SÃO LUÍS - Nos últimos meses, o feminicídio está deixando a sociedade maranhense apavorada devido ao alto número de casos, o que é motivo de preocupação geral. Sobre esse tema, o repórter Nelson Melo, do Jornal O Estado, palestrará na Universidade Estadual do Maranhão (Uema), Campus Paulo VI, em São Luís, nessa sexta-feira (23), durante o “II Encontro Interdisciplinar Científico Social” (II Enics).

Ao Imirante.com, Nelson – autor de uma pesquisa independente sobre criminalidade no Maranhão – disse que o feminicídio, assim como o crime organizado, é um fenômeno social. Portanto, deve ser analisado por meio de várias vertentes, incluindo a sociológica, psicológica, antropológica, forense e criminal. “O feminicida não é um sujeito isolado. Ele integra um grupo no qual nenhum deles se conhece. Um serve de modelo para outro inconscientemente. Assim, os casos se proliferam e ganham uma dimensão patológica”, observou o jornalista.

Autor de dois livros sobre facções criminosas no Maranhão, Nelson Melo comentou que o feminicida nunca comete os crimes por amor, mas, sim, pela posse. “Esse tipo de criminoso percebe a mulher como um objeto, como alguém que não possui sentimentos e desejos próprios. Tudo nele é exagerado, incluindo o ciúme. O feminicida sabe que poderá ser preso, mas não reconhece essa possibilidade porque seu objetivo de matar a vítima é mais emocionalmente forte do que qualquer outra coisa”, pontuou o repórter.

“Um homem em sã consciência, com suas capacidades mentais íntegras, jamais agredirá uma mulher, pois sabe lidar com a separação ou qualquer outra situação afetiva. Já o feminicida é um sujeito que usa o pretexto da fragilidade emocional para não permitir que as vítimas sejam livres e busquem sua autorrealização profissional, afetiva ou social”, enfatizou Melo. Para Nelson, a maturidade é o que faz a diferença entre pessoas que sabem conduzir saudavelmente um conflito e as que não optam por esse caminho pacífico.

A palestra e o “II Enics”

A palestra do jornalista Nelson Melo terá como tema “O feminicídio como problema social e os cuidados da imprensa nas coberturas dos casos” e será proferida das 8h às 9h no auditório do Curso de Ciências Biológicas (CCB) da Uema. O “II Enics”, que começou nesta quinta-feira (22), tem o objetivo de levar aprendizado para alunos de graduação, pós-graduação e pesquisadores de diferentes áreas. Durante o evento, haverá outras palestras, minicursos, oficinas e apresentações de trabalhos orais.

No site do evento (https://iienics.wixsite.com/2enics) há informações sobre as inscrições para as categorias (estudantes de graduação ou técnica/mestres, doutores, profissionais e pós-graduados).

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