Preservação

''Depender da soja brasileira é endossar desