São Luís - Em meio à pandemia do coronavírus, algumas doenças ainda atormentam a população e geram atendimentos nas redes pública e privada. Dados da Secretaria Municipal de Saúde (Semus), obtidos com exclusividade por O Estado, mostram que o bairro do Coroadinho é o de maior preocupação das autoridades públicas devido ao número de casos registrados de dengue.
A localidade é a que registra, entre os bairros de São Luís, o maior índice da doença. Segundo a pasta municipal, foram 132 ocorrências de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2020. Na estatística, o bairro “lidera” com sobra. O segundo com maior índice é o Bom Jesus, com 26 casos.
Considerando os 10 primeiros na estatística, somente o Coroadinho tem mais casos do que oito dos nove bairros com maior incidência de ocorrências da doença somados. Outros pontos da cidade com ocorrências são Anjo da Guarda (21 casos), Vila Embratel (19 casos), São Francisco (14 ocorrências), Liberdade (13 ocorrências), Vila Palmeira (13 casos), Pedrinhas (13 casos), São Bernardo (12 casos) e Jardim São Cristóvão (12 ocorrências).
O levantamento por bairro, feito pela pasta, se baseou nos encaminhamentos de pacientes às unidades de saúde. Na Unidade Mista do Coroadinho, por exemplo, foram 202 ocorrências de pessoas com suspeita ou com casos diagnosticados de dengue somente em 2020.
Outros pontos de referência como o Centro de Saúde do São Bernardo (com 84 ocorrências), Hospital da Criança (com 82 casos), Unidade Mista Itaqui-Bacanga (com 65 ocorrências), Socorrinho I (no Cohatrac), com 44 casos também registraram atendimentos de pessoas com dengue no ano passado.
Explicações
Entre as razões apontadas para a incidência alta de casos de dengue no Coroadinho, estão os reservatórios instalados nas residências, acomodados sem a devida vedação e a ausência de políticas públicas eficazes voltadas a melhorias na área de saneamento básico.
Apesar de especialistas apontarem a tendência de proliferação do mosquito Aedes (responsável pela transmissão da dengue, zika e febre chikungunya) em águas mais limpas, pesquisas já apontam para a tendência de formação e criação de ovos do transmissor em ambientes líquidos mais sujos.
No Coroadinho, o fato é observado com clareza. Em várias vias do bairro, valas abertas representam um perigo à população quanto a incidência de doenças. Na Rua da União, por exemplo, um conjunto de casas foi entregue recentemente pelo poder público municipal e, ainda assim, é possível constatar a presença de uma vala, por onde o esgoto das casas corre abertamente.
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Segundo moradores, em especial durante a noite, é grande a presença de mosquitos no local. “A gente nunca sabe se é muriçoca mesmo ou se é mosquito da dengue. Eu, graças a Deus, nunca fui infectada, mas conheço pessoas que já foram”, disse Concita Barros, moradora da Rua da União, no Coroadinho.
Exemplos de ausência de medidas de saneamento também são percebidos na Rua Bom Jesus, ainda no Coroadinho. Em um dos pontos da via, na porta das residências, o esgoto jorra explicitamente. “Dá para perceber que ainda falta muita coisa para melhorar aqui no bairro. Conheço algumas pessoas que tiveram essa doença, mas eu, ainda bem, nunca peguei”, disse Cláudio Murilo, morador da via.
Ele contou que tem grande preocupação com a qualidade da água armazenada nos dois reservatórios que foram colocados no quintal de sua residência, no bairro. Semanalmente, o morador afirmou que a troca da água é feita. “Além disso, os agentes de endemias vieram até aqui na semana passada e fizeram a verificação dos recipientes e outros itens”, disse.
[e-s001]Infectados
Residente desde a década de 1980 no bairro, o morador José de Ribamar Rosa disse que já contraiu a dengue. “Senti febre, dores no corpo e muita dor de cabeça. Como não tive aquela questão de falta de respiração, então permaneci em casa mesmo no começo. Quando fui no hospital, constataram que era dengue e me deram um remédio para febre e para dor”, afirmou.
O atendimento, segundo ele, ocorreu em instituição privada. “Como, graças a Deus, tenho plano de saúde, então consegui o atendimento. Aqui no bairro temos a unidade mista, mas que em alguns momentos não consegue atender a todos, até por causa do coronavírus”, disse.
Outros vizinhos do morador também relataram incômodos no corpo, como febre e moleza. “Mas a gente não sabe se era dengue, pois quando a gente chega no hospital, não sabe o que é. Então a gente prefere ficar em casa se recuperando”, disse Maria Tereza, também moradora do Coroadinho da Rua Manoel Alves de Abreu.
Homens mais acometidos
Conforme a Semus, os homens são maioria no acometimento de dengue na capital. Somente em 2020, segundo a pasta, foram 376 ocorrências em pessoas do sexo masculino e 361 pessoas do sexo feminino. Quanto a faixa etária, a doença atinge prioritariamente pessoas de 20 a 34 anos. No total, de acordo com a Semus, foram 233 pessoas incluídas nesta faixa de idade e que registraram dengue no ano passado.
Ainda não há explicação científica para o caso, considerando a forma de transmissão, mas, um dos principais fatores seria o perfil da população ludovicense, neste caso, que se configura com grande presença de pessoas na faixa etária predominante da doença. Segundo o Município, 50 pessoas acima dos 65 anos de idade tiveram dengue no ano passado na capital.
Em crianças
De acordo com a Semus, 114 crianças entre 1 a 9 anos de idade tiveram dengue em 2020. Segundo a pasta, o registro se baseia nas ocorrências em unidades hospitalares. Jovens residem no Coroadinho, principalmente, ao lado de valas com dejetos sendo lançados diariamente.
SAIBA MAIS
Casos de dengue por bairro – 2020 (os 10 com mais casos)
- Coroadinho – 132 casos
- Bom Jesus – 26 casos
- Anjo da Guarda – 21 casos
- Vila Embratel – 19 casos
- São Francisco – 14 casos
- Liberdade – 13 casos
- Vila Palmeira – 13 casos
- Pedrinhas – 13 casos
- São Bernardo – 12 casos
- Jardim São Cristóvão – 12 casos
- 20-34 anos – 233 casos
- 35-49 anos – 148 casos
- 50-64 anos – 96 casos
- 15-19 anos – 62 casos
- 5-9 anos – 47 casos
Saiba Mais
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