Editorial

Brasil na contramão

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17

O assunto vacinação continua em pauta no Brasil, que segue na contramão da tendência global, com alta de casos e mortes causadas pela Covid-19. O país já se aproxima de 250 mil vidas perdidas para a Covid-19, enquanto mais de 5,8 milhões de pessoas receberam a primeira dose da vacina , e 1,1 milhão, a segunda.

O mais recente boletim da Organização Mundial da Saúde - OMS revela que o número de novos casos da Covid-19 no mundo vem caindo nas últimas semanas, o que não deixa de ser uma boa notícia. Segundo a entidade, do dia 16 deste mês, houve uma redução de 16% nas infecções em relação à semana anterior. A queda, segundo afirmam especialistas, é resultado do endurecimento das medidas restritivas implementadas no fim do ano passado e do início da campanha de vacinação contra o vírus, além de imunidade coletiva - embora este último, segundo apontam estudos, seja um fator transitório.

Desde que os primeiros casos do novo coronavírus foram confirmados, em janeiro do ano passado, o mundo já registrou mais de 111 milhões de infecções e quase 2,5 milhões de mortes provocadas pela doença altamente contagiosa. Ainda segundo o relatório da OMS, a semana encerrada no dia 16 também registrou uma queda de 10% nos novos óbitos. Essa tendência aparece desde meados de janeiro, pelo menos. No entanto, a respeito da crise sanitária, há muitas ressalvas.

O ritmo, porém, é diferente em cada região. Enquanto a Europa e a América do Norte registram redução nos óbitos e contágios, países do Oriente Médio, Norte da África e Ásia Central têm alta nessas estatísticas. Na sexta-feira, as médias móveis nas duas regiões eram, respectivamente, de 170 e 310 novos casos por milhão de habitantes.

Ao analisar a curva da pandemia desde o início, o professor Gabriel Maisonnave, da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, diz que o mundo já teve três “degraus” de contaminação, isto é, o número de casos já teve um aumento expressivo três vezes, sinalizando o início de cada onda. Desta vez, a redução de infecções é mais significativa, apesar de seu número absoluto ser maior do que nas ondas anteriores. No entanto, a tendência não reflete o real cenário nos países.

Os Estados Unidos, que de longe são o país mais afetado em números absolutos, com 28 milhões de casos e mais de 498 mil mortes, também vivem uma queda nas infecções e mortes. Isso se deu principalmente após a posse do novo presidente norte-americano, Joe Biden, em 20 de janeiro. Desde então, como uma nova orientação federal no combate à pandemia, o país passou a adotar mais medidas restritivas obrigatórias, como o uso de máscaras e o distanciamento físico, e acelerou a campanha de imunização. A troca de Presidência teve um efeito muito positivo no combate à pandemia. Saiu uma pessoa que era negacionista e entrou alguém mais favorável à ciência.

Em se tratando de vacinação, mais uma polêmica criada pelo presidente negacionista Jair Bolsonaro sobre o cartão de vacinação de sua mãe, Olinda Bonturi Bolsonaro. De acordo com o presidente, nas redes sociais, o enfermeiro que aplicou o imunizante em sua mãe teria registrado, inicialmente, o uso da vacina Oxford/AstraZeneca. Em seguida, ainda de acordo com ele, o profissional rasgou o documento e o substituiu por um cartão informando a imunização com a Coronavac, do Instituto Butantan, ligado ao governo de São Paulo, ao qual o presidente tem feito críticas.

Segundo a coordenadora do Plano Estadual de Imunização de São Paulo, Regiane de Paula, das 264 mil doses de vacinas que foram encaminhadas para o município de Eldorado, somente 80 delas foram da Oxford/Astrazeneca, e o restante foi da vacina do Butantan. Ela não sabe responder com qual vacina, porque a Lei Geral de Proteção de Dados não lhe permite acessá-la. Uma boa semana para todos, com mais vacina, sim.

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