Opinião

O cenário da economia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15

Ao que tudo indica, o Governo Federal não demonstra preocupação com a situação econômica do país. O cenário é grave, combinando altas taxas de desemprego, inflação elevada e aumento das taxas de juros. Além disso, falta uma ação orquestrada do governo brasileiro no sentido de estimular os investimentos.

A insatisfação da população sobre os rumos da economia foi manifestada na pesquisa Datafolha, divulgada ontem. Para 69% dos brasileiros, a situação econômica do país piorou nos últimos meses. Ainda conforme o levantamento, o número está próximo dos maiores patamares já registrados nos levantamentos em que esse questionamento foi feito. Em 2015, no governo Dilma Rousseff (PT), chegou a 82%. Em junho de 2018, no governo Michel Temer (MDB), a 72%. No governo Jair Bolsonaro (sem partido), a pergunta apareceu nas pesquisas de 2019, quando o resultado ficou em torno de 35%, e agora, em setembro de 2021. A questão não constou dos levantamentos realizados em 2020, após o início da pandemia.

A pesquisa foi feita presencialmente, com 3.667 brasileiros em 190 municípios. A margem de erro é de dois pontos percentuais para baixo ou para cima. Mesmo entre apoiadores do governo, prevalece a opinião negativa. Para 31%, a economia melhorou, para 36%, piorou. Para 32%, ficou como estava.

Segundo o Datafolha, a situação econômica do país piorou para 74% das mulheres e 62% dos homens; para cerca de 70% das pessoas de 16 a 44 anos e de 65% dos entrevistados acima dessa faixa etária; 62% dos evangélicos e 71% dos católicos.

A avaliação da piora na economia cai conforme aumenta a renda do entrevistado. É de 70% na faixa até dois salários mínimos e de 62% naquela acima de dez mínimos, por exemplo. Na escolaridade ocorre o oposto: 64% das pessoas com ensino fundamental e 74% das que têm ensino superior dizem que a economia piorou.

Por região, a avaliação negativa sobre a economia fica em 70% no Sudeste e Nordeste e em 65% nas demais regiões. Por ocupação, destaca-se o índice elevado entre assalariados sem registro (77%) e estudantes (74%) e menor entre empresários (54%).

O Datafolha também perguntou se, nos próximos meses, a situação econômica do país vai melhorar, piorar ou ficar como está. Para 39%, vai piorar, percentual que era de 3% na pesquisa anterior de julho de 2021, e havia alcançado o recorde de 65% no levantamento de março deste ano, quando a crise sanitária se agravou e não havia pagamento de auxílio emergencial. Nos levantamentos de 2020, após o início da pandemia, 41% tinham expectativa negativa. No início do governo, em 2019, eram 18%.

O índice de quem acha que a economia do país vai melhorar também oscilou na margem de erro, de 30% em julho para 28% em setembro deste ano. Em março, 11% estavam otimistas. No início do governo, eram 50%. O pessimismo é maior entre as pessoas que têm uma avaliação negativa do governo Bolsonaro: 54% delas acham que o cenário econômico irá piorar. Entre os que avaliam o governo como ótimo/bom está em 13%.

Com a turbulência política esperada até as eleições presidenciais, as estimativas de crescimento para 2022 começam a ficar abaixo de 1% e, embora a maioria dos analistas afaste o risco de racionamento, um programa de redução de consumo pode jogar o país em nova recessão.

Enquanto o cenário da economia não é dos melhores, o presidente Bolsonaro enviou ao Congresso Nacional um projeto de lei que pretende mudar o Marco Civil da Internet e dificultar a remoção de conteúdos por parte das grandes plataformas de redes sociais. A ideia é vista por especialistas como uma forma de limitar a moderação na internet e facilitar a desinformação.

O novo projeto, anunciado domingo, 19, pelo governo é uma tentativa de ressuscitar a Medida Provisória que tinha a mesma finalidade e foi editada por Bolsonaro às vésperas dos atos de 7 de setembro.


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