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Aumentam casos de feminicídio seguido de suicídio no Maranhão

Segundo delegada, pode haver uma relação entre a diminuição da impunidade com o aumento do suicídio dos agressores.

Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 11h12
Em Balsas, Marlon Fernandes se matou após assassinar a ex-companheira.
Em Balsas, Marlon Fernandes se matou após assassinar a ex-companheira. (Foto: Reprodução)

SÃO LUÍS – Os números de casos de feminicídio aumentam a cada dia. Neste ano, só no Maranhão, já foram registrados 28 assassinatos de mulheres, sendo que em 2018 foram 45.

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Um fato que tem chamado a atenção, nos últimos tempos, sobre esse tipo de crime, é que tem aumentado o número de feminicídio seguido pelo suicídio do autor do crime. Em 2018, 6 homens se mataram, após praticarem os crimes. E, só nos sete primeiros meses deste ano, já houve também seis casos semelhantes.

Segundo a delegada Viviane Fontenelle, chefe do Departamento de Feminicídio de São Luís, da Superintendência de Homicídio e Proteção à Pessoa (SHPP), pode haver uma relação entre a diminuição da impunidade com o aumento dos suicídios dos agressores.

“A gente percebe que esse fenômeno tem que ser estudado. No entanto, a primeira vista, em uma visão inicial e leiga, a gente percebe que as elucidações têm aumentado e a impunidade está diminuindo. Consequentemente, esses autores já devem ter em si que vão ter que ser responsabilizados. Então, pode ser que esses feminicídios sejam para fugir de uma prisão. Não estou afirmando que é exatamente isso, até porque é um fenômeno que deve ser analisado, mas essa é uma observação leiga que a gente faz”, avalia Viviane Fontenelle.

Sobre as motivações, a delegada afirma que a maioria dos casos são motivados pelo término do relacionamento, seguido do ciúme. Isso, segundo Viviane, demonstra o sentimento de posse que muitos homens têm em relação à mulher.

“Aquela questão de ele se achar superior, de ele objetificar a mulher. ‘Se ela não vai ser minha, não vai ser de mais ninguém”. Ou então, ‘Essa mulher é minha, ninguém pode mexer, ninguém pode olhar. Ela não pode olhar para lugar nenhum’”, explica a delegada.

Viviane Fontenelle destaca, ainda, que a maioria das mulheres são mortas dentro de casa, local onde elas, teoricamente, deveriam se sentir mais seguras.

Ouça a entrevista que a delegada Viviane Fontenelle deu à rádio Mirante AM, nessa segunda-feira (29).*

Na matéria, os dados de feminicídio correspondem aos que aconteceram até esta terça (30). Já na entrevista, feita nessa segunda, a delegada Viviane Fontenelle relata a quantidade de crimes que haviam sido praticados até então.

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