Mobilidade e segurança

“Se for preciso, grite”, diz delegada sobre assédio dentro de ônibus

Buscar o auxílio de outras pessoas é fundamental para a prisão do abusador.

Carla Barros/Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h15
Muitas vítimas não denunciam grande parte desses assédios ocorridos no transporte público.
Muitas vítimas não denunciam grande parte desses assédios ocorridos no transporte público. (Foto: Divulgação)

SÃO LUÍS - Desde o dia 24 de setembro deste ano, quem for pego assediando sexualmente outra pessoa em locais públicos vai responder pelo crime de importunação sexual. A pena varia de um, até cinco anos de prisão. Até então, situações de assédio eram considerados uma contravenção penal, e o agressor apenas estava sujeito a pagar uma multa.

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A mudança na lei é um avanço nas medidas de proteção à mulher, mas parece que a penalidade não assusta alguns homens. Somente no período após a lei ser sancionada, três casos de assédio em coletivos ganharam grande repercussão em São Luís. No primeiro caso, um homem foi preso no Terminal de Integração do São Cristóvão, suspeito de assediar uma adolescente de 14 anos; em uma outra ocorrência, no Terminal de Integração da Cohab, um homem suspeito de assediar uma mulher, sofreu uma tentativa de linchamento. No início desse mês, um outro homem foi preso depois de mostrar o órgão genital para uma passageira dentro de um coletivo que faz a linha Centro/Socorrão II. Com ele a polícia encontrou uma faca.

Nos três casos, a vítima buscou auxílio de outras pessoas, atitude fundamental para a prisão do agressor. A delegada Wanda Moura, titular da Delegacia Especial da Mulher, destaca que em locais com grande quantidade de pessoas como shows, praias ou ônibus, e a mulher perceber que está sendo abusada deve imediatamente procurar ajuda. “Se for preciso, grite. O que se percebe é que quando a mulher chama atenção, as pessoas ajudam de fato, e através disso conseguimos fazer a prisão em flagrante desses abusadores e apresentá-los no Plantão da Mulher”, afirma a delegada.

O que ocorre frequentemente é que muitas vítimas não denunciam grande parte desses assédios ocorridos no transporte público por considerá-los rotineiros. É o caso da estudante Grace Gomes, que já passou por situações constrangedoras. “Uma vez eu estava sentada e um cara do meu lado começou a ficar olhando para minhas pernas de um jeito muito incômodo. Fiquei o caminho inteiro nervosa, com medo de ele fazer algo pior”, relata a estudante.

A também estudante Deny Aires, já passou mais de uma vez por situações de assédio. Na maioria dos casos quando o abusador se aproveita da lotação do ônibus para
“encoxar” a vítima. “Teve uma vez em que eu estava sentada do lado do corredor e um homem ficou em pé muito em cima, encostando o órgão genital em mim”, conta. Depois de passar por esse tipo de assédio, a estudante tenta evitar a aproximação indesejada com algumas medidas. “Eu tento me sair, fico meio de lado, coloco a bolsa
para impedir o contato”, declara a estudante.

Diante disso, a principal orientação dada pela delegada Wanda Moura é denunciar, “A polícia quando acionada realiza a prisão e a condução até a delegacia e esse abusador responde por importunação sexual; é um crime inafiançável, ele será encaminhado para Pedrinhas, onde responde pela prática do crime preso”, afirma a delegada. Desde o ano passado, a Delegacia Especial da Mulher, localizada na avenida Professor Carlos Cunha, no Jaracaty, funciona 24h por dia. O local recebe denúncias e investiga crimes cometidos contra a mulher.

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