Editorial

Finalmente, Brasil vacina

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17

Depois do negacionismo do governo federal em relação à vacina e pandemia e o uso político do imunizante, finalmente o Brasil começa a vacinar - a melhor notícia do início da semana - contra a Covid-19, embora muito atrás de alguns países, que mais conscientes da gravidade da doença não mediram esforços para evitar mais mortes.

É bem verdade que ainda precisaremos usar máscaras, manter o isolamento social e o distanciamento. Mas temos ao menos uma notícia boa, 11 meses depois do início da pandemia. A CoronaVac, assim como as demais vacinas, significa segurança, em breve, para o retorno normal de diversas atividades, tão penalizadas pela Covid-19. Os dois milhões de doses da vacina da Oxford/Astra Zeneca, que serão importadas da Índia, vão reforçar essa luta.

Sem dúvidas, o colapso na Saúde da cidade de Manaus - que chegou a ser ignorado pelo Governo Federal - serviu para agilizar o início da vacinação no país, graças à iniciativa segura do governo de São Paulo que apostou na vacina chinesa CoronaVac - que, em alguns momentos, foi ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro. A enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, foi a primeira brasileira a receber a vacina. Ela foi voluntária nos testes do Instituto Butantan, quando recebeu placebo.

A aprovação da CoronaVac, com uma quantidade inicial distribuída aos estados, e a produção já acelerada no Instituto Butantan, historicamente a fonte da maioria das vacinas do país, mostram finalmente um horizonte positivo para a volta à normalidade. Cientistas e pesquisadores comemoraram a autorização dada pela Anvisa, afirmaram que as ressalvas são de praxe e pediram vacinação " para ontem".

E mais vacinas virão: a proposta da Fiocruz, que produzirá a vacina da AstraZeneca no Brasil, é entregar 100,4 milhões de doses até o final do primeiro semestre de 2021. No segundo semestre, a produção passará a ser 100% nacional na Fundação e mais 110 milhões de doses serão entregues ao Ministério da Saúde, totalizando cerca de 210 milhões de doses durante todo o ano.

Já com o Instituto Butantan, o Ministério da Saúde fechou um acordo de compra de até 100 milhões de doses da CoronaVac para o ano de 2021. O contrato garante a entrega inicial de 46 milhões de unidades, podendo ser renovado para a compra de outras 54 milhões de vacinas. O Butantan afirma que produzirá 1 milhão de doses da vacina por dia, e a expectativa é dobrar a produção a partir de maio.

A coordenadora no Brasil dos ensaios clínicos do imunizante de Oxford, Sue Ann Costa Clemens, afirma que o produto já apresenta eficácia de 70% na primeira dose. Isso possibilitaria que a segunda dose fosse administrada três meses após a primeira, de acordo com os estudos clínicos.

Já as vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna alcançaram uma eficácia de 90%. O mínimo de eficácia exigido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para uma vacina contra o coronavírus é de 50%. Apesar de as vacinas CoronaVac e da AstraZeneca/Oxford apresentarem uma eficácia geral menor que as da Pfizer/BioNTech e da Moderna, elas demonstraram, nos estudos clínicos, uma eficácia de 100% para evitar casos graves da Covid-19 e, consequentemente, os óbitos. Portanto, são seguras e eficazes para o principal objetivo de uma vacina, que é diminuir a circulação do patógeno e evitar óbitos causados por ele.

A microbiologista Natalia Pasternak afirma que ambas as vacinas trazem benefícios que superam, em muito, quaisquer riscos. É importante ter clareza desse fato: as vacinas são seguras. Perigoso é o vírus.

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