Crime

Maranhão é o 7º Estado com maior registro de crimes de homofobia no Brasil

Muitas vezes, o preconceito e a violência são iniciados dentro do ambiente familiar.

Imirante.com

Atualizada em 21/04/2022 às 09h25
A travesti Paulinha foi morta a golpes de faca no Centro de Timon, em janeiro deste ano.
A travesti Paulinha foi morta a golpes de faca no Centro de Timon, em janeiro deste ano. (Foto: Arquivo Pessoal)

SÃO LUÍS - Dados do Observatório de Políticas Públicas LGBT, o Maranhão é o sétimo Estado com o maior registro de crimes de homofobia do país. Segundo o levantamento, em 2020 foram registradas 10 mortes de homossexuais no Estado, mas é possível que este número seja maior devido à subnotificações.

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Muitas vezes, o preconceito e a violência são iniciados dentro do ambiente familiar. Em São Luís, uma casa de apoio tem buscado acolher essas pessoas em situação de vulnerabilidade. A presidente do instituto, Raisssa Mendonça, junto com outras pessoas, uniu forças e criou a casa Flore-ser, mas, segundo ela, a demanda é grande, o que requer ajudar.

“A nossa população é a mais excluída, a mais morta em nosso país. Vendo a necessidade de um trabalho que realmente desconstruísse essa cultura nós resolvemos criar a Casa Floreser Maranhão. Nós temos 12 pessoas acolhidas na casa, porém nós temos uma fila de mais de 50 pessoas que nos procuram para serem acolhidos e nós não detemos de estrutura suficiente. A nossa estrutura física é até para 90 pessoas. Hoje nós temos só esse número por falta de parceria”, disse Raissa Mendonça.

De acordo com um relatório mundial, de 325 assassinatos de transgêneros registrados em 71 países nos anos de 2016 e 2017, 171 casos foram registrados no Brasil, o que coloca o país em primeiro lugar no ranking dos que mais matam pessoas trans no mundo.

A vice-presidente do instituto diz que a intolerância começa, em sua maioria, no seio familiar. “A intolerância começa no seio da família simplesmente, puramente porque não conseguem lidar com a diversidade sexual e, principalmente, pessoas trans que o Brasil justamente ocupa esse ranking, onde o maior número de pessoas trans no mundo são assassinadas é o Brasil”, revelou.

Campanha de conscientização

O Tribunal de Justiça do Maranhão lançou a campanha “LGBTFOBIA não é opinião, é crime”. A ideia é conscientizar a população sobre os riscos do preconceito que colocam o estado em 7º lugar no ranking nacional de crimes contra homossexuais.

Segundo o servidor do Tribunal de Justiça, Luciano Vilar, a violência contra a pessoa LGBT era muito difícil de ser quantificada aqui no Maranhão porque até pouco tempo atrás não havia a especificação nos boletins de ocorrência.

“A violência contra a pessoa LGBT era muito difícil de ser quantificada aqui no Maranhão porque até pouco tempo atrás não havia a especificação nos boletins de ocorrência da tipificação de crime, de motivação, de motivação homofóbica, transfóbica, etc. Espera-se que agora seja mais fácil tabular esses tipos de dados para que mais políticas públicas possam ser desenvolvidas para proteger essa população e conscientizá-las cada vez mais dos seus direitos”, finalizou Luciano Vilar.

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