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“É Golpe”

Hildo Rocha

Atualizada em 11/10/2022 às 12h48

Francisco de Paula Brito nasceu em 1.809 na Rua do Piolho (atual Rua da Carioca), no Rio de Janeiro. De família muito pobre, foi ajudante de farmácia, aprendiz de tipógrafo e trabalhou no Jornal do Commercio como diretor de prensas, redator, tradutor e contista. Fundou a Sociedade Petalógica do Rossio Grande, nome derivado de peta, o mesmo que mentira. Formada por intelectuais do porte de Machado de Assis, Gonçalves Dias, José de Alencar e Joaquim Nabuco, seus membros divertiam-se a discutir as mentiras da época.
O governador Flávio Dino, por suas inúmeras declarações e entrevistas, especialmente a última, veiculada na edição do dia 25.4.2016 no jornal Valor Econômico, certamente seria um dos contemplados pelos famosos gozadores dessa Sociedade. Entoando uma cantilena que usa da mesma estratégia de repetição do “É Golpe”, o governador acredita que uma mentira dita mil vezes pode virar verdade.
Na entrevista, Sua Excelência fala em mudança do nome de escolas, patrimonialismo, destaca o Porto do Itaqui e a Ferrovia Carajás, como ativos indispensáveis ao desenvolvimento do Maranhão, e afirma que luta para que todos os maranhenses tenham oportunidades iguais – os seus camaradas, pelo menos, saíram na frente: estão todos muito bem empregados.
Pois bem, é verdade. Desde 24 de outubro de 1977, quando o governador tinha 8 anos de idade, a Lei 6.454/1977 proibiu dar nome de pessoas vivas a espaços públicos. É preciso dar cumprimento à Lei, a essa e a tantas outras empoeiradas e esquecidas nos escaninhos da falta de interesse. Mudar o nome da escola Roseana Sarney (tenho certeza que não foi de iniciativa da ex-governadora essa nominação e outras que levam seu nome) é tão importante quanto mudar o do Autódromo Nelson Piquet ou o do Estádio Rei Pelé. Natural e legal. Usar isso como desculpa para caracterizar patrimonialismo é cômico, e a exposição “escandalosa” da ação de substituição dos nomes por outros ligados aos apaniguados é característico da tragédia vivida por aqueles que não têm história, observam o tempo passar sem ver a porta do reconhecimento ser aberta.
O nome da escola foi mudado. Mas até o mês de abril, lá não tinha merenda para os alunos; faltavam professores; a interrupção das aulas por falhas elétricas é uma constante e os professores não receberam o reajuste do piso do magistério. O novo nome está pintado no muro da escola, mas é assim que se constrói a igualdade? É até possível juntar o discurso do combate ao patrimonialismo ao da Pátria Educadora e, então, vamos viver de peta.
Os maranhenses sabem que a construção do porto do Itaqui foi feita durante o governo José Sarney que inclusive construiu com recursos do próprio Estado a barragem do Bacanga para viabilizar a zona portuária do Itaqui e liga-la a toda a cidade de São Luís. As rodovias que ligam São Luís a Teresina, Santa Luzia a Açailândia e a barragem de Boa Esperança também foram viabilizadas pelos insistentes pleitos do governador Sarney. Lembro ainda que a conclusão da ferrovia Carajás e o início da ferrovia Norte/Sul se deram no mandato de Sarney como Presidente da República.
Foi preciso um outro Sarney, de outra geração e de outro gênero, com novas ideias e o mesmo entusiasmo, para recolocar o Maranhão no caminho do desenvolvimento: Roseana transformou o estado em um grande produtor de grãos, energia, produção de gás, papel e celulose, atraiu indústrias, construiu e asfaltou estradas, viabilizou o Terminal de Grãos no porto do Itaqui e fez de São Luís Patrimônio Cultural da Humanidade, entre outras obras e programas importantes na Saúde e na Educação.
Com tantos marcos inovadores, a imensa contribuição que eles deram ao desenvolvimento do Maranhão não será apagada da memória dos maranhenses.
Seria mais sensato e oportuno ao governador Flavio Dino usar o tempo que ainda lhe resta de mandato trabalhar para impedir a derrocada da produção e dos empregos que hoje é a triste realidade do Maranhão, graças à desastrosa política econômica implantada por ele mesmo.

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