Renúncia

Tesoureiro de São Mateus assume culpa por repasse de cheque à agiotagem

Documento com assinatura do prefeito Miltinho Aragão foi encontrado em um cofre do agiota Josival Cavalcanti, o Pacovan, preso terça-feira pela Polícia Civil

Gilberto Léda / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h59
(Hamilton Aragão e Flávio Dino)

O tesoureiro da Prefeitura Municipal de São Mateus, Washington José Oliveira Costa, renunciou ao cargo que ocupava na gestão Miltinho Aragão (PSB) depois de a Polícia Civil e o Ministério Público encontrarem, no cofre do agiota Josival Cavalcanti, o Pacovan, um cheque assinado pelo socialista, no dia 30 de abril deste ano, no valor de R$ 106 mil.

O material foi apreendido no bojo das operações “Maharaja” e “Morta-Viva” de combate à agiotagem nas prefeituras de Marajá do Sena e Zé Doca.

Em nota pública, o ex-auxiliar assumiu a culpa pelo repasse do cheque ao agiota e disse que o prefeito não havia autorizado a operação. Segundo Costa, o pedido de demissão é “irrevogável”.

Certamente [ele será ouvido]! Hoje e amanhã [ontem e hoje] serão ouvidos os presos e organizados os documentos apreendidos”Augusto Barros, delegado-geral da Polícia Civil

“Venho através deste agradecer a confiança a mim depositada e neste ato renuncio o cargo de forma irrevogável”, declarou.

Ainda no comunicado, ele disse que se explicará “oportunamente”. “Explicarei oportunamente a quem interessar possa o ato por mim praticado”, completou.

A O Estado, o delegado-geral da Polícia Civil, Augusto Barros informou que Washington Costa será ouvido pela polícia após confessar que repassou cheque da Prefeitura de São Mateus a Pacovan.

“Certamente [ele será ouvido]! Hoje e amanhã [ontem e hoje] serão ouvidos os presos e organizados os documentos apreendidos”, declarou.

Apuração – Também por meio de nota, o prefeito Miltinho Aragão disse ter tomado conhecimento do caso pela imprensa e anunciou “providências” para apuração.

“Providências estão sendo tomadas objetivando a apuração e esclarecimento dos fatos no que compete a esta administração”, ressaltou.

Ele confirmou a exoneração do ex-secretário. “O tesoureiro do município renunciou ao cargo através de documento escrito e justificado, prontamente confirmado através de portaria de exoneração”, finalizou.

NÚMEROS

42 prefeituras, segundo o MP, podem fazer parte do esquema

R$ 100 milhões teriam sido “facilmente” desviados, aponta polícia

Agiotagem é tema de debate na Assembleia

As operações policias que culminaram com as prisões dos prefeitos de Marajá do Sena, Edivan Costa (PMN), de Bacuri, Nixon dos Santos (PMDB), fora tema de debates na Assembleia Legislativa.

A deputada estadual Andrea Murad (PMDB) disse que pedirá a expulsão do prefeito peemedebista do partido.

“Vou solicitar ao presidente estadual do partido, senador João Alberto, que expulse o Nixon do PMDB porque é uma pessoa que envergonha o nosso quadro e não acrescenta em nada o partido”, afirmou.

Aliado do gestor, o deputado Roberto Costa (PMDB) reagiu, e atacou a colega parlamentar. “Eu sou a favor de investigar e condenar quem tiver envolvido com o crime de agiotagem. Mas não aceito ninguém condenar um membro do partido sem que ele seja julgado e condenado. E se for para julgar alguém por processo em andamento, vamos então expulsar primeiro do ex-secretário Ricardo Murad, que tem uma extensa ‘ficha corrida’”, rebateu.

O caso gerou mal-estar entre a bancada oposicionista – Sousa Neto (PTN) chegou a bater boca com Costa ao final da sessão – e a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) convocou uma reunião de emergência com lideranças do partido.

Ao presidente em exercício do PMDB, Remi Ribeiro, solicitou que coordene o trabalho de reconstrução do partido. Uma reunião de líderes está marcada para amanhã, em São Luís. A Roberto Costa, aconselhou uma retratação pública.

Por meio da sua conta no Facebook, o ex-deputado Ricardo Murad criticou o comando da legenda. “O esvaziamento do partido, com a saída de grandes e importantes quadros [...], se deve à insatisfação de todos pela maneira como o PMDB vem sendo dirigido no Estado”, escreveu.

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