Assassinato

52% das mortes de mulheres no Maranhão, na pandemia, são feminicídio

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostram que dos 125 assassinatos de mulheres ocorridos no ano passado no Maranhão, 65 foram tipificados como feminicídio

Ismael Araújo / O Estado

- Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
O soldado da Polícia Militar, Carlos Eduardo Nunes Pereira é acusado de matar Bruna Lícia Fonseca Pereira, de 23 anos
O soldado da Polícia Militar, Carlos Eduardo Nunes Pereira é acusado de matar Bruna Lícia Fonseca Pereira, de 23 anos (feminicídio)

São Luís - O Maranhão tem 52% dos assassinatos de mulheres caracterizados como feminicídio, no período pandêmico da Covid-19, segundo dados do 15º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. No ano passado, das 125 mortes de mulheres ocorridas em todo o estado, 65 foram tipificadas pela polícia como crime de feminicídio.

Os números do Anuário se baseiam em informações fornecidas pelas secretarias de segurança pública estadual, pelas polícias civis, militares e federal, entre outras fontes oficiais da Segurança Pública. No Maranhão, em 2020, 65 mulheres foram assassinadas pelo ex-companheiro. A maioria desses casos ocorreu em razão dos suspeitos não aceitarem o fim do relacionamento amoroso.

Também foi constatado um aumento de 21,8% dos casos de assassinato de mulheres em 2020, no Maranhão, em relação ao ano anterior, que contou com 102 ocorrências. Ainda em 2019, uma porcentagem de 56% dos casos de mortes de mulheres foram tipificados como feminicídio. Neste ano, a polícia já registrou 25 feminicídios em todo o estado.

Violência em alta
No ano que passou, 65 feminicídios foram registados pela polícia em todo o estado, uma média de cinco casos por mês, enquanto, em 2019, foram 51 ocorrências. Um dos últimos casos foi registrado no dia 11 de dezembro, na cidade de Matões, tendo como vítima Francisca das Chagas Diniz Nerez.

Somente no último fim de semana do mês agosto de 2020 ocorreram três feminicídios no interior do estado. Umas das ocorrências foi na cidade de Imperatriz, no dia 30. A polícia informou que Alan Patrick de Oliveira Soares matou a tiros a ex-companheira, Gleyciane da Mota Bandeira; e a ex-cunhada, Dayane, e depois recorreu ao suicídio.

Ainda segundo a polícia, o acusado estava inconformado com o fim do relacionamento. No dia do crime, ele invadiu a residência da ex-companheira, no bairro Novo Horizonte, e assassinou as duas irmãs, e logo após efetuou um tiro na cabeça. Testemunhas disseram para a polícia que Dayane da Mota foi assassinada porque Alan Patrick achava que a ex-cunhada tinha interferido no fim do relacionamento.

O outro feminicídio ocorreu na tarde do dia 29, no povoado Bom Jesus, em Santa Luzia do Paruá, e teve como vítima Marilene dos Santos Lopes. A polícia informou que o ex-companheiro dela, José Antônio Silva Neto, é suspeito de ter cometido o ato criminoso e ainda tentou se matar, por não aceitar o fim da relação amorosa.

José Neto aplicou vários golpes de facão na vítima, que ainda foi levada para o hospital, mas chegou sem vida, enquanto, o acusado foi preso por uma guarnição da Polícia Militar, após tentar tirar a própria vida, com um golpe de facão no abdômen. Ele foi levado primeiramente para o hospital dessa cidade, mas teve que ser transferido para uma unidade de saúde, em Governador Nunes Freire em virtude da gravidade dos ferimentos.

Um dos casos de feminicídio que teve grande repercussão em 2020, teve como vítima Bruna Lícia Fonseca Pereira, de 23 anos. De acordo com a polícia, o soldado da Polícia Militar, Carlos Eduardo Nunes Pereira é acusado de ter assassinado a ex-mulher, Bruna Lícia, e o suposto namorado dela, José Willian dos Santos Silva, de 24 anos. O crime ocorreu no apartamento da ex-companheira do policial, no bairro Vicente Fialho, no dia 25 de janeiro de 2020.

No mês de junho do ano passado, a empresária Graça Maria Pereira de Oliveira, de 57 anos, e a filha Talita de Oliveira Frizeiro, de 27 anos, foram encontradas motas dentro de um veículo, que estava estacionado na residência delas, no bairro Quintas do Calhau. A polícia informou que o mandante do crime é o ex-marido da empresária, e contou com a participação de mais duas pessoas, que estão presas por ordem judicial.

No último dia 9 ocorreu a prisão do cabo da Polícia Militar, Gilgleidson Pereira Melo, na cidade de Timon e encaminhado para o presídio militar, na capital. Segundo a polícia, ele é suspeito de ter assassinado sua namorada, Ana Carolina da Silva Carvalho, de 17 anos. O corpo da adolescente foi encontrado com marcas de tiros no tórax, no dia 5 deste mês, em um sítio, no bairro Mocó, no município de Coroatá, onde residia com o policial.

NÚMEROS

125 mortes de mulheres durante o ano passado no Maranhão
65 feminicídios ocorreram ao longo de 2020 no estado maranhense

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