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Expo Indústria Maranhão: cachaçarias maranhenses ganham espaço no exterior

Durante os últimos dias, o público da maior feira multissetorial pode saborear o gostinho da caninha produzida nas terras do Maranhão. A ação acontece até este domingo (29) no Multicenter Negócios e Eventos

Imprensa FIEMA / Publipost

Atualizada em 30/05/2022 às 08h45
O mestre cachaceiro conta que Reserva de Zito guarda o espírito de sua família em forma etílica.
O mestre cachaceiro conta que Reserva de Zito guarda o espírito de sua família em forma etílica. (Foto: Divulgação.)

SÃO LUÍS Cachaça da boa? O maranhense gosta. Uma grande amostra do potencial da indústria da cachaça do estado pode ser conferida na Expo Indústria Maranhão. A feira, realizada pelo Sistema FIEMA (FIEMA, SESI, SENAI e IEL) e a CNI, acontece até este domingo (29) no Multicenter Negócios e Eventos (Cohafuma). Com o tema Indústria Sustentável, a ação reúne cerca de 200 estandes com as maiores iniciativas industriais e empresariais do estado. E um dos produtos que tem chamado a atenção do público tem um sabor delicioso – a boa e velha cachaça, que nesta edição ganhou um estande de destaque entre os expositores.  

 Não basta olhar, tem de dar uma bebericada. Um dos visitantes que provou da caninha maranhense foi o estudante universitário Matheus Araújo – bebeu e gostou, foi o que disse. “Olha, aqui consegui provar a variedade toda oferecida e gostei de todas. Com certeza agora não consigo avaliar mais nenhuma, porque a língua já está dormente”, brinca. Quando fala em variedade, Matheus se refere a algumas das marcas que estão apresentando sua produção ao público – entre elas estão a Capotira, a Santo Ambrósio, a Reserva do Zito, Mulundus e outras. O estande é organizado pelo SindBebidas, presidido pelo industriário Jorge Fortes. “A Expo é uma grande oportunidade para fortalecer o mercado, mas sobretudo para divulgar nosso produto para o mundo. Participei com minha cachaça – a Capotira – do Encontro Internacional de Negócios, produzido pelo Centro Internacional de Negócios (CIN), da FIEMA. Espero fornecer para outros países em breve”, almeja.  

Uma das cachaças lançadas durante a Expo Indústria Maranhão foi a blend Mulundus, produzida em Vargem Grande. O projeto foi idealizado pelo empresário Guilherme Pinto, e tem parceria com a cachaça Baronesa também presente na feira. A inspiração veio do padroeiro da cidade, São Raimundo dos Mulundus, santo vaqueiro e milagreiro. De acordo com o dono da Mulundus, a qualidade do produto vem do processo de fabricação. “Todo nosso processo que vai da extração à fermentação, passa por temperatura controlada e envelhecimento em barris de grápia e carvalho. Ela é blend porque envelhece por três anos. Isso é fundamental para garantir um sabor adocicado e um produto de qualidade. Preparamos uma cachaça para competir no mercado internacional”, explica o produtor, que apostou na feira para divulgar sua bebida.  

CACHAÇA MÍSTICA – Com diferentes sabores em sua carta, a Reserva do Zito, produzida em Passagem Franca, tem por trás de si uma história de três gerações. Em 1945, José Rufino da Silva, Seu Zito, iniciou a produção de uma cachaça artesanal que carrega a mística do homem do interior. “Meu pai é um homem que sabe muito mais coisas da vida do que eu. Sabe ler a natureza e o tempo – ele tem aquela cultura que perdemos no último século”, relata Geraldo Zito, de 75 anos, filho do primeiro produtor da família. Farmacêutico de formação, Seu Geraldo não ganha a vida com a cachaça, mas defende que ela é o seu modo de viver.  

A profissionalização do produto começou quando Geraldo Zito resolveu assumir as atividades do pai e substituí-lo na produção da bebida. “Resolvi investir na cachaça para preservar a história de minha família. Por isso, formalizei o nosso engenho, reestruturei o processo de fabricação. Eu já sabia que a cachaça era boa, mas quando ganhamos uma medalha de ouro, aquilo nos encheu de alegria e nos levou a esse processo de profissionalização”, explicou o cachaceiro. “Foi assim que resolvemos melhorar o processo e qualificar nosso produto”, conta. 

