10 anos da explosão do CLA

Torre Móvel de Integração recebeu consultoria russa

Torre Móvel de Integração recebeu consultoria russa

Bruna Castelo Branco / O Estado

Atualizada em 27/03/2022 às 12h04

SÃO LUÍS - A plataforma de lançamento, cujas obras estruturais começaram em 2009 e foram concluídas em 2011, foi equipada com novos itens de segurança e uma torre de apoio com três alternativas para a saída da plataforma em caso de alguma situação emergencial, como um incêndio. Na torre de apoio há três opções para rota de fuga: a primeira é uma escada; a segunda opção é um poste, como os utilizados pelo Corpo de Bombeiros; e a terceira é um tubo de tecido em que a pessoa se joga em pé e vai escorregando até a saída da torre.

Em relação a cuidados com incêndios, a nova TMI possui sistemas de detecção de alarme e de combate a incêndio, sistema de pressurização e de proteção contra descargas atmosféricas entre outros itens de segurança.

De acordo com o presidente da AEB não dá para comparar a estrutura da TMI que existia há 10 anos com a atual, não só pelos itens de segurança, mas também pela evolução da tecnologia aeroespacial em uma década. “A plataforma de 2003 não tinha essas rotas de fuga, mas temos que considerar a realidade da época. É como uma casa que foi construída há 30 anos. É necessário fazer ajustes, mudar a parte elétrica e uma série de outros cuidados. Assim é com o programa espacial brasileiro”, compara.

Orçada em R$ 44 milhões, a Torre Móvel de Integração é considerada uma das modernas plataformas de lançamento de foguetes de grande porte do mundo. Todos os sistemas desenvolvidos tiveram consultoria de técnicos russos e foram desenvolvidos com base nos avanços tecnológicos das atividades aeroespaciais. Além de dispor de uma plataforma de lançamento avançada, o CLA tem a melhor localização do mundo para operações aeroespaciais, permitindo mais precisão em lançamentos e economia de combustível.

A nova plataforma de lançamento do CLA tem 30 metros de altura e dimensões adequadas para lançamentos do Veículo Lançador de Satélites (VLS) e de outros modelos de foguetes de grande porte a partir de parcerias do Brasil com outros países. “A nossa nova Torre atende perfeitamente as necessidades do novo perfil do Programa Espacial Brasileiro que é mais ousado, nossa estrutura não se limita apenas ao lançamento do VLS, podemos fazer outras atividades com outros foguetes, apenas com alguns ajustes”, destacou Coelho.

Em junho deste ano, o Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) enviou para o CLA o mock-up do VLS, um simulador em tamanho real do foguete para que seja iniciada a fase de testes da torre. O veículo montado na torre é uma estrutura real, mas sem combustível ou satélite a bordo.

Avanços

Para o vice-reitor da Universidade Federal do Maranhão, doutor em Física Atômica e Molecular e professor do Departamento de Física da instituição, Antônio José Silva Oliveira embora o Brasil hoje tenha uma plataforma de lançamento moderno, o desenvolvimento do VLS continua o mesmo que há uma década.

“Hoje nós podemos dizer que o CLA tem uma moderna plataforma de lançamento com capacidade de lançar foguetes tipo Veículo Lançador de múltiplos estágios e no momento está em fase de teste com um modelo inerte, ou seja, uma estrutura real do veículo sem combustível para ensaios e simulações para verificação da integração física, elétrica e lógica da plataforma e dos meios de solo do CLA associados à preparação do voo do VLS. Esta mesma plataforma é ajustável para comportar outros tipos de Veículos Lançadores de mesmo porte. No entanto, o desenvolvimento de Veículos Lançadores praticamente está no mesmo patamar, ou seja, hoje estamos no estágio de 10 anos atrás”, ressaltou.

Segundo Oliveira, o que tem chamado atenção nessa nova fase do programa científico do Brasil, além dos itens de segurança da nova plataforma de lançamento do CLA, é o incentivo para a qualificação profissional. “A questão da qualificação é bastante complexa em qualquer área de conhecimento, mais ainda na da ciência e tecnologia, pelo alto investimento em educação desde o ensino fundamental até o superior. O governo tem sinalizado positivamente com a criação de Institutos Federais de Ciência e Tecnologia, na formação de técnicos e, recentemente, com o programa Ciência sem Fronteiras para atender a qualificação em nível de pós-graduação em outros países. Espera-se, então, que, à medida que haja necessidade, profissionais qualificados sejam integrados para suprirem a demanda técnica de um programa espacial”, opinou.

O especialista também ressaltou a importância de que a parceria com outros países é fundamental para o intercâmbio de experiências e estudos científicos. “Toda cooperação técnica e científica é bem vinda, desde que ela tenha em conjunto os benefícios para ambos. O Brasil, quando necessita colocar um satélite em orbita geoestacionário, contrata outros centros de lançamento que utilizam foguetes desenvolvidos em outros países. A cooperação é justamente para que haja transferência de tecnologia e que o país no futuro seja totalmente independente na área espacial”, defendeu.

O presidente da AEB compartilha da mesma opinião e destaca a intenção do Brasil de fazer acordos com outros países. Para José Raimundo Coelho, não é interessante para o Brasil realizar apenas parcerias comerciais com outros países, sem que esse contrato não agregue itens de conhecimento. Ele citou como exemplo a empresa binacional Alcântara Cyclone Space (ACS) criada por um acordo entre o Brasil e a Ucrânia, que prevê a instalação da empresa (já em fase de obras estruturais) no CLA e o lançamento do foguete de tecnologia ucraniana Cyclone- 4. “Claro que nós iremos tirar proveito do nosso relacionamento com os ucranianos para outros tipos de ações, a troca de conhecimento é uma delas”, destacou.

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