Tempo Real

PF faz nova operação contra desvios de recursos da Saúde de SL

Operação Tempo Real desarticulou organização dentro da Secretaria municipal de Saúde que superfaturava equipamentos destinados ao combate da pandemia

Ronaldo Rocha/Da editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h16
Operação Tempo Real apreendeu R$ 200 mil em espécie e també joias e celulares de investigados em SL
Operação Tempo Real apreendeu R$ 200 mil em espécie e també joias e celulares de investigados em SL (Operação PF)

A Polícia Federal (PF) desarticulou na manhã de ontem uma organização criminosa - formada por ex-servidores públicos e empresários -, responsável por desviar recursos da Saúde destinados ao enfrentamento à pandemia da Covid-19 em São Luís.
A investigação, que resultou na Operação Tempo Real, diz respeito a contratos firmados pela Secretaria Municipal de Saúde (Semus) da gestão anterior, encerrada em 2020.
Durante a operação, a PF cumpriu quatro mandados de busca e apreensão e cinco mandados de constrição patrimonial.
A PF apreendeu R$ 200 mil em espécie, joias e celulares encontrados na casa de um dos investigados.
A investigação, que ainda está em curso, se concentrou no processo de licitação celebrado no mês de abril de 2020 pela Semus, destinado à aquisição de 20.000 máscaras FPP2, no valor total de R$ 718.000,00.

Fraudes
De acordo com os investigadores, funcionários da antiga gestão da Secretaria de Saúde, em conluio com empresários, fraudaram o contrato, “montando o processo de contratação e elevando arbitrariamente os preços”.
O delegado Regional de Investigação e Combate ao Crime Organizado da PF, Leandro Ribeiro, apesar de não citar nomes, enfatizou que um ex-secretário municipal era quem comandava a organização criminosa.
O ex-secretário do período investigado citado pela PF, é Lula Fylho, exonerado pelo então prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT) logo após a polícia ter realizado uma primeira operação em 2020. Lula Fylho chegou a ter sigilo fiscal e bancário quebrados pela Justiça Federal.
“Só na Secretaria Municipal, no ano passado, nós tivemos três operações, e elementos de provas dessas operações anteriores também foram usados nessa operação Tempo Real. E numa determinada ocasião, ex-servidores foram ouvidos nessas operações anteriores. Eles afirmaram que tudo que acontecia na parte técnica da secretaria, o líder da organização tinha conhecimento, em tempo real. Ou seja, ele tinha uma atuação muito participativa, não era só um dirigente que ficava distante dos fatos, ele realmente gerenciava todo o funcionamento da organização, daí veio o nome. Ele foi servidor, foi secretário municipal", pontuou.
De acordo com a Polícia Federal ao todo, 20 policiais federais cumpriram as determinações judiciais expedidas pela 1ª Vara Federal de São Luís. Se confirmadas as suspeitas, os investigados poderão responder por fraude à licitação (Art. 90 da Lei 8.666/93), superfaturamento (Art. 96, I da Lei 8.666/93) e associação criminosa (Art. 288, Código Penal).
Além do delegado Leandro Ribeiro, participaram da entrevista coletiva de ontem, os delegados de Polícia Federal Felipe Cardoso e Fernanda Nobre da Matta.

Mais

Outro lado

O Estado entrou em contato por meio de telefone com o ex-secretário municipal de Saúde de São Luís, Lula Fylho, mas não obteve êxito. O número de telefone do ex-gestor estava fora de área ou desligado. Ele não respondeu às mensagens encaminhadas por meio do whatsapp e não retornou as ligações.

Em 2020, Lula Fylho teve quebra de sigilo fiscal e bancário

No mês de junho do ano passado, em meio às investigações da Polícia Federal de desvio de recursos públicos da Saúde de São Luís, o ex-secretário municipal de Saúde, Lula Fylho, teve quebra de sigilo fiscal e bancário determinado pelo juiz federal Régis Bonfim, da 1ª Vara Federal de São Luís.
Lula, naquela ocasião, era investigado no bojo da Operação Cobiça Fatal, deflagrada para apurar a intervenção de uma organização criminosa numa licitação do município. Os recursos federais desviados, segundo da PF, haviam sido encaminhados pelo Governo Federal para o enfrentamento à pandemia da Covid-19.
Além de Lula Fylho, três empresários suspeitos de vender máscaras descartáveis por preço três vezes maior que o praticado no mercado foram ouvidos. Alexandre Chuairy Cunha, Sormane Silva Santana e João de Deus Souza Lima Júnior.
Lula Fylho negou, na ocasião, por meio de nota, superfaturamento na compra das máscaras ou desvio de recursos públicos apontados pela PF.
“... Quanto à peça que motivou a operação desta manhã, a Semus confirma a compra com a empresa citada no devido processo de apuração e ressalva que a relação de contratação atendeu aos critérios legais, entre os quais, o menor preço proposto pelo mercado na ocasião da compra [...] Por fim, a Semus reitera que, durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão na manhã desta terça-feira (9 de junho de 2020), na sede da pasta, disponibilizou todos os documentos solicitados pelo órgão e se mantém a disposição para todos os esclarecimentos que se fizerem necessários”, destacou trecho da nota publicada pelo ex-secretário em seu perfil em rede social.

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