SÃO LUÍS - Há dez anos as 21 famílias das vítimas da explosão da plataforma do Centro de Lançamentos de Alcântara têm uma mesma rotina. Uma cerimônia em memória dos engenheiros, técnicos e cinegrafistas reúne os familiares no Memorial Aeroespacial Brasileiro, em São José dos Campos, interior de São Paulo. Durante a cerimônia, parentes e amigos queimam 21 rojões em homenagem às vítimas.
Sempre às 13h26, horário exato da explosão, familiares e amigos das vítimas se encontram num monumento construído às margens de um lago localizado dentro do Departamento de Ciência e Tecnologia Aerospacial.
Depois de uma década, a homenagem foi uma lembrança de quando a tragédia completou um ano. Os discursos de 2004 foram relembrados e a emoção deu a tônica da celebração. Um dos momentos mais emocionantes foi quando Doris Cezarini, viúva de Antônio Sérgio Cezarini destacou que, tanto tempo depois, “dor, angústia e tristeza deram espaço a coragem, força e fé”.
Adriana Helena Gonçalves da Silva é viúva do cinegrafista José Eduardo de Almeida e lembra que dias antes da explosão que vitimou seu marido, a esperança em ver o lançamento do foguete era maior que qualquer outro sentimento. Numa das conversas, mais precisamente um dia antes, relembra Adriana, Eduardo chegou a comentar que “depois de ver tanta gambiarra e tantas outras falhas era capaz de dar certo dessa vez”, revelou.
A viúva do técnico José Eduardo Pereira, Maria Lucimar Pereira, confessou que mesmo depois do ocorrido continua esperançosa com o programa aeroespacial brasileiro e espera que o lançamento do próximo ano seja feito com sucesso e sem nenhum risco às equipes que trabalham no projeto atualmente. “A segurança aumentou em tantos outros sistemas que não imaginamos que possa ocorrer outra explosão como a que matou nossos familiares. O meu desejo e da maioria de todos aqui é de que o lançamento seja feito e os heróis sejam lembrados como parte desse sucesso”, ressaltou.
Além do desejo de ver o lançamento ser realizado com sucesso, há uma outra expectativa para a viúva e sua filha, Naiara de Oliveira: a de conhecer o Maranhão. Naiara tinha apenas 8 anos quando seu pai morreu e desde 2003 as duas demonstram o desejo de conhecer o estado onde Eduardo foi morto. “A gente vê na TV que é um estado que tem muitas belezas e além disso tudo é o último lugar onde ele esteve. Ainda não sabemos quando, mas nós duas temos o desejo de conhecer o Maranhão”, disse.
Marina Cordeiro era casada com o técnico José Aparecido Pinheiro, com quem teve três filhos. Ela casou novamente, mas lamenta que, além de tirar o pai de seus filhos, o acidente em Alcântara matou um homem cheio de sonhos. “Ele tinha só 39 anos e já era funcionário do CTA (como era chamado o Centro Tecnológico antes de se tornar Departamento) há 10 anos. Tinha uma vida toda para ficar com os filhos, mas isso não vai ser mais possível”.
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