Opinião

Os desdobramentos

Atualizada em 11/10/2022 às 12h15

Passadas as manifestações de 7 de Setembro e o aniversário de 409 anos de São Luís, a cidade deve retomar nesta quinta-feira, 9, a sua rotina e já se aproximando de mais um final de semana. Mas a política certamente dará o tom do noticiário nos próximos dias, depois das fortes declarações do presidente Bolsonaro com um repertório golpista e ameaçando fechar o Supremo Tribunal Federal (STF) em duas ocasiões: na Esplanada dos Ministérios, em Brasília, e na avenida Paulista, em São Paulo, com a presença de seus apoiadores.

E se o cenário político já era adverso para Bolsonaro, que está em baixa nas pesquisas pela reeleição, deverá se tornar mais grave de acordo na análise dos últimos acontecimentos por analistas. Alguns já admitem que o processo de impeachment do presidente deverá vingar a partir de agora. A hipótese de um possível golpe militar, terça-feira, 7, foi monitorada por especialistas e pela imprensa, e a bem da verdade causou apreensão até em círculos progressistas da sociedade civil ao longo dos últimos dias. Mas nada se concretizou.

Já não restam dúvidas que o 7 de Setembro foi o marco de disputas e decisões políticas de agora em diante. Após mobilizar manifestações e atacar mais uma vez o sistema eleitoral brasileiro e as medidas restritivas adotadas por governadores no combate ao coronavírus, Bolsonaro amplia o seu isolamento político.

Focado no ministro Alexandre Moraes, do STF, Bolsonaro disse a frase-chave do seu discurso ao garantir que não será preso. Moraes é o condutor dos inquéritos das notícias falsas e dos atos antidemocráticos, crimes em que estão investigados seus filhos e presos amigos, cúmplices e membros do famigerado gabinete do ódio, além de empresários financiadores do esquema. O mesmo Moraes será presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quando estiver em votação a inelegibilidade. A outra é o impeachment.

Juristas apontam o cometimento de crimes pelo presidente em seus discursos. Pela primeira vez, a defesa de abertura de um pedido de impeachment passou a ser cogitada por partidos de fora do campo da esquerda, como o PSDB, que informou estar disposto a debater a hipótese. Entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) reagiram à possibilidade de não cumprimento de decisão judicial por parte do presidente.

Uma pesquisa revela que o ato em apoio a Bolsonaro atraiu o grupo que demonstra mais aderência ao discurso inflamado do chefe do Executivo, com um perfil semelhante ao identificado pelas pesquisas como o do eleitor tradicional dele: homens, brancos, maiores de 40 anos e que consideram o Supremo Tribunal Federal (STF) a maior ameaça ao presidente. Em meio aos ataques à Corte, a ministros e ao funcionamento dos Poderes, 59% dos entrevistados responderam que o tribunal é o principal inimigo de Bolsonaro, superando a esquerda (17%) como alvo de críticas.

Os dados da Universidade de São Paulo (USP) mostram que a principal motivação para a presença era a defesa do impeachment de ministros do STF (29%), seguida pelo endosso à liberdade de expressão (28%) e pela autorização para uma ação do presidente na direção de uma ruptura institucional (24%). Dos presentes, 88% responderam que votaram em Bolsonaro no primeiro turno da eleição de 2018.

Como ainda estamos convivendo com a pandemia, embora com a queda no índice de internações e óbitos, os feriados deixaram evidente que as medidas sanitárias contra a pandemia são coisas do passado e o povo voltou para as ruas nas mais diversas atividades sociais. Em tradução livre: a ameaça de contaminação pela Covid-19 é quase nula, no momento, e o uso de máscara já não é normal. Ainda não é recomendável relaxar completamente.

Segundo pesquisa do Hospital das Clínicas da USP, 60% dos pacientes que tiveram covid-19 no ano passado apresentaram problemas de saúde, mesmo após um ano da alta hospitalar. Eles relatam sintomas cardiológicos e emocionais ou cognitivos, como perda de memória, insônia, concentração prejudicada, ansiedade e depressão. O estudo acompanhou 750 pacientes que ficaram internados no primeiro semestre de 2020 no Hospital das Clínicas da instituição.

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