseram testemunhas, planejando marchar até a sede do conselho eleitoral nacional.

Mas soldados da Guarda Nacional e a polícia isolaram o quarteirão onde os manifestantes planejavam se reunir. Os manifestantes seguiram então para as ruas próximas com bandeiras e gritando frases anti-Maduro.

Forças de segurança usaram gás lacrimogêneo contra cerca de 100 manifestantes que tentaram passar por uma barreira, disseram testemunhas. "Eles estão assustados. Os venezuelanos estão cansados, com fome", disse o manifestante Alfredo Gonzales, de 76 anos, que usava um cachecol cobrindo a boca e disse ter sido alvo de spray de pimenta.

Uma manifestação anti-Maduro na quarta-feira da semana passada também acabou em violência, com tropas usando gás lacrimogêneo para conter pessoas que atiravam pedras. Um policial usou spray de pimenta contra o líder da oposição, Henrique Capriles.

Maduro, ex-motorista de ônibus de 53 anos que em 2013 venceu a eleição para substituir Hugo Chávez, acusa Capriles e outros líderes da oposição de tentativa de golpe com a ajuda dos Estados Unidos.

A coalizão da oposição, capitalizando o descontentamento popular pela crise econômica do país, ganhou controle da Assembleia Nacional nas eleições de dezembro. Mas todas as medidas legislativas foram derrubadas pela Suprema Corte que apoia o governo.

'Ditadorzinho'

O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, Luis Almagro, acusou ontem o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de ser um "traidor" e alertou que ele se transformará em um "ditadorzinho" se impedir o referendo revogatório levado adiante pela oposição contra seu mandato.

"Negar a consulta ao povo, negar a ele a possibilidade de decidir, te transforma em mais um ditadorzinho, como os tantos que o continente teve", escreveu Almagro em uma severa carta aberta.

Na noite desta terça, a Assembleia Nacional rejeitou o decreto de estado de exceção de 60 dias com o qual Maduro ampliou seus poderes para governar nas áreas política, econômica, social e ambiental. Agora, caberá ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) dar a última palavra sobre o repúdio ao decreto.

Fraude
O presidente Maduro afirmou na terça-feira,17, que o referendo com o qual a oposição pretende tirá-lo do poder é "inviável", alegando "fraude" com as assinaturas apresentadas pela oposição.

"Nenhuma das opções anunciadas pela direita para acabar com a revolução e para me derrubar, ou revogar meu mandato, tem viabilidade política e histórica, e nenhuma terá êxito", declarou Maduro, em entrevista coletiva, ao acusar a oposição que tentar "fraudar a lei".

Maduro disse ter recebido um relatório sobre "o desastre que está sendo encontrando" nas assinaturas por Jorge Rodríguez, que lidera a comissão do governo que verifica o processo de solicitação de referendo, iniciado pela oposição. "Pretenderam fraudar a lei, burlar a vontade e mal utilizar um recurso democrático (o referendo) para seus interesses perversos", afirmou.

Frase

"Negar a consulta ao povo, negar a ele a possibilidade de decidir, te transforma em mais um ditadorzinho, como os tantos que o continente teve"

Luis Almagro

Secretário-geral da Organização dos Estados Americanos,

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