10 anos da explosão do CLA

Repórter recorda acidente no CLA

Foi o momento que eu percebi que eu era repórter, afirma Sidney Pereira.

Heider Matos/Imirante

Atualizada em 27/03/2022 às 12h04

MARANHÃO - A tragédia na base de Alcântara em 2003, no Maranhão, deixou marcas inesquecíveis, que, ainda hoje são lembradas. No dia 22 de agosto de 2003, o Veículo Lançador de Satélites (VLS) principal projeto do programa espacial brasileiro, pegou fogo quando ainda estava na plataforma de lançamento. As 21 pessoas que trabalhavam no projeto, morreram no acidente.

 Sidney Pereira. Foto: Miguel Nery.
Sidney Pereira. Foto: Miguel Nery.

A equipe do repórter Sidney Pereira da TV Mirante, presenciou de perto um momento histórico. Sidney, contou em entrevista ao Imirante.com, como foi à experiência de narrar esse acontecimento. “Fiquei sabendo do acidente sete horas da noite, quando estava em Vargem Grande – MA, o acidente havia acontecido às 13h30. Imediatamente, pedi autorização ao diretor de Jornalismo da TV Mirante na época, para fazer imagens do centro. Infelizmente não consegui. Só que eu vi que as imagens na TV e não mostravam nada. Saímos à noite em direção a Alcântara, por volta de sete e meia da noite e chegamos uma da manhã. A cidade estava completamente fechada e não deixaram a nossa equipe entrar. Foi quando preparamos a primeira matéria para o Jornal Hoje. Eu sabia que por volta de uma hora da tarde um representante do governo federal iria para a base, daí planejamos entrar pela retaguarda, foi quando novamente pedi autorização ao diretor de jornalismo, e, conseguimos a autorização”.

Trajeto até o local do acidente. Foto: Miguel Nery.
Trajeto até o local do acidente. Foto: Miguel Nery.

O jornalista relatou como foi à caminhada até o local, em que foi feito a reportagem. “A caminhada foi longa e eu havia levado um tiro durante uma reportagem, o que tornou mais difícil o trajeto. Quando chegamos fiquei muito impressionado com o que eu vi. Vimos uma montanha de ferro retorcido”.

Montanha de ferro retorcido. Foto: Miguel Nery.
Montanha de ferro retorcido. Foto: Miguel Nery.

Sobre os riscos, o repórter descreveu com detalhes o momento da gravação da reportagem. “Nós sabíamos que tínhamos pouco tempo para gravar. Um helicóptero voava muito baixo e naquele instante, havia uma suspeita de sabotagem. A hora de entrar e como fazer foi o momento que mais me marcou. Quando cheguei ao Alto da falésia, perguntei o que havia acontecido. A resposta do cinegrafista Miguel Nery, foi enfática, ele disse: - “Se você não for lá, você jamais saberá o que aconteceu”. Foi um trabalho em equipe, um furo internacional de reportagem, foi o momento que eu percebi que eu era repórter”.

Helicópteros sobrevoam o local do acidente. Foto: Miguel Nery.
Helicópteros sobrevoam o local do acidente. Foto: Miguel Nery.

Após o termino da gravação, a equipe de reportagem, passou por momentos de tensão, relata Sidney. “Uma das primeiras estratégias após o termino da gravação foi a de nos separar, mas desistimos. Encontrei um jeito de colocar nossos equipamentos dentro de um cofo, foi à forma de driblar os militares. Quando voltamos, encontramos com militares e em uma tentativa de disfarçar, perguntei ao soldado: - Nós conseguimos chegar perto? Ele respondeu: - Vocês conseguiram chegar perto de nada e longe de tudo”.

Por fim, o jornalista disse o que mais o motivou, a fazer aquela reportagem. Eu tinha noção do acontecido, mas, não suportava a ideia de não saber o que estava se passando. Nada era real, ninguém sabia o que estava acontecendo. O jornalista não pode deixar que nenhuma história seja mal contada.

Sidney Pereira recebeu pela reportagem, a comenda Santos Dumont concedida pelos serviços prestados ao serviço espacial brasileiro. A Comenda é a mais alta concedida pelo ministério a aeronáutica.

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