Sem festa, menos doença

Suspensão do Carnaval deve reduzir casos de dengue na capital

Explicação está na queda do chamado "fluxo migratório", já que, em tese, serão menos pessoas circulando pelas diferentes cidades do MA

Thiago Bastos / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17

São Luís - A suspensão das festas de Carnaval em todo o estado e a revogação das portarias que poderiam determinar pontos facultativos em virtude da folia de Momo em São Luís e no interior maranhense devem contribuir para a redução do número de casos de dengue na capital.

A explicação está na queda do chamado “fluxo migratório”, já que, em tese, serão menos pessoas circulando pelas diferentes cidades do estado, o que dificulta a disseminação do vírus causador da dengue e outras arboviroses.

Inicialmente, a medida tomada pelos órgãos da administração pública (no caso de São Luís, pela Prefeitura) visava o controle do coronavírus, mas conforme apontam infectologistas e especialistas no assunto, as consequências também serão positivas no caso da dengue.

Na prática, a ausência do Carnaval deverá reduzir o chamado índice de infecção que, no caso da dengue, será abaixo da média normal, em se tratando de feriados, para a festa, que tradicionalmente registra aglomerações diante da efetiva programação.

Por enquanto, a Prefeitura de São Luís, por meio da Secretaria Municipal de Saúde (Semus) não estima um percentual de queda nos casos, por causa da anulação da programação de Carnaval.

Segundo o coordenador do Programa de Arboviroses de São Luís, Pedro Tavares, a redução nos índices de circulação de pessoas, ocorre no início do período chuvoso, na capital, justamente quando costumam aumentar os números da doença. “Com a intensificação das chuvas, é de conhecimento que aumenta a possibilidade de recipientes com acúmulo de água justamente das precipitações. Como os usuários não tem aquele costume de verificarem os recipientes em casa, os casos costumam aumentar, já que elevam os registros de ovos do mosquito transmissor”, disse o gestor.

Visitas “diferentes”
Por causa da pandemia, o planejamento do Município foi revisto a partir do segundo quadrimestre do ano passado, para a visita de agentes às residências. Além da inclusão de novos equipamentos na rotina dos profissionais (máscaras e frascos de álcool gel para higienização das mãos, por exemplo), a conduta ao chegar à residência também foi alterada.

Assim que o agente é identificado pelo morador, é recomendado que ele seja orientado para se encaminhar até o local em que estão os reservatórios. Neste caso, é estabelecido um distanciamento entre o responsável pelo imóvel e o profissional de saúde.

O Estado acompanhou trabalho de visitação dos agentes na quinta-feira, 4, no bairro Vila Palmeira, que está na lista dos 10 com maior registro de casos de dengue na cidade. Em aproximadamente duas horas, mais de 30 residências foram monitoradas.

Nos imóveis, os agentes verificavam bueiros e principalmente reservatórios de água. Em praticamente todos os casos, e com o consentimento do morador, era aplicado o larvicida (que mata as larvas do Aedes). Após a visita, é feito o registro em ficha fixada no imóvel.

Apesar das medidas de restrição social, as visitas deverão prosseguir, com base em cronograma estabelecido pela Semus. Também acontece, em paralelo, o trabalho de nebulização espacial, com a circulação dos carros fumacê.

Período de alerta
Em 2020, fevereiro foi o mês com maior número de casos de dengue. Somente no período no ano passado foram 235 ocorrências da doença. “Isso se explica pela intensificação do período chuvoso na capital”, explicou Pedro Tavares.

O gestor alerta ainda acerca do fato de que as arboviroses registram sintomas semelhantes às da Covid-19. “É aconselhável que, assim que se manifestarem os primeiros sintomas, a população procure um posto de saúde para a avaliação clínica”, disse.

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Queda no número de casos é de 30% em SL

Os casos de dengue na capital maranhense tiveram redução de aproximadamente 30% em um ano. De acordo com levantamento da Secretaria Municipal de Saúde (Semus), enquanto que em 2019, foram confirmadas 1.045 ocorrências da doença, no ano passado (de janeiro a dezembro) foram 737 pessoas infectadas.

A atualização dos dados ocorreu pelo Programa de Combate às Arboviroses da Semus que, periodicamente, atualiza os dados referentes ao controle da dengue, zika e chikungunya pelo Levantamento Rápido de Índices para o Aedes aegypti (LIRAa), uma metodologia que permite uma amostragem das enfermidades em determinado período.

Ainda segundo a Semus, houve queda de 63% de ocorrências de zika de 2019 para 2020 (176 para 64 casos notificados) e de 74% nos casos de febre chikungunya (de 187 para 49 casos confirmados). Em todo o ano passado, a pasta municipal ressalta que foram registrados apenas dois óbitos relativos às arboviroses, sendo um por dengue e outro por chikungunya.

Para o secretário de Saúde de São Luís, Joel Nunes, a queda nos índices é um estímulo para que a atual gestão mantenha os dados positivos.

“Sem dúvida, foi necessário um replanejamento do setor para se adaptar às medidas sanitárias necessárias e, ao mesmo tempo, prevenir a população quanto ao mosquito transmissor das arboviroses, em especial a dengue. Nossa meta é manter este importante trabalho, ampliando as áreas de cobertura”, afirmou.

FIQUE ATENTO

Normalmente, o primeiro sintoma da dengue é a febre alta (39° a 40°C) de início repentino, que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada por dor de cabeça, dores no corpo e articulações, fraqueza, dor nos olhos e erupções cutâneas. Alguns destes sintomas também são observados nos casos de zika e febre chikungunya.

NÃO CONFUNDA

Sintomas Dengue

  • Febre alta (39° a 40°C) de início repentino, que geralmente dura de 2 a 7 dias,
  • Dor de cabeça
  • Dores no corpo e articulações
  • Fraqueza
  • Dor nos olhos
  • Erupções cutâneas
Sintomas coronavírus

  • Tosse
  • Febre
  • Coriza
  • Dor de garganta
  • Dificuldade para respirar
  • Perda de olfato
  • Alteração do paladar
  • Cansaço
Fonte: Ministério da Saúde (MS)

Dados arboviroses

Dengue

2019 – 1045 casos
2020 – 737 casos

Chikungunya

2019 – 187 casos
2020 – 49 casos

Zika

2019 – 176 casos
2020 – 64 casos

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde (Semus)

Meses com maior incidência de casos de dengue em 2020

Fevereiro – 235 casos
Março – 158 casos
Abril -125 casos
Janeiro – 92 casos
Maio – 24 casos

Fonte: Secretaria Municipal de Saúde (Semus)

Números

30% foi a redução do número de casos de dengue na capital

737 casos de dengue em 2020 em São Luís

49 casos de febre chikungunya ocorreram em 2020

64 ocorrências de zika na capital no ano passado

235 foi o número de pessoas infectadas pela dengue em fevereiro

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