Vida de Estudante

Abandono de estrutura de escolas compromete atividades

Por causa da falta de infraestrutura, alunos estão sem poder fazer atividades físicas, expostos a ações criminosas e ao descaso, sob o risco de acidentes; situação é grave e os prejuízos aos estudantes são muitos

Jock Dean / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h53

[e-s001]Terminadas as aulas na Uni­dade de Educação Básica (UEB) Darcy Ribeiro, na Avenida dos Afri­canos, os alunos que moram nas arredores da unidade continuam batendo papo na porta da escola. Geralmente, após as au­las, eles se reuniam para jogar futebol na quadra, mas agora a atividade está suspensa, pois o teto da quadra está sob o risco iminente de desabamento. Mas sem­pre há quem se arrisque no local.

Esse é só um exemplo do quanto o sucateamento das unidades de ensino municipais compromete o desenvolvimento das atividades pedagógicas.

E não é apenas o passatempo dos alunos no fim da aula que está comprometido. Na unidade, os estudantes estão há quase dois anos sem a prática de educa­ção física. As aulas da disciplina se resumem à parte teórica, em sala de aula. “Eu acho bem sem graça assim. Sinto falta da quadra, pois lá a gente se divertia mais. Se a aula é de educação física, a gente tem de praticar esporte”, disse o estudante Thiago de Sousa, de 12 anos.

O teto quase desabando da qua­dra não é o único problema. A grade que protege os espectadores nas arquibancadas também está danificada. As estruturas de metal do gol e das cestas estão enferrujadas e os banheiros inutilizáveis. Apesar de todos esses problemas, alguns alunos ainda insistem em brincar, ignorando o perigo do local, que já de­veria ter tido seu acesso interditado.

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Invasão
Em outra área da cidade, a Itaqui-Bacanga, uma das escolas com problemas é a UEB Rosália Freire, no Anjo da Guarda, que, na madrugada de quinta-feira, dia 26, foi invadida e teve os armá­rios arrombados. Para os professores da escola, a ação dos bandidos foi facilitada pela falta do muro, que desabou e ainda não foi reconstruído e pela fragilidade das janelas, já que muitas estão danificadas e tiveram os buracos tapados com pedaços de madeira, que não oferecem segurança.

Os banheiros estão em situação precária. Muitos boxes não têm portas e há até sanitários sem condições de uso. Segundo uma professora, que preferiu não se identificar, os serviços de manutenção são raros. Na sexta-fei­ra, dia 27, quando O Estado es­teve na escola acompanhando uma visita do Sindicato dos Profissionais do Magistério da Rede Municipal de São Luís (Sindeducação), atendendo a um pedido dos professores, que temem no­vas invasões, o funcionário de uma empresa terceirizada contratada pela Secretaria Municipal de Educação (Semed) fazia a capina do terreno dos fundos da escola, o que não ocorria há qua­se dois meses, segundo os docentes.

Em meio a esses problemas, os alunos esperam melhorias na unidade. “A escola é muito suja. Tem muitos remendos nas janelas e já foi até invadida. Eu queria que ela fosse melhor. Dava mais vontade de estudar. Tomara que reformem nas férias”, disse a estudante Aline Cristina Rêgo.

[e-s001]Sem reformas
E não são apenas as escolas do ensino fundamental que têm pro­blemas. As da educação infan­til também precisam de reformas urgentes, como a UEB Maria Amália Profeta, no Coroadinho. Lá, além da fiação expos­ta, há armários enferrujados e buracos no telhado. Os ventiladores são velhos e já deveriam ter sido trocados. A calçada esburacada também dificulta o acesso das crianças à unidade de ensino.

A Semed informou que já requalificou mais de 50 unidades, dentro do planejamento elaborado no início da atual gestão e que vem intensificando esse processo. A secretaria disse ainda que há quatro escolas em construção e que outras duas obras devem ser iniciadas em 2016.

NÚMEROS
130 mil estudantes
estão matriculados na rede municipal de ensino

280 escolas compõem a rede de ensino municipal

SAIBA MAIS
Realidade nacional

O sucateamento das escolas púbicas não é um problema apenas de São Luís, mas uma realidade nacional. O Censo Escolar 2014 constatou que mais da metade das escolas estão sem esgoto encanado, quase um terço sem rede de água e um quarto sem coleta de lixo, entre outros problemas.

[e-s001]SEM REFORMA
A Prefeitura de São Luís tem executado obras de reforma em unidades de ensino da capital. Mas em outras as aulas foram interrompidas e as obras nem começaram. É o caso da UEB Bandeira Tribuzi, no Centro, fechada há mais de um ano para uma reforma que foi anunciada em 2012. A escola precisa de reformas no sistema elétrico e hidráulico, além da pintura da fachada, mas até agora nem o material de construção chegou ao local. Procurada por O Estado, a Semed informou que os estudantes da UEB Bandeira Tribuzi foram transferidos para outra unidade de ensino e que está aguardando o repasse de verbas federais para o início dos trabalhos de recuperação do prédio.

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