Investigação

PF deflagra operação no MA e PI para desarticular bando internacional

Organização tem como foco a venda de drogas e era envolvida no tráfico de arma, lavagem de dinheiro, homicídio, roubo e furto; foram presos 16 criminosos e apreendidos dinheiro, veículos, armas de fogo, joias e uma máquina de contar dinheiro

Ismael Araújo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
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. (Hesíodo)

São Luís - A Polícia Federal (PF) realizou ontem a Operação Hesíodo no Maranhão e na capital piauiense com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada em tráfico de arma de fogo, drogas, lavagem de dinheiro, homicídio, roubo e furto. De acordo com a polícia, o ponto base do bando era na cidade de Caxias, mas, devido a sua empreitada criminosa tinha laços nos municípios de Timon, Açailândia, Teresina, no Piauí como também no Pará e na fronteira entre o Brasil e Bolívia.

Na ação foram empregados 102 policiais federais, com apoio da Polícia Civil do Maranhão, que levou os cães farejadores, além dos grupos táticos do Comando de Operações Táticas (COT) e apoio aéreo do Comando de Aviação Operacional (Caop) e dos grupos especializados em operações de alto risco.

O superintendente regional da PF no Maranhão, delegado Renato Madsen, declarou que no decorrer da operação foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão, 14 mandados de prisão temporária, além de constrição patrimonial. As ordens judiciais foram cumpridas em Caxias, Timon e Teresina, no Piauí. “Essa organização tinha como ponto base em Caxias, mas, devido o tráfico de droga se expandiu para outras cidades, estados e até mesmo havia ramificações na fronteira entre o Brasil e Bolívia”, frisou Renato Madsen.

O delegado da PF, Ronildo Lages, informou que os cercos da Hesíodo ocorreram especificamente nas cidades maranhenses em Caxias, Timon e na capital piauiense. Além de 14 pessoas presas em cumprimento de ordem judicial também ocorreram duas prisões em flagrante e apreensões de três veículos, cinco joias, sete armas de fogo e uma quantia de R$ 101.395. Somente na residência de um dos investigados, a polícia encontrou uma máquina de contar dinheiro.

Investigação
O delegado Renato Madsen afirmou que essa organização tem como foco principal o tráfico de entorpecente, mas, acabou se envolvendo com outros crimes como lavagem de dinheiro, agiotagem, roubo, homicídio e furto. “Esses crimes acabam tangenciando essa gama da atuação da facção criminosa”, frisou Renato Madsen.

Ele também contou que a investigação faz parte do desdobramento de um inquérito policial instaurado inicialmente para investigar grupos criminosos com envolvimento em roubos contra instituições financeiras e a transportadoras de cargas no interior do Maranhão.

A polícia acabou constatando a existência, em algumas regiões das cidades maranhenses, principalmente, Caxias e Timon, pessoas auxiliando empreitadas ilegais coordenadas por facções criminosas com atuação em âmbito nacional. Os investigados teriam tarefas bem definidas dentro do grupo criminoso, alguns eram o “braço armado” do bando, realizando cobranças de dívidas, outros comercializavam drogas e armas de fogo como também alguns eram operadores financeiros para lavagem de dinheiro.

O grupo chegou a comprar uma aeronave para fazer o transporte de droga da Bolívia para o Maranhão. Mas, no começo deste ano, o avião caiu em uma mata fechada, no estado do Pará. Os criminosos chegaram a financiar uma construção de uma arena, em Caxias, com o dinheiro ilícito como também lojas de confecção e vendedoras de veículos e até mesmo financiaram a campanha eleitoral de um candidato a vereador de uma cidade do interior do Maranhão.

Os envolvidos podem responder em tese pela prática de crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, tráfico de drogas e posse ilegal de arma de fogo. O nome da operação, Hesíodo, refere-se a um poeta grego que escreveu a obra Teogonia, na qual fez referência a origem de monstros da mitologia grega que espalhavam terror e miséria.

Mormaço
Paralelamente a operação Hesíodo, também em Teresina, Timon e Caxias, foi realizada ontem a Operação Mormaço, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), com o apoio da Polícia Civil, com o objetivo de desarticular uma facção criminosa interestadual.

O alvo foram pessoas físicas e empresas localizadas em Teresina, Timon e Caxias. A investigação foi iniciada há um ano e mostrou que a organização criminosa tem um sistema de lavagem de dinheiro sofisticado, com a utilização de empresas para o escoamento dos valores resultantes de negócios com drogas ilícitas, armas de fogos, veículos e peças de automóveis, além de outras atividades.

Ainda conforme as investigações foi possível detectar movimentações de ativos dos investigados que chegaram próximo aos R$ 90 milhões. O dinheiro ilícito era aplicado em agências de veículos, arenas esportivas e aquisição de imóveis, além de outros segmentos empresariais. Essa manobra financeira tinha a clara intenção de dificultar o rastreamento dos valores.

Em meados de 2020, o Gaeco remeteu informações à Superintendência da Polícia Federal de Teresina, no Piauí, repassando a notícia de que traficantes estariam solicitando autorizações de registros de arma de fogo na capital piauiense. Após o recebimento da informação, os policiais federais desencadearam, no último mês de setembro, a operação Integração I. Em seguida, os dados colhidos foram compartilhados com a Superintendência da Polícia Federal maranhense e ao Ministério Público.

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