SÃO LUÍS - Seis candidatos ao Governo do Maranhão participaram nesta quinta-feira (1) do debate realizado pelo Imirante.com.
Participaram do debate, os candidatos Carlos Brandão (PSB), Weverton Rocha (PDT), Lahesio Bonfim (PSC), Simplício Araújo (Solidariedade), Joás Moraes (DC) e Enilton Rodrigues (PSOL).
A equipe do Checagem Imirante checou as principais declarações dos políticos.
Acompanha abaixo:
Joás Moraes (DC)
“A situação dos nossos equipamentos públicos em segurança é caótica porque nem os concursos que foram feitos, foram cumpridos pelo governo que está aí.”
Não é bem assim
De fato o Governo Flávio Dino (PSB) - que tinha como vice o hoje governador e candidato à reeleição, Carlos Brandão (PSB) -, deixou de cumprir com a convocação, nomeação e efetivação de um número considerável de aprovados no concurso público realizado para a Polícia Militar em 2017 e a totalidade de aprovados no concurso para a Polícia Civil, em 2018.
De um total de 1.800 aprovados no concurso da PM e que foram submetidos ao Curso de Formação da Polícia Militar, por exemplo, cerca de 1.100 ainda aguardam a efetivação na corporação. Já na Polícia Civil o déficit é bem menor. É preciso reconhecer, que no mês de agosto o governador Carlos Brandão anunciou a nomeação de 300 novos PMs; 13 novos delegados; 13 escrivães; 13 investigadores e 7 peritos, diminuindo a dívida da atual gestão para com os aprovados em concursos públicos. A pendência, contudo, ainda é elástica.
Porém, não é possível determinar, como afirmou o candidato Joás Moraes, que os equipamentos de segurança pública estão em situação caótica. São vários os aspectos que podem ser analisados separadamente e de forma isonômica sobre o tema. Não é possível atribuir a toda estrutura da segurança um status negativo com base apenas no quesito: nomeação de concursados.
Carlos Brandão (PSB)
“Talvez você não esteja andando, Simplício, pelo interior. Convido você a fazer uma viagem pelos ferryboats. São ferryboats novos que foram implementados; toda a Baixada está elogiando”
Não é bem assim
É verdade que a gestão do governador Carlos Brandão adquiriu e implantou ao sistema de transporte aquaviário do Maranhão, na travessia São Luís - Cujupe, duas embarcações adicionais. Tratam-se dos ferryboats José Humberto e São Gabriel. Não dá, contudo, para afirmar que os dois ferryboats são novos e têm recebido elogios em toda a Baixada Maranhense. São inúmeras as críticas que ainda existem sobre o serviço prestado e transtornos enfrentados por usuários. Na semana passada, por exemplo, durante uma forte chuva em São Luís, parte do teto do ferry José Humberto cedeu, e provocou pânico nos passageiros. Não houve, contudo, feridos.
Sobre a idade dos “novos” ferryboats: Apesar de ter passado por um processo de restauração e adaptação antes de ser inserido no sistema de transporte aquaviário no Maranhão, o ferryboat José Humberto não é novo. O registro da balsa junto ao Tribunal Marítimo data de 1987. O ferry era utilizado na travessia das águas do Rio Amazonas, antes de chegar ao Maranhão. Já o ferryboat São Gabriel, implantado ao sistema no fim do mês de agosto, começou a ser construído por volta de 2014 pela empresa Henvil e entrou em operação em 2017 no estado do Pará. O São Gabriel é um dos maiores em operação nas regiões Norte e Nordeste.
Weverton Rocha (PDT)
“Eu tenho rodado o Maranhão, toda feira eu pergunto: 'de onde vem esse tomate, essa cebola, essa batata? [a resposta é:] São Paulo, Minas Gerais e Ceará”
Fato
Dados da Cooperativa dos Hortifrutigranjeiros do Maranhão (CEASA) de 2017, mostram que a importação de hortifrut é o principal formato de abastecimento de feiras e mercados da capital nos últimos anos. O levantamento, na ocasião, foi destacado pela Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Pesca (Sagrima) que em publicação institucional, mostrou que 95,83% da produção comercializada no município, é oriunda de outros estados. A publicação aponta também como maiores fornecedores para o Maranhão, os estados da Bahia, Ceará e Pará, respectivamente. Weverton também já havia falado sobre a produção adquirida junto à Bahia e ao Pará, em entrevistas.
