O cantor capixaba Lúcio da Silva Souza ou SILVA fará sua primeira apresentação na capital maranhense hoje, a partir das 20h, no Teatro Arthur Azevedo (Centro). O show “Vista pro Mar” será antecedido por Nathalia Ferro, que fará o pré-lançamento do álbum “Alice Ainda”.
Desde que se apresentou ao público brasileiro, por meio do EP “SILVA” (2011), lançado pelo portal soundcloud, o capixaba só colhe bons resultados. Com pouco mais de três anos de carreira, SILVA já lançou dois álbuns: “Claridão” (2012) e “Vista pro Mar” (2014). Ambos registram fases importantes na vida do cantor. Tanto que o primeiro é bem melancólico e o último mais alegre, solar e como ele gosta de frisar, “para se ouvir do lado da piscina”.
SILVA já se apresentou na edição do Festival Sónar, em 2012; no palco do Lollapalooza; na edição lusitana do programa X-Factor; no Japão e no Festival South by Southwest (SXSW), em Austin, Estados Unidos. Recentemente, ele encerrou uma turnê de apresentações com Gal Costa.
Natural de Vitória (ES), SILVA vem de uma família musical. Sua mãe é professora de musicalização, o tio é pianista e o irmão, músico. Ele traz da música clássica sua principal influência, com destaque para o violino, do qual se graduou em bacharel pela Fames (Faculdade de Música do Espírito Santo). Curiosamente, o erudito se mistura com sua maior paixão, a música eletrônica.
Buscando um som mais moderno, que mesclava pop, jazz e música eletrônica, SILVA decidiu aprimorar seus estudos na Irlanda, em 2009. Lá, fez parte de uma banda onde tocava violino e compôs sua primeira música, “A visita”. Ao retornar ao Brasil, em 2010, iniciou a produção de seu primeiro EP, que conteve as músicas "A Visita", "Imergir", "12 de maio", "Acidental" e "Cansei".
Seis meses após o lançamento do EP, SILVA assinou contrato com a gravadora Som Livre. No mesmo ano, ele lançou “Claridão”, álbum produzido em sua própria casa e que trazia as cinco canções do EP e outras sete que foram feitas em parceria com seu irmão, Lucas Silva. O disco foi finalizado por Matt Collon – produtor que finalizou os trabalhos do britânico James Blake – e remasterizado por Jeremy Park, responsável pelo projeto dos norte-americanos Youth Lagoon.
Segundo SILVA, “Claridão” marca uma fase de superação em sua vida. O disco foi lançado após o falecimento do avô. “Ele foi um cara que sempre me apoiou musicalmente e não viu nada acontecer. Fiquei muito mal com isso, pois ele era a pessoa que eu mais queria que tivesse visto o que tinha acontecido comigo”, disse. Contudo, o álbum também registra a alegria do músico em ter seu trabalho levado a várias regiões do país pela gravadora que lhe assistiu.
Após o sucesso avassalador de “Claridão”, considerado um dos melhores discos de 2012, SILVA queria levar ao público um álbum mais alegre. Para tanto, ele foi até a Flórida (EUA) com seu irmão e lá começou a compor as músicas de “Vista pro Mar”. O disco foi gravado em Portugal e traz a participação da cantora Fernanda Takai. “Foi minha tentativa de fazer um disco mais leve. Olhar menos pra dentro e mais pra fora. Algo mais contemplativo. Fui tentando buscar esse som dentro do que eu faço”, comentou.
Em entrevista a O Estado, SILVA comenta um pouco da sua carreira, a paixão pela música eletrônica, as diferenças entre seus álbuns, a religiosidade e sua ida a Angola, que resultou na gravação do videoclipe de “Volta” e num documentário.
O Estado – Recentemente, você gravou o videoclipe de “Volta” e um documentário na Angola. Qual a sua relação com o continente africano?
SILVA – “Volta” tem bastante referência africana. Fiz essa música em um aplicativo de celular e na época estava ouvindo muita coisa africana. Percebi que tinha referência do kuduro e fui estudar mais sobre esse ritmo. Ao chegar a Angola, senti a necessidade de registrar um país que muitos de nós desconhecemos, pois os angolanos são bem alegres. E essa alegria que queria passar para todos.
O Estado – Muitos críticos de música afirmam que você é uma das promessas da nova MPB. Gostas dessa referência?
SILVA - Não gosto muito dessa coisa de ‘a nova MPB’. Acho isso pretensioso demais. O que eu faço é uma coisa minha. Não tenho um grupo de pessoas que andam comigo e a gente tem um som parecido. Não me enxergo nessa coisa de MPB.
O Estado – Então, você se considera um artista pop?
SILVA - Pop é uma coisa mal compreendida. As pessoas costumam associá-lo a Britney Spears e, sei lá, não necessariamente é isso. Steve Wonder é pop pra mim. Pop é um gênero que costuma ter uma relação com a contemporaneidade. Nunca quis fazer um gênero tradicional, mas sempre me permiti experimentar coisas novas.
O Estado – Você tem uma ligação muito forte com a música eletrônica. Ao se lançar profissionalmente, em 2011, não sentia medo do público não absorver bem a sua proposta de mesclar vários ritmos musicais?
SILVA - Quando eu ouso demais em alguma música eu tenho medo das pessoas não entenderem a minha proposta. Se a coisa não ficar muito ‘entendível’ eu não lanço. Gosto de me comunicar com as pessoas por meio do som.
O Estado – Existe alguma música que você ousou demais?
SILVA - “Mais Cedo”. Quando fui para o Japão no ano passado eles falaram: “Essa é a música que te trouxe pra cá. É uma música brasileira, mas que não tem indícios de uma música brasileira”. Ao ouvir isso deles fiquei muito feliz, pois ela flerta com vários gêneros e é uma música que eu realmente acho muito corajosa.
O Estado – Você cresceu em um ambiente religioso. Seu avô foi pastor e seu irmão (Lucas Silva), por muito tempo, foi cantor de música gospel. Em algum momento chegastes a cogitar a carreira gospel?
SILVA - Vivi num meio bem religioso. Foi uma escola muito importante pra mim. Lá aprendi a tocar vários instrumentos e participei do coral na igreja, mas nunca quis associar minha música a um caminho religioso. Sempre achei que a música é uma coisa livre. Não queria ficar preso a um tema ou a dogmas religiosos. Foi uma fase muito importante pra mim, mas que passou.
Estou super empolgado. Já sei que o público do Maranhão é super caloroso. Zero blasé. Vou tentar fazer um set list bem generoso de músicas que considero mais importante dos dois álbuns.SILVA, cantor e compositor
Saiba Mais
Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais X, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.