Comércio informal

Ambulantes ocupam a Rua Grande em busca de lucros na pandemia

Camelôs expõem as mercadorias nas calçadas, no meio da via e em fachada de bancos; lojas têm prejuízos com restrição no horário de funcionamento

Ismael Araújo / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Comércio ambulante ocupa calçadas e frente de lojas; em bancas ou no chão, eles só querem vender
Comércio ambulante ocupa calçadas e frente de lojas; em bancas ou no chão, eles só querem vender (comércio ambulante)

São Luís - A Rua Grande, principal centro comercial aberto de São Luís, está tomada pelo comércio informal, enquanto lojas sofrem prejuízos com restrições no horário de funcionamento, durante a pandemia - uma medida com objetivo de reduzir a proliferação da Covid-19.

As mercadorias dos camelôs estão expostas nas paredes de lojas, no chão, sobre bancas montadas no meio da via e nas calçadas. Os produtos são dos mais diversificados, como eletrônicos, vestuário, brinquedos, frutas, verduras, perfumes e importados.

A fachada de uma loja, fechada recentemente, serve de expositor de mercadoria do comerciante ambulante. Havia bolsas, camisas e brinquedos. A parede frontal de uma agência bancária também virou vitrine de camisas e bermudas comercializadas por ambulantes. Uma das vendedoras ambulantes, que não quis se identificar, disse que esta foi a forma que encontrou para chamar a atenção dos clientes. “A venda está fraca, então, devemos encontrar um jeitinho para conquistar a clientela”, comentou.

A fachada de outra agência bancária, também localizada na Rua Grande, ficou igualmente tomada por bancas de ambulantes e ainda havia vários produtos expostos na calçada. Por causa dos excessos, a direção da agência precisou demarcar o espaço para entrada de clientes, usando cones.

Além da exposição dos produtos por toda parte, os camelôs ainda abordam clientes na porta dos pontos comerciais. Transeuntes precisam manter atenção redobrada para não esbarrar ou até mesmo cair em cima das mercadorias nas calçadas. “Estou andando com cuidado para não esbarrar nas mercadorias, pois estão no chão, nas calçadas e nas paredes das lojas”, disse a funcionária pública Márcia Silva, de 47 anos.

Prejuízo nas lojas
O gerente de uma loja de confecção, identificado como Bastos, declarou que a mudança de horário de funcionamento dos pontos comerciais deu prejuízo. “Administro cinco lojas na Rua Grande. Antes, quando podia abrir os pontos comerciais por volta das 8h, conseguia lucrar em um intervalo de uma hora e meia cerca de R$ 70 mil. Essa alteração resultou em perdas financeiras”, frisou Bastos.

Ele também disse que a Rua Grande está parecendo uma feira a céu aberto, pela forte presença de camelôs, o que pode até mesmo afastar clientes. “O vendedor ambulante tomou conta desse ponto da cidade, quando deveria ter um espaço determinado. Eles montam a banca na porta das lojas e isso, de uma certa forma, diminuiu as vendas nas lojas”, ressaltou Bastos.

Fiscalização
Sobre a permanência de vendedores ambulantes no Centro de São Luís, sobretudo na Rua Oswaldo Cruz (Rua Grande), a Secretaria Municipal de Urbanismo e Habitação (Semurh), por meio da Blitz Urbana, informou que, diariamente, equipes realizam rondas no local para disciplinar os comerciantes quanto à ocupação irregular de ruas e calçadas, exclusivas para o passeio público. Como alternativa para o funcionamento do comércio informal, vias transversais do perímetro foram destinadas à atuação desta categoria.

As ações realizadas na área, pela Blitz Urbana, são contínuas e têm o objetivo de manter a organização do espaço, considerado o maior centro comercial da capital. No entanto, é indispensável a colaboração dos comerciantes informais em seguir as orientações repassadas e, também, da população e demais lojistas da região, denunciando, junto ao órgão, o descumprimento de regras.

A Semurh também ressaltou que tem mantido constante diálogo com representantes do Comércio Informal de São Luís a fim de identificar a melhor forma de solucionar o problema da ocupação irregular de ruas e calçadas da capital, de modo a encontrar, também, uma solução para o correto desempenho das atividades realizadas pela categoria.

SAIBA MAIS

Shopping Popular

No mês de fevereiro do ano passado, a Câmara Municipal de São Luís aprovou o Projeto de Lei 306/19 que autorizou a concessão e o subsídio público para construção, operação e manutenção do Comércio Popular de São Luís. Na ocasião, a proposta foi encaminhada pela Prefeitura, e tem objetivo de regularizar o comércio informal da capital.

A ideia é que o Shopping Popular – como é conhecido – seja implantado nas proximidades do Ginásio Costa Rodrigues, no Centro. A obra foi orçada em mais R$ 28 milhões e seria executada por meio de parceria público-privada (PPP). A Prefeitura entraria com a contrapartida de R$ 8 milhões e a obra deveria ser entregues em 12 meses.

Retirada

Com o fim das obras do Complexo Deodoro e Rua Grande, os vendedores ambulantes, no dia 7 de agosto de 2019, foram transferidos da Rua Grande para as transversais e, segundo a categoria, suas vendas caíram mais de 80%.

A retirada dos vendedores do logradouro foi realizada para garantir a originalidade no projeto executado pelo Instituto Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na reforma da Rua Grande. Em contrapartida, o Sindicato dos Vendedores Ambulantes de São Luís tentou, via judicial, impedir a consolidação da mudança dos trabalhadores para as transversais, mas, não obteve sucesso.

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