Itaqui-Bacanga

Moradores do Itaqui-Bacanga sofrem com precariedade de transporte

Região é servida por 89 coletivos, o que representa um ônibus para cada 662 usuários.

O Estado

Atualizada em 27/03/2022 às 11h59

SÃO LUÍS - Esperar por mais de uma hora em paradas de ônibus tornou-se uma realidade para muitos usuários de transporte coletivo que moram nos bairros da área Itaqui-Bacanga, em São Luís. Com uma população de 180 mil habitantes morando em quase 60 bairros e comunidades, segundo o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área é uma das mais carentes da Ilha em serviço de transporte público. Na manhã de ontem (18), O Estado constatou in loco a precariedade do transporte público, que provoca muitas reclamações e é o principal fator da intensificação do serviço de táxis-lotação na área.

Conforme a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), estão disponíveis 89 ônibus para atender, diariamente, 59 mil passageiros na região Itaqui-Bacanga, ou seja, um coletivo para cada 662 usuários, o que é insuficiente para a população dessa área.

A maioria desses ônibus pertence à empresa Taguatur, que há vários anos explora o serviço de transporte coletivo na região. Recentemente, as empresas Primor e Maranhense, também, disponibilizaram ônibus para atender a população. No entanto, os moradores reclamam que o aumento da frota de coletivos não foi suficiente para atender a demanda.

Transtornos

Os transtornos aos moradores da região começam a ser registrados de manhã, quando têm de estar nas paradas de ônibus muito cedo para conseguir embarcar em um ônibus. A maioria dos coletivos já sai lotado do ponto final e não para nas próximas paradas até deixar a região.

A empregada doméstica Ana Maria Mendes é moradora da Vila Mauro Fecury I e disse que de segunda à sexta-feira tem de acordar às 5h para estar na parada de ônibus às 6h, n o intuito de chegar ao seu trabalho, no bairro Olho d'Água, às 8h. Porém, ela afirmou que constantemente chega atrasada ao seu serviço, pois os ônibus, quando passam nas paradas, estão lotados.

"Todo dia é esse sofrimento. Nós esperamos horas nas paradas e quando os ônibus passam estão lotados. Já houve vezes em que passaram dois ônibus e eu não pude pegar, porque todos estavam cheios. E isso já acontece há vários anos", frisou.

Por uma situação, ainda, mais crítica passa a dona de casa Maria José Pereira. Moradora do bairro Cajueiro, localizado próximo à Vila Maranhão, às margens da BR-135. Ela disse que é disponibilizado apenas um ônibus para fazer o trajeto do bairro até o centro da cidade, percurso que demora aproximadamente duas horas. "O único ônibus que tem passa a cada duas horas. É um transtorno para as pessoas que dependem dele", disse.

Alternativa

A deficiência no sistema de transporte público disponibilizado para os bairros da área Itaqui-Bacanga é um dos motivos que levaram a propagação dos táxis-lotação, os populares carrinhos, na área. Além disso, a ineficiência do poder público municipal em fiscalizar para coibir essa prática, também contribuiu para que a exploração desse tipo de serviço fosse feita de forma desordenada.

A Cooperativa de Táxi e Transporte da Área Itaqui-Bacanga (Coopettaib) explora esse serviço na região. Cobrando R$ 2,00, os carros da cooperativa fazem linha para os bairros do Anjo da Guarda, vilas Mauro Fecury I e II, Vila Nova, Vila Embratel, Fumacê, Gancharia, Alto da Esperança e região adjacentes.

No entanto, no dia 10 deste mês, a liminar que autorizava a Coopettaib a continuar com o serviço foi cassada pela Justiça. Por causa disso, no dia 16, os motoristas de táxi-lotação da entidade interditaram a Avenida dos Portugueses em protesto contra a decisão.

Após a manifestação, os motoristas de táxis-lotação continuaram exercendo suas atividades, mesmo na ilegalidade. Contudo, os veículos que fazem esse tipo de serviço são bem-vindos pela população da área, que enxergam neles mais uma opção de transporte.

"A situação do transporte coletivo daqui é precária. As pessoas passam muito tempo esperando os ônibus nas paradas. O que deveria ser feito é aumentar a frota e deixar os carrinhos", disse o vendedor Antônio Cordeiro, morador do bairro Anjo da Guarda.

Nos horários de pico, como no início da manhã e no fim da tarde, os táxis-lotação são ainda mais utilizados. "Tem muita gente e os ônibus são poucos. Por isso, não está mais atendendo à demanda, principalmente nos horários de pico", complementou a teleatendente Claudileia Castro, moradora do bairro Vila Embratel.

Em nota, a Prefeitura de São Luís informou que todas as reclamações dos passageiros relacionados ao transporte público oferecido disponibilizado para a área Itaqui-Bacanga estão sendo apuradas para que sejam tomadas as medidas cabíveis. Informou também que, com relação ao táxi-lotação, foi constituído um grupo de trabalho para estudar o problema.

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