O levantamento corresponde ao que indica um estudo elaborado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) que publicou um mapa sobre a exportação de hortifrut no Brasil, com a produção detalhada de cada estado. São Paulo, como citou o candidato, é um dos maiores produtores de tomate no país e com larga escala de exportação para estados da Região Nordeste. Minas Gerais também aparece como um dos maiores produtores de hortaliças e de exportação para as demais regiões do país. Maranhão está aí, incluído.
Em 2019 a greve dos caminhoneiros provocou falta de abastecimento e quebra de estoque no Ceasa, em São Luís. Na ocasião, a administração da entidade afirmou que dezenas de caminhões não conseguiram trazer hortaliças e frutas produzidas em outros estados, o que impactou negativamente no mercado local.
Enilton Rodrigues (PSOL)
"Você imaginar, ainda, que de 88, a data da Constituição Cidadão, apenas em 95 se teve o primeiro território quilombola certificado, isso é mais um escárnio para a sociedade”
Fato
Segundo a Comissão Pró-Índio de São Paulo, em 20 de novembro de 1995, a Terra Quilombola Boa Vista, em Oriximiná, no Pará, se tornou o primeiro quilombo regularizado no país.
Lahesio Bonfim (PSC)
“Temos um estado que vive uma condição lastimável, de pobreza, de miséria, de fome. Quase 60% da nossa população é pobre. O governo fazendo assistencialismo em todos os sentidos. Não tem uma perspectiva. O número de desempregados nesse estado tomou um boom. A média nacional cerca de 9%, a média do nosso estado, quase 19%”
Não é bem assim
O candidato acertou ao citar os dados da pobreza. Segundo o “Mapa da Nova Pobreza”, desenvolvido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), o índice de maranhenses vivendo com menos de R$ 497 mensais em 2021 era de 57,9%.
Mas errou ao falar sobre o desemprego. A Síntese de Indicadores Sociais, do IBGE, aponta que 15,5% da população maranhense acima de 14 anos estava desocupada em 2021.
Simplício Araújo (Solidariedade)
“Dizer que eu quero ser governador porque eu quero reverter um pouco da pobreza e da miséria nos próximos quatro anos aqui no Maranhão. Nós temos 1 milhão e 400 mil pessoas passando fome. Nós temos 1 milhão de pessoas em programas assistenciais”.
Não é bem assim
Segundo o artigo "Fome e modernização no Maranhão: os projetos de desenvolvimento em Itaqui–Bacanga e o comprometimento das práticas alimentares na comunidade de Camboa dos Frades (São Luís) (1970-2021)”, divulgado em revista científica da Agência de Geógrafos Brasileiros, Seção Bauru, em 2018, 695 mil (35,2%) dos lares maranhenses encontravam-se sob risco de fome, e 609 mil (30,9%) em situação de fome.
Segundo a escala de insegurança alimentar da Organização das Nações Unidas (ONU), contudo, fome é definida como “privação alimentar”. "Já insegurança alimentar moderada é quando as pessoas enfrentam incertezas sobre sua capacidade de obter alimentos e foram forçadas a reduzir a qualidade ou quantidade de alimentos. A insegurança alimentar severa é quando as pessoas ficam sem comida por um ou mais dias”, diz a entidade.
Já em relação aos programas assistenciais, o candidato está correto. Levantamento feito pelo G1 com base nos números do Auxílio Brasil fornecidos pelo Ministério da Cidadania e do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontam que 1.107.306 maranhenses têm o benefício como única fonte fixa de renda.
Assista aqui, a íntegra do Debate Imirante realizado na última quinta-feira (1)
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