Opositor de Putin

Justiça da Rússia condena Navalny a passar mais de 2 anos na prisão

Ativista contrário o governo de Vladimir Putin já havia cumprido doze meses da pena em casa, mas um tribunal entendeu que ele descumpria a liberdade condicional. Navalny é acusado por fraude fiscal

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Alexei Navalny conversa com seus advogados antes de audiência sobre a sua prisão em 2 de fevereiro de 2021
Alexei Navalny conversa com seus advogados antes de audiência sobre a sua prisão em 2 de fevereiro de 2021 (Alexei Navalny)

MOSCOU - O ativista russo Alexei Navalny foi condenado ontem,2, a passar dois anos e seis meses na prisão por violar uma liberdade condicional. O opositor de Vladimir Putin cumpre pena por fraude.

O advogado Alexei Navalny, de 44 anos, tem sido um crítico ferrenho do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Ativista político e blogueiro, ele se sentiu mal durante um voo e o avião fez um pouso de emergência em Omsk.

Navalny já havia sido condenado em 2014 a três anos e meio de prisão, e chegou a cumprir doze meses da pena em casa, segundo a agência russa RT. Entretanto, na decisão desta terça, um tribunal da Rússia entendeu que o principal opositor de Putin não se apresentou regularmente ao Serviço Penitenciário Federal.

O ativista foi preso em 17 de janeiro assim que desembarcou na Rússia, após passar meses na Alemanha se recuperando de um envenenamento pelo agente químico novichok. Navalny, que se contaminou com a substância em agosto na região russa da Sibéria, acusa o governo Putin de estar por trás da tentativa de envenenamento. O presidente nega.

A decisão foi anunciada dois dias depois de um dos maiores protestos da história contra Putin e contra a detenção do líder oposicionista terminar em mais de 5 mil prisões na Rússia. Mesmo com a tentativa do governo russo de desmobilizar a manifestação, com prisões de aliados de Navalny e fechamento de estações de metrô em Moscou, milhares foram às ruas da capital do país. Veja no VÍDEO acima.

Repercussão internacional

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, disse em um comunicado que seu governo está "profundamente preocupado" com a sentença dada a Navalny e exige a liberação imediata do opositor de Putin.

"Mesmo trabalhando com a Rússia para promover os interesses dos Estados Unidos, trabalharemos em parceria com nossos aliados e parceiros para responsabilizar a Rússia por não defender os direitos de seus cidadãos", disse a nota do Departamento de Estado americano.

Já o ministro britânico de Relações Exteriores, Dominic Raab, disse que o Reino Unido pediu a "libertação imediata e sem condições" de Navalny e de todos os manifestantes pacíficos detidos em protestos nas últimas semanas.

Acusação de fraude

Em 2014, Navalny foi condenado por fraude envolvendo 30 milhões de rublos, valor equivalente hoje a R$ 2,2 milhões, com a empresa de cosméticos francesa Yves Rocher. O ativista político nega a acusação, e diz que a Justiça agiu de maneira parcial por ele se opor a Putin.

Antes do julgamento desta terça, Navalny disse que foi preso devido "ao medo e ao ódio" imposto por Putin. O opositor afirmou ainda que o presidente russo ficará marcado na história por ser um "envenenador".

"Eu o ofendi profundamente apenas por sobreviver à tentativa de assassinado que ele ordenou", acusou Navalny. "A meta desta audiência é assustar um grande número de pessoas. Vocês não podem prender um país inteiro."

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