Passeando pelo tempo

Um jornal precursor, inventivo e com cor

Nesta trajetória, conforme a história de O Estado, o veículo foi pioneiro em coberturas, tratos com a notícia, abordagens, linhas editoriais adotadas e no seu visual

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Parque industrial de O Estado, em 1999; o jornal já tinha cor
Parque industrial de O Estado, em 1999; o jornal já tinha cor (Parque gráfico O Estado)

São Luís - As inovações técnicas e a modernização editorial alavancaram o matutino, segundo aborda a historiografia oficial, e consolidou a liderança do jornal no mercado. No período de existência, as eras atuais (de tablets, celulares e aplicativos diversos) foram precedidas pelo telefoto, pelo telex e processo de informatização.

Nesta trajetória, ainda de acordo com a história do jornal O Estado, o veículo foi pioneiro em coberturas, tratos com a notícia, abordagens, linhas editoriais adotadas e no seu visual. O Estado foi um dos precursores no uso da cor em todo o Norte/Nordeste. Antes, foram outras transformações.

Mudanças no visual e divisão do jornal

Na década de 1980, o jornal O Estado do Maranhão ampliou o seu quadro de repórteres para oferecer aos leitores um noticiário ainda mais apurado, com base nos acontecimentos locais, nacionais e internacionais. Foi o período em que o jornal passou a adotar as editorias de área.

Essa mudança teria sido proposta pelo então jornalista Couto Correa, então diretor de Redação. Segundo pessoas que vivenciaram o período, a princípio, estas mudanças – com a incorporação de recém-saídos da universidade em um ambiente com “bambas” da redação causou choques de gerações. Foram comuns, em alguns momentos, conflitos na própria redação.

Um dos espaços novos criados neste período foi o caderno “Alternativo”, o primeiro de cunho diário dedicado à cultura maranhense, em 1982. Neste período, as matérias (antes mais longas, com textos menos sucintos) passaram a ser formadas por textos mais curtos. Outra novidade na década de 1980 foi a instituição de cadernos especializados, em especial na área cultural, para aproximação com setores intelectualizados ligados à universidade e, ao mesmo tempo, para atrair o público mais jovem.

Dez anos mais tarde, outra mudança foi trazida para o visual de O Estado, com a inclusão da policromia (ou uso de diversas cores) e amplo ajuste gráfico. A produção convencional do jornal, a partir de sua montagem visual passou para um sistema mais informatizado, ocorreu em 1995 e gerou alto investimento. Foi inclusive no referido ano que a Gráfica Escolar repassou a O Estado uma “moderna” rede de computadores.

Neste ano, de acordo com Mário Reis (um dos profissionais mais antigos e que ainda atua na redação), O Estado passou por novas mudanças. “Com apoio de uma consultoria técnica especializada, o matutino sofreu uma ampla mudança gráfica e editorial”, disse.

Segundo ele, a base foi o projeto gráfico que redesenhou toda a feição externa e interna do jornal. Neste período, foram criadas nove editorias de área, com espaços definidos e colunas específicas.

Colaboração
A participação de Benedito Buzar na história de O Estado está relacionada ao seu vínculo no jornal Do Dia, com a coluna “Roda Viva”, ainda sob o pseudônimo de J. Amparo. “Ingressei no Jornal Do Dia a convite de Bandeira Tribuzi, pois trabalhava na Sudema, e a ele Tribuzi costumava entregar textos diversificados e despretensiosos de minha autoria”, disse.

A coluna com o nome de batismo passou a ser referência no contexto histórico-cultural da sociedade, já que o espaço passou a ser uma ferramenta de questionamento a quem fazia oposição ao então governo Sarney. “Pessoas da oposição pediam minha cabeça, eles não perdoavam o que eu escrevia. Fui obrigado a pedir as contas e a migrar para outro jornal a convite do amigo Adirson Vasconcelos”, disse.

Por causa da mudança, Buzar não acompanhou a inauguração, o que não tira sua importância para o periódico. “Por várias razões, O Estado é destaque. Foi o primeiro jornal a migrar do Centro para o São Francisco. Além da introdução da off-set e, principalmente, pelas mudanças na sua concepção visual”, disse.

MAIS HISTÓRIA

O Estado Maranhão também foi referência para grandes jornalistas. Anteriormente ao início da década de 1970, as redações eram uma espécie de complemento dos ambientes universitários e se somavam à formação dos acadêmicos em comunicação.

A turma “mais jovem” e que se tornou veterana, ao longo dos anos no jornal, teve a honra de dividir espaço com profissionais da estirpe de Bandeira Tribuzi (que ocupou a redação até 1977 e cuja trajetória fora interrompida abruptamente com sua morte no referido ano), Bernardo Almeida e Bello Parga.

Outro nome citado foi Benito Neiva, que respondeu pela secretaria da Redação. O arquiteto Pedro Costa foi nomeado para a presidência da empresa e o jornalista Antônio Carlos Lima, o “Pipoca”, foi indicado para diretor de Redação. “Compensávamos nossas limitações lógicas com a ousadia na formação das equipes. Desde que comecei como foca, há mais de quatro décadas, primamos por isso. Um reflexo foi quando montamos nossa equipe do Alternativo, com nomes como Nonato Masson, Bernardo Coelho de Almeida, Joaquim Itapary e tantos outros”, disse Lima. Outros nomes também colaboraram ao longo dos anos, como Nauro Machado, Arlete Nogueira, Félix Alberto Lima e tantos outros colaboradores.

Na década de 1990, com as mudanças na concepção de montagem do jornal, coube ao jornalista Ribamar Correa a consolidação das mudanças. Foi com ele que o jornal superou as décadas de 1990 e 2000, até chegar à direção do jornal em meados de 2014, quando deixou o cargo. Correa, destacadamente, foi o diretor mais longevo do jornal e coordenou a redação em período importante, de consolidação da informatização do periódico e mudanças na rotina. Em seguida, após a passagem de Correa, assumiu a direção do jornal, o então coordenador de Redação, Clóvis Cabalau, que ocupa o cargo máximo de O Estado até os tempos atuais.

Transformação para o universo online foi o principal desafio

“Assumi a Direção de O Estado em outubro de 2014. Antes disso, já vinha participando, como coordenador da Redação, do fortalecimento gradativo do conteúdo on-line do jornal. A princípio, criamos um Núcleo Digital, responsável por abastecer o site e as redes sociais. Mas à frente, percebemos que toda a Redação, não apenas um núcleo, deveria estar focada no jornal como um veículo multiplaforma. Assim, toda a equipe deveria estar engajada em produzir tanto para o impresso quanto para o on-line. Este foi o maior desafio. Parte da equipe não se adaptou à necessidade do trabalho multimídia. A maior parte compreendeu a necessidade, levando o jornal conquistar o seu espaço no ambiante digital do Maranhão”, disse.

Para Cabalau, O Estado segue avançando por diferentes plataformas “Foram criados programas especiais de política, polícia e esportes, e material audiovisual passaram a reforçar as matérias especiais do impresso e do site. O uso de QR-Code, remetendo a conteúdo digital passou a ser uma constante nas edições impressas. Material em áudio, os podcasts, também passaram a enriquecer o conteúdo do site. Com tudo isso, O Estado segue escrevendo a sua história como um dos veículos de comunicação mais respeitados do Maranhão”, afirmou.

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