Crise na Venezuela

Mourão propõe encontro com Maduro em ''território neutro''

Vice-presidente defende diálogo sobre transição com o ditador venezuelano

Folhapress

Atualizada em 11/10/2022 às 12h26
(General Mourão)

O vice-presidente Hamilton Mourão defendeu nesta sexta-feira (1º) a abertura de diálogo com o ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, para que se faça uma transição no país.

Mourão foi questionado sobre uma fala do presidente Jair Bolsonaro que, em café da manhã na quinta-feira (28) com alguns jornalistas, teria cogitado a hipótese de se encontrar com Maduro em "território neutro" para tratar de sua saída do poder.

"Alguém tem que conversar, né? Trump não foi conversar com Kim Jong-un?", disse.

A ausência de canais internacionais de contato com o regime Maduro e com os militares da Venezuela dificulta a resolução da crise com o país, segundo o vice-presidente .

O general da reserva, que assumiu protagonismo nas negociações com o grupo que faz pressão pela queda do ditador venezuelano, disse que o impasse na região deve se aprofundar.

"Isso aí é um castelo de cartas. Tem que puxar a carta correta. Quando puxar aquela carta, esse castelo vai desabar", afirmou o vice-presidente à Folha.

Mourão acrescentou, no entanto, que não houve nenhum contato prévio com o governo venezuelano e ressaltou que, ao tratar do tema, Bolsonaro estava respondendo uma pergunta e era apenas algo hipotético.

Mais cedo, ao sair de um encontro com o próprio Mourão, o chanceler Ernesto Araújo afirmou que não havia negociações com Maduro e nenhuma perspectiva concreta de mudança no país ao vizinho. No entanto, ao contrário de Mourão, afirmou que o Brasil não admitia negociações com o governo venezuelano.

“Qualquer diálogo tem de ser entre eles. Nós não queremos colocar no mesmo pé o regime que consideramos legítimo e o de Maduro”, disse Araújo. “Se outros países quiserem intermediar ou interferir nesse diálogo não nos parece que seja o caminho.”

Mourão defende que a OEA (Organização dos Estados Americanos) seja esse canal de conversação com o regime venezuelano. "É uma situação complicada, aquilo ali. Não é algo que se resolva num estalar de dedos. Tem de abrir algum canal, com Maduro, com as Forças Armadas. Algum canal tinha de ser aberto", afirmou.

O chanceler defendeu que a visita de Guaidó foi um sucesso e serviu para o Brasil mostrar que considera o autoproclamado presidente interinouma alternativa séria de poder na Venezuela.

“Nosso próximo passo é o reforço do governo Guaidó, é com eles que nós falamos", disse Araújo, acrescentando que "no momento não tem articulação" para intermediação.

Questionado sobre a possibilidade de envolver países como China e Rússia, que ainda apoiam Maduro, Araújo afirmou que já existe uma articulação no Grupo de Lima com “diferentes atores internacionais”, inclusive os dois países.

O chanceler brasileiro avaliou que seria um “absurdo completo” se Guaidó for preso ao voltar a Caracas, como ameaça Maduro, e disse que espera que isso não aconteça. Uma reação, no entanto, dependeria de articulação com o grupo de Lima.

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