Abandono de estrutura de escolas compromete atividades
Por causa da falta de infraestrutura, alunos estão sem poder fazer atividades físicas, expostos a ações criminosas e ao descaso, sob o risco de acidentes; situação é grave e os prejuízos aos estudantes são muitos
[e-s001]Terminadas as aulas na Unidade de Educação Básica (UEB) Darcy Ribeiro, na Avenida dos Africanos, os alunos que moram nas arredores da unidade continuam batendo papo na porta da escola. Geralmente, após as aulas, eles se reuniam para jogar futebol na quadra, mas agora a atividade está suspensa, pois o teto da quadra está sob o risco iminente de desabamento. Mas sempre há quem se arrisque no local.
Esse é só um exemplo do quanto o sucateamento das unidades de ensino municipais compromete o desenvolvimento das atividades pedagógicas.
E não é apenas o passatempo dos alunos no fim da aula que está comprometido. Na unidade, os estudantes estão há quase dois anos sem a prática de educação física. As aulas da disciplina se resumem à parte teórica, em sala de aula. “Eu acho bem sem graça assim. Sinto falta da quadra, pois lá a gente se divertia mais. Se a aula é de educação física, a gente tem de praticar esporte”, disse o estudante Thiago de Sousa, de 12 anos.
O teto quase desabando da quadra não é o único problema. A grade que protege os espectadores nas arquibancadas também está danificada. As estruturas de metal do gol e das cestas estão enferrujadas e os banheiros inutilizáveis. Apesar de todos esses problemas, alguns alunos ainda insistem em brincar, ignorando o perigo do local, que já deveria ter tido seu acesso interditado.
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Invasão
Em outra área da cidade, a Itaqui-Bacanga, uma das escolas com problemas é a UEB Rosália Freire, no Anjo da Guarda, que, na madrugada de quinta-feira, dia 26, foi invadida e teve os armários arrombados. Para os professores da escola, a ação dos bandidos foi facilitada pela falta do muro, que desabou e ainda não foi reconstruído e pela fragilidade das janelas, já que muitas estão danificadas e tiveram os buracos tapados com pedaços de madeira, que não oferecem segurança.
Os banheiros estão em situação precária. Muitos boxes não têm portas e há até sanitários sem condições de uso. Segundo uma professora, que preferiu não se identificar, os serviços de manutenção são raros. Na sexta-feira, dia 27, quando O Estado esteve na escola acompanhando uma visita do Sindicato dos Profissionais do Magistério da Rede Municipal de São Luís (Sindeducação), atendendo a um pedido dos professores, que temem novas invasões, o funcionário de uma empresa terceirizada contratada pela Secretaria Municipal de Educação (Semed) fazia a capina do terreno dos fundos da escola, o que não ocorria há quase dois meses, segundo os docentes.
Em meio a esses problemas, os alunos esperam melhorias na unidade. “A escola é muito suja. Tem muitos remendos nas janelas e já foi até invadida. Eu queria que ela fosse melhor. Dava mais vontade de estudar. Tomara que reformem nas férias”, disse a estudante Aline Cristina Rêgo.
[e-s001]Sem reformas
E não são apenas as escolas do ensino fundamental que têm problemas. As da educação infantil também precisam de reformas urgentes, como a UEB Maria Amália Profeta, no Coroadinho. Lá, além da fiação exposta, há armários enferrujados e buracos no telhado. Os ventiladores são velhos e já deveriam ter sido trocados. A calçada esburacada também dificulta o acesso das crianças à unidade de ensino.
A Semed informou que já requalificou mais de 50 unidades, dentro do planejamento elaborado no início da atual gestão e que vem intensificando esse processo. A secretaria disse ainda que há quatro escolas em construção e que outras duas obras devem ser iniciadas em 2016.
NÚMEROS
130 mil estudantes estão matriculados na rede municipal de ensino
280 escolas compõem a rede de ensino municipal
SAIBA MAIS
Realidade nacional
O sucateamento das escolas púbicas não é um problema apenas de São Luís, mas uma realidade nacional. O Censo Escolar 2014 constatou que mais da metade das escolas estão sem esgoto encanado, quase um terço sem rede de água e um quarto sem coleta de lixo, entre outros problemas.
[e-s001]SEM REFORMA
A Prefeitura de São Luís tem executado obras de reforma em unidades de ensino da capital. Mas em outras as aulas foram interrompidas e as obras nem começaram. É o caso da UEB Bandeira Tribuzi, no Centro, fechada há mais de um ano para uma reforma que foi anunciada em 2012. A escola precisa de reformas no sistema elétrico e hidráulico, além da pintura da fachada, mas até agora nem o material de construção chegou ao local. Procurada por O Estado, a Semed informou que os estudantes da UEB Bandeira Tribuzi foram transferidos para outra unidade de ensino e que está aguardando o repasse de verbas federais para o início dos trabalhos de recuperação do prédio.
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