Análise

Crítica: Kaiser Chiefs permanece vital e estrondoso em quinto disco

Disco "Education, Education, Education & War" reafirma a euforia musical já característica do grupo.

Neto Cordeiro/ Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h53

SÃO LUÍS - "Education, Education, Education & War" foi lançado feito uma bomba sobre um bioma arredando toda a fauna que ali se abrigava. Assim, em ponto de bala, o quinto álbum do Kaiser Chiefs dispôs-se à guerra mercadológica e travou uma batalha pelo desassossego nas prateleiras.

A banda inglesa é dessas que sempre faz os fãs reviverem os sentimentos mais rebeldes, aquela euforia da adolescência. Foi assim no disco de estreia, "Employment" (2005), também em 2007, com "Yours Truly, Angry Mob"; pouco fizeram de diferente em "Off With Their Heads" (2008), e, somente em 2011, ao lançarem "The Future Is Medieval", beiraram certa flexibilidade.

Realmente, é o ardor juvenil e a força do som que garantem a durabilidade do quinteto, balançada após a substituição do baterista, em 2012. A fórmula das composições não traz surpresa. Em tom crescente, bem calculadas e com refrões, na maioria das vezes satisfatórios, as canções chegam frívolas e saem da mesma forma, sem acrescentar nada.

Mas é uma obra coerente, que fala, inteiramente, de trabalho e de guerra. As faixas são bem amarradas, cada uma com um belo laço. Isto eles fazem muito bem. Constroem músicas para agradar, com passagens marcantes, para não dizer grudentas. Definitivamente, os Chiefs não se preocupam em produzir sonoridades ímpares, querem apenas agradar a maioria e fazer shows vulcânicos.

Em entrevista recente, o vocalista Ricky Wilson declarou que aceitou ser jurado de um famoso programa de competição musical com única finalidade: vender discos. E não há pecado nenhum nisso. Quem deseja sons complexos, terá de abandonar o Kaiser.

Ao vivo

As dez faixas parecem ter sido feitas pensando nas execuções ao vivo, em grandes arenas, com direito a coros, pulos e air guitar. "The Factory Gates" abre o disco com suspense e tensão, lembrando jogos eletrônicos, e não dispensa pulos e bate-cabeça, típico do rock. Sintetizada, ainda, ganha, uma passagem retrô antes de se encerrar.

A número dois busca a paz. Desértica, "Coming Home" distingue-se pelo lamento solitário de sua melodia. Leve, alcançou o topo tornando-se a primeira música de trabalho deste álbum. Seu diferencial está na voz de Ricky, inicialmente serena, além dos límpidos riffs de guitarra, que acalmam os ânimos.

O tormento ressurge com "Misery Company", que carrega uma risada perturbadora em seu refrão, e para além dos três minutos, rasgos de guitarra desabam levando à histeria. Se combinada com "Ruffians On Parade" e "One More Last Song", as apresentações atingirão o ponto de ebulição rapidamente. As duas faixas, com refrões apelativos, levam a prever o uníssono no trecho "Ruffians are on parade uô, uô" e outro, ainda mais forte, talvez, em "More, gimme more, I want more ay, ay, ay". Isso não lembra o clássico coro em "Ruby" (2007)?

O quinteto causa mais devastação com "My Life", que parece ter sido tomada do Foo Fighters. E um final simbólico é construído com a delicadeza de "Roses", que tem potencial para hino. O resultado é a notável vitalidade do disco, apesar da facilidade com que pode ser digerido. O Kaiser Chiefs continua um estouro, sempre será uma figura imprescindível nos grandes festivais e nunca nos dará paz.

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