Maranhão registra primeiro caso de cepa indiana no Brasil: seis tripulantes de navio deram positivo para nova variante da Covid-19
A informação foi confirmada, na manhã desta quinta-feira (20), pelo secretário de Estado da Saúde do Maranhão (SES), Carlos Lula. Segundo o secretário, dos 15 tripulantes infectados com a Covid, seis deram positivo para a nova cepa indiana.
SÃO LUÍS – O resultado do sequenciamento genômico das amostras dos tripulantes do navio “MV Shandong Da Zhi”, que foram infectados pela covid-19, deu positivo para a variante B.1.617.2, conhecida como a variante indiana.
Esse é a primeira confirmação de caso da cepa indiana no Brasil. A informação foi confirmada, na manhã desta quinta-feira (20), pelo secretário de Estado da Saúde do Maranhão (SES), Carlos Lula, em entrevista coletiva.
“Os estudos apontam que quando a cepa chega no local, ela faz uma elevação no número de casos. O comportamento dela é parecido com o comportamento da P1 e também ela se torna prevalente. Ela aparenta ser mais transmissível e isso é o que nos preocupa. Ela já está presente em 51 países, segundo o último levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS). Aqui na América do Sul só estava presente ainda na Argentina, e o Brasil acaba sendo o segundo país da América do Sul com confirmação da cepa”, explicou Carlos Lula, que também é presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).
Segundo o secretário, dos 15 tripulantes do navio infectados com a Covid, seis deram positivo para a nova cepa. Na coletiva, a SES destacou que as vacinas já aplicadas no Brasil, contra a covid, são eficazes contra a nova cepa.
De acordo com a SES, dos 15 tripulantes do navio que testaram positivo para a covid, 14 estão em isolamento no navio e um segue internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em um hospital da rede particular de São Luís.
Segundo a Secretaria, esse tripulante, que se trata de um indiano, de 54 anos, foi o primeiro da embarcação a ser diagnosticado com o vírus. Ele mantém quadro estável e apresenta melhora clínica, segundo boletim médico.
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Os 14 infectados e os 9 que não apresentam quadro da doença, seguem isolados em quarentena. A tripulação está toda isolada, e o navio não tem permissão para atracar no Maranhão. A embarcação permanece em alto mar, na área de fundeio.
De acordo com a SES, 100 pessoas que tiveram contato com os tripulantes infectados, que foram hospitalizados, devem ser testadas, acompanhadas e isoladas.
“É uma derivação da primeira variante indiana, mas a confirmação é a cepa originária da Índia, que causa preocupação nos países. A gente tomou todo cuidado para não haver transmissão local. A tripulação permanece isolada, ela permanece no navio. O navio não vai atracar, a gente não tem autorização do navio para atracar no nosso território. A gente tem ainda um tripulante, que está em isolamento no hospital privado aqui da capital. A gente vai tomar também todos os cuidados de precaução em relação a quem teve contato com ele. A gente vai testar todas as equipes do hospital privado, para que não haja essa transmissão a nível local”, explicou Carlos Lula.
Entenda o caso
A SES informou, na noite do último sábado (15), que um homem de nacionalidade indiana, de 54 anos, foi internado em um hospital da rede privada em São Luís com sintomas do novo coronavírus (Covid-19). O homem é um dos 24 tripulantes do navio “MV Shandong Da Zhi”, que embarcaram na África do Sul, na Cidade de Cabo. A embarcação foi fretada pela Vale para transportar minério de ferro. Com o registro de casos de Covid, a embarcação permanece em alto mar, na área de fundeio, e não atracou no Porto do Itaqui, em São Luís.
O tripulante indiano começou a sentir os sintomas da doença em 4 de maio, teve febre e foi encaminhado em um helicóptero para o hospital, por determinação da equipe médica.
Por causa da nacionalidade do primeiro teste positivo, a SES está monitorando a possibilidade de uma nova variante do coronavírus entre os infectados. A Índia é a líder mundial em número diário médio de novas mortes por coronavírus e, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a variante do novo coronavírus identificada no país está sendo classificada como digna de preocupação global, pois ela se dissemina mais facilmente.
Variante Indiana*
Casos da variante indiana já foram identificados em 51 países, e, na América do Sul, apenas a Argentina já tinha identificado a nova capa. E, agora, no Brasil, com o caso dos tripulantes do navio “MV Shandong Da Zhi”, isolado no Maranhão, após um passageiro indiano apresentar resultado positivo para a covid-19.
A pandemia de covid-19 na Índia apresenta poucos sinais de abrandamento. Segundo informações divulgadas pela Agência Brasil, na última segunda-feira (17), a Índia registou mais 281.386 casos de covid-19 em 24 horas, ficando abaixo dos 300 mil diários pela primeira vez em 25 dias, mas contabilizou novamente mais de 4 mil mortes em um dia.
Autoridades de saúde internacionais alertaram que a variante do país representa perigo global.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que a variante do novo coronavírus identificada primeiramente no país no ano passado está sendo classificada como digna de preocupação global, e estudos preliminares mostram que ela se dissemina mais facilmente.
"Nós a classificamos como uma variante preocupante em nível global", disse Maria Van Kerkhove, autoridade técnica da OMS em Covid-19, em entrevista coletiva. "Existe alguma informação disponível que indica uma transmissibilidade acentuada."
Nações de todo o mundo enviam cilindros de oxigênio e outros equipamentos médicos para aliviar a crise indiana, mas muitos hospitais do país estão sofrendo com a escassez de equipamentos que salvam vidas.
Onze pessoas morreram na noite dessa segunda-feira (10 de maio) em um hospital governamental de Tirupati, cidade de Andhra Pradesh, um estado do sul, devido ao atraso na chegada de um caminhão-tanque com oxigênio, disse uma autoridade do governo.
"Houve problemas com a pressão do oxigênio devido à baixa disponibilidade. Tudo aconteceu em um intervalo de cinco minutos", informou M Harinarayan, principal autoridade do distrito, na noite de ontem, acrescentando que agora o hospital SVR Ruia tem oxigênio suficiente.
Dezesseis membros de departamentos e vários professores e funcionários aposentados que estavam morando no campus da Universidade Muçulmana Aligarh, uma das mais prestigiadas da Índia, morreram de covid-19, informou a escola.
Dezenas de corpos apareceram às margens do Rio Ganges à medida que os indianos não conseguem lidar com as cremações de quase 4 mil pessoas que morrem a cada dia devido à pandemia de covid-19 no país.
As zonas rurais da Índia não só têm cuidados de saúde mais rudimentares, como também estão ficando sem lenha para as cremações tradicionais hindus.
*As informações são da Agência Brasil.
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