A medalha a que Geraldo Zito se refere foi conquistada em 2019 em um festival de bebidas em Bruxelas, na Suíça. De lá para cá, o processo de produção da Reserva do Zito apenas se aperfeiçoou, segundo ele. “Trabalhamos com uma levedura nossa, de nosso quintal – totalmente aclimatada, algo que dá forma ao nosso sabor, que reflete nossa ligação com a terra. Nosso engenho tem uma longa história – e nosso processo de produção integra tradição e modernidade. Meu pai é daquele homem que entende tudo na natureza, sabe a hora de colher e a hora de cultivar, ao passo que eu já conheci o mundo por meio da ciência. Unimos assim esses dois saberes”, relata.

A ternura de Geraldo Zito que quando se refere ao pai tem o gosto doce de sua cachaça especial, envelhecida no barril de ipê amarelo tostado. “Meu pai ainda é vivo – tem 94 anos. Luta para que preservemos todo o processo familiar. Ele é um bruxo, que conversa com a estrelas. Tem uma mente clara e límpida, fala com todos e é cheio de vivacidade. Bebe todo dia – uma dose de manhã para limpar as ideias e uma de noite para descansar e dormir”, descreve com um certo orgulho. 

O mestre cachaceiro conta que Reserva de Zito não é um destilado qualquer, ela guarda o espírito de sua família em forma etílica, espírito tomado por afetividade e amor. “Nossa cachaça é para qualquer paladar, mas não serve para o cachaceiro que se embriaga sem sentido. A mística de nossa caninha está até na embalagem, que representa três eixos fundamentais da vida — a matéria, o espírito e o sentimento. É uma cachaça generosa, que permanece muito tempo na boca e espirituosa porque conduz o espírito para experiências na alma. A primeira dose serve para diluir os pensamentos violentos, a segunda reduz a inquietude do corpo físico e a terceira dose desperta em nós alegria e prazer. A quarta dose é afrodisíaca. Só vou lhe dar três; se tomar quarta, avise a esposa”, diz piscando o olho. 

A próxima geração a cuidar da Reserva de Zito é representada pela filha de Geraldo – ela o auxilia ao longo de todo o processo de produção. “O curioso é que minha filha, Hellen Mendonça, é advogada. É ela cuida também da rede social. Meu outro filho é bioquímico e cuida do site. Na verdade, já são quatro gerações de cachaceiros. Tenho uma neta que já está trabalhando e sabe tudo de cachaça. A tradição por hora está em boas mãos”, acredita. A preocupação do mestre cachaceiro não é gratuita. Ele contou toda sua história com sua voz baixa e rouca, cuja força foi tomada por quatro cânceres na garganta. “A vida é uma luta, já passei por quatro cirurgias, porém não me desanimo – todo dia tomo uma dose”, sorri.  

GIN MARANHENSE – Não só por cachaça saliva a boca do visitante, mas também por bebidas estrangeiras, como o gin. Na Expo Indústria Maranhão, o público pode conhecer ainda o gin Luar, o primeiro produzido em terras maranhenses. O destilado foi criado na Inglaterra – a versão maranhense foi apresentada em dois formatos, e tem um sabor marcado pela acidez das frutas nas quais é maturado.  

MAIS - A Expo Indústria Maranhão 2022 é uma realização do Sistema FIEMA, formado pela Federação das Indústrias do Estado do Maranhão (FIEMA), Serviço Social da Indústria (SESI), Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e Instituto Euvaldo Lodi (IEL) e Confederação Nacional da Indústria (CNI). A feira conta com o patrocínio da Aço Verde do Brasil (AVB), Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Agência Espacial Brasileira (AEB), Alumar, Banco da Amazônia, Banco do Brasil, Banco do Nordeste, Empresa Maranhense de Administração Portuária (EMAP), ENEVA, Prefeitura de São Luís, Programa de Desenvolvimento de Fornecedores (PDF), Suzano, VALE e VLI. 

 

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