Justiça

"Não me deram chance de defesa", diz médico nigeriano

Kingsley Ify Umeilechukwu alega que não receitava, apenas acompanhava o médico plantonista.

Diego Torres/Imirante.com

Atualizada em 27/03/2022 às 12h00

SÃO LUÍS - O médico nigeriano Kingsley Ify Umeilechukwu, preso no sábado (23), sob a suspeita de estar exercendo, ilegalmente, a medicina no Maranhão, disse nesta quinta-feira (28) que não entende o motivo de ter sido preso. E ele alega que fez os procedimentos conforme orientação do médico plantonista, Ubiratan Amorim.

Kingsley diz que não recebia pagamento financeiro para acompanhar os médicos, e que a única retribuição eram ajudas de custo em combustível e alimentação, pagas pelos médicos plantonistas. Sobre o tempo dedicado a estes “acompanhamentos”, Kingsley remete ao ano passado e que estes trabalhos teriam sido feitos nas cidades de Pinheiro, Mirinzal e Bacuri.

Ele não sabe dizer se os prefeitos e os secretários de saúde sabiam da presença dele nos plantões.

O prefeito de Mirinzal, Amaury Almeida informou à TV Mirante, por telefone, que Kingsley não fazia parte do quadro de médicos do município, e que não sabia que ele estava tirando plantão no hospital. O prefeito negou, ainda, que não tinha vacina. Segundo ele, o posto de saúde funciona 24 horas por dia.

O Atendimento

Kingsley refuta a versão da polícia de que estaria exercendo, ilegalmente, a medicina. Ele diz que estava apenas acompanhando o médico plantonista e que quando o paciente chegou ao hospital de Mirinzal, com uma mordida de cachorro, conversou com o médico sobre qual seria o atendimento. “Ele estava no telefone, mas eu fui conversar com ele, que me orientou a fazer a lavagem, passar o anti-inflamatório e indicar o posto de saúde para que ela recebesse a vacina. Eu escrevi o que deveria ser feito e o médico foi quem assinou”.

O médico Ubiratan, que Kingsley afirmou estar de plantão, no entanto, apresentou outra versão em entrevista, por telefone, à TV Mirante. “Eu não estava de plantão. Eu passei o plantão para ele”, afirmou o médico.

A Prisão

Alguns dias depois, a paciente atendida por Kingsley e pelo Dr. Ubiratan Amorim morreu, vítima de raiva. No fim de semana seguinte, enquanto estava no hospital, Kingsley foi surpreendido por uma equipe de policiais que o levaram preso à Delegacia de Mirinzal. O motivo da prisão: exercício ilegal da medicina, segundo os policiais.

Sem Defesa

“Não deixaram eu me defender. Eles disseram que meu diploma era falso, colocaram-no contra a luz para ver a mancha d’água e ficavam o tempo todo debochando”. Depois de tudo isso, o pior momento, ainda de acordo com o médico nigeriano, foi vivido na Secretaria de Segurança, durante apresentação feita pelo secretário Aluísio Mendes: “Eu ouvi todos dizendo muitas coisas e nem pude me explicar à imprensa. Eu disse ao policial que queria falar, mas ele falou que eu seria levado a uma sala e de lá para a Triagem” (Centro de Triagem do Complexo Penitenciário de Pedrinhas).

Liberdade

Kingsley permaneceu preso por três dias: de sábado a segunda-feira, sendo solto na terça-feira (26). Durante todo este tempo, ele ficou na Delegacia de Pinheiro, veio transferido para São Luís e ficou na Delegacia do Bequimão, sendo levado, em seguida, para o Centro de Triagem, e solto um dia depois.

Reparação do Erro

O médico é enfático ao cobrar uma reparação pelo que houve. “Eu sou médico formado. Fiquei sete anos na Universidade e não estava clinicando nem receitando sem a supervisão de um médico autorizado. Ainda não sei o que vou fazer com relação a tudo isso que aconteceu e espero uma orientação do meu advogado. Certo é que vou me dedicar e estudar para receber logo o revalida”, diz o médico, referindo-se ao programa de revalidação do diploma de medicina no Brasil.

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.