(Divulgação)
COLUNA
Rogério Moreira Lima
Engenheiro e professor, foi coordenador Nacional da CCEEE/CONFEA e vice-presidente CREA-MA (2022). É membro da Academia Maranhense de Ciência e diretor de Inovação na Associação Brasileira de
ROGÉRIO MOREIRA LIMA

A roda, roda?

A Engenharia envolve três grupos e oito modalidades profissionais distintas conforme disposto na tabela de títulos profissionais Resolução CONFEA nº 473/2002, última Atualização em 01/04/2024.

Rogério Moreira Lima

Assim, temos o grupo engenharia composto pelas seis modalidades: Civil, Eletricista, Mecânica e Metalurgia, Química, Geologia e Minas e Agrimensura. Enquanto o Grupo Agronomia Modalidade Agronomia e Grupo Especiais Modalidade Especiais. Cabe esclarecer que as atividades profissionais de desempenho de cargos, funções e comissões em entidades estatais, paraestatais, autárquicas, de economia mista e privada, planejamento ou projeto, em geral, de regiões, zonas, cidades, obras, estruturas, transportes, explorações de recursos naturais e desenvolvimento da produção industrial e agropecuária, estudos, projetos, análises, avaliações, vistorias, perícias, pareceres e divulgação técnica, ensino, pesquisas, experimentação e ensaios, fiscalização de obras e serviços técnicos, direção de obras e serviços técnicos, execução de obras e serviços técnicos, e produção técnica especializada referentes a estradas são de competência dos Engenheiros Civis conforme disposto nos artigos 7º e 27 alínea (f) c/c art. 9º da Resolução CONFEA nº 218/1973. Mas se temos profissionais com a devida formação e qualificação por que temos tantos problemas em nossas estradas? Uma certeza que temos, é que no período chuvoso ocorre incremento na deterioração de nossa infraestrutura rodoviária.

A Engenharia de Pavimentação, talvez por se afastar de outras disciplinas correlatas como a Geotecnia e Estrutura, perdeu um pouco do foco dos conceitos do cálculo estrutural para melhor dimensionamento e detalhamento dos insumos utilizados na engenharia de pavimentação, quando da estruturação do pavimento como uma obra de engenharia.

Para confundir, ainda mais, a fundamentação e a independência técnica adotada por esta disciplina, os recursos do cálculo diferencia e integral, aos quais esta disciplina recorrem, estão limitados a modelos de cálculo numérico simplificados, em que a ação externa provocada pela ação dos veículos, em movimento sobre o revestimento ou piso rodoviário, é admitida como esforço estático, como se os veículos estivessem numa posição de repouso ou estacionados; só nos acostamentos, tal é possível.

Perante o atual estado de arte destas obras e a banalidade das soluções técnicas apresentadas e aplicadas, o que deveria ser da responsabilidade dos engenheiros se transferiu , por um tempo, para a administração pública, na forma de programas de governo, sem a mínima fundamentação técnica, com intuito dar celeridade ao processo mas comprometendo requisitos de qualidade e segurança. O órgão de fiscalização do exercício profissional a época (2019) se fez presente, e seu poder de polícia foi usado ao lavrar o auto de infração nº 29742/2019, e ao manter por unanimidade o auto, já em segunda instância pela Decisão Plenária nº 69/2019-PL/MA demonstrou claramente a independência da instituição a época e seu compromisso em garantir a incolumidade pública. Entretanto, as nomeações de Engenheiros, para posições chaves de decisão, tanto no Estado, quanto na prefeitura de São Luís, são muito bem-vindas visto que as nomeações do Eng. Civ. Aparício Bandeira para SINFREA em 2022 e do Eng. Civ. David Coll de Bella para SEMOSP em 2021, demonstram o compromisso dos autuais gestores com a qualidade, segurança e bom uso destes recursos públicos. A partir de então, tivemos o início de um ciclo virtuoso , mas temos também um problema de ordem técnica e científica pois a engenharia de pavimentação tem se dedicado ao ensino e pesquisa de soluções, quase puramente empíricas, e colocando o viés das soluções analíticas e numéricas, em segundo plano, e embora nomear engenheiros para cargos chave ajude na mitigação dos problemas se faz necessária uma solução mais consistente, precisamos do uso de modelos mais precisos e incluir tais soluções em uma revisão dos normativos da ABNT, e para tal é primordial a participação de profissionais com notório saber na área, com a participação de pesquisadores e professores, agora é a vez da Ciência Brasileira apontar a solução. 

O regime de esforços e cargas sobre a pista de rolamento do pavimento, é devido ao momento linear, nada mais é que a massa de um corpo ou veículo, em movimento, caracterizando ações externas dinâmicas forçadas, ou seja devemos mudar as técnicas de dimensionamento para análise dinâmica, pois afinal de contas a roda, roda, problema de ordem dinâmica e não estática, como até então tem sido tratado. Agora é a vez da Engenharia Brasileira mostrar a solução! Soluções começam a ser apresentadas pois recentemente circulou, pelas principais rodovias federais do Brasil, um caminhão todo equipado eletronicamente, o qual capta na sua trajetória, a deflexão, velocidade e aceleração da excitação dinâmica provocada por um dos seus eixos, calibrado para uma massa de 8,20 t e se movimentando de forma retilínea, numa velocidade média de 80 km/h; tal equipamento é denominado TSD(Traffic Speed Deflectometer),agora podemos pensar em como calcular para dimensionar e detalhar pavimentos rodoviários, dentro do conceito de análise dinâmica, não estática. Acredita-se que o fenômeno físico é dinâmico pois é verdadeira a tese de que quando um veículo está em movimento retilíneo sobre o revestimento de um pavimento rodoviário, a roda, roda! 
 

Artigo feito em colaboração com o Eng. Civ. Norberto Germano Saraiva da Silva

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