CRÍTICA

Nostalgia e entretenimento no cinema

“Pixels” tem entretenimento leve, com lições de moral pouco profundas; Adam Sandler, que estrela a produção, não compromete e nem surpreende na telona

Nayara Reynaud/Do Cineweb

Atualizada em 11/10/2022 às 12h56
Cena de “Pixels”, que tem um bom trabalho de efeitos visuais e 3D
Cena de “Pixels”, que tem um bom trabalho de efeitos visuais e 3D (Pixels)

Se Hollywood fosse um videogame, seria possível dizer que Adam Sandler tem perdido algumas vidas nos últimos anos. No seu auge, entre o final da década de 1990 e o início dos anos 2000, suas comédias eram não só garantia de arrecadação maior do que US$ 100 milhões, mas de satisfação de grande parte do público – ainda que não da crítica –, e o comediante ousava participar em bons projetos independentes como “Embriagado de Amor” (2002), de Paul Thomas Anderson. Longe disso, ele agora amarga o título de ator menos rentável de Hollywood na lista da revista Forbes por dois anos consecutivos, como prova de que o interesse da audiência por seus trabalhos não tem acompanhado o seu alto cachê.

Mas, parece que na sua mais recente jogada, Sandler ganhará uma sobrevida. O astro estrela “Pixels” (2015), aventura dirigida por Chris Columbus que, na sua mistura de comédia e ficção científica a partir de uma premissa ao mesmo tempo boba e diferente, provavelmente conquistará uma boa parcela da plateia pela nostalgia e/ou pelo entretenimento.

O longa baseou-se em um inventivo curta homônimo de apenas dois minutos, criado pelo francês Patrick Jean em 2010 e ainda disponível no YouTube, que traz na animação apenas personagens e itens característicos dos clássicos videogames de 8-bits dos anos 1980 atacando Nova York. O que dizer do Pac-Man, também conhecido aqui como Come-Come, engolindo as estações de metrô ou da referência com o Donkey Kong no topo do Empire State Building? Os roteiristas Tim Herlihy – recorrente nas produções estreladas por Sandler – e Timothy Dowling, então, criaram uma história para conduzir esta invasão “pixealizada”, em um script com desdobramentos previsíveis e alguns ganchos preguiçosos, especialmente ao forçar coincidências, como o fato de Sam Brenner (Adam Sandler) prestar serviço justamente na casa da tenente-coronel Violet Van Patten (Michelle Monaghan).

Enredo - Na trama, a Nasa envia para o espaço, em 1982, uma cápsula do tempo com amostras da vida e da cultura na Terra, incluindo os jogos eletrônicos tão populares na época em que o garoto Sam (Anthony Ippolito) era o rei do fliperama do seu bairro, por pouco não vencendo o campeonato mundial. Mal-interpretados pelos alienígenas, que consideraram os videogames uma ameaça dos terráqueos, eles constroem enormes criaturas e objetos em 8-bits à imagem e semelhança de Galaga, Centopeia, Space Invaders, Pac-Man, Donkey Kong, entre outros clássicos, para invadir o possível vizinho inimigo nos tempos atuais, transformando o planeta em cenário de um grande game, em que pessoas e construções se tornam pixels.

O presidente dos Estados Unidos e amigo de infância de Sam, Will Cooper (Kevin James) pede a ajuda do agora desenganado técnico em eletrônica Brenner para orientar o exército no combate aos invasores. Para isso, ele também conta com o auxílio do antigo colega Ludlow Lamonsoff (Josh Gad), garoto-prodígio obcecado por Lady Lisa (Ashley Benson) – personagem de um videogame criado especialmente para a superprodução – e teorias conspiratórias, de Violet e de um velho desafeto do protagonista: Eddie Plant (Peter Dinklage, bem distante do ambiente sombrio de Game of Thrones) que o venceu e zombou dele naquela disputa em 82.

Sandler nem surpreende nem compromete com as suas piadas típicas e, em um elenco correto, quem chama mais a atenção é Josh Gad com as obsessões de seu personagem, Peter Dinklage, junto com Andrew Bambridge na versão adolescente, no pouco espaço que lhe é dado. Denis Akiyama, na pele do criador do Pac-Man, o professor Toru Iwatani, tem um dos melhores momentos do longa. Com um bom trabalho gráfico, de efeitos visuais e 3D, Pixels também reanima a carreira de Chris Columbus: embora tenha fundamentado a franquia Harry Potter no cinema, dirigindo os dois primeiros – e mais fracos, por sinal.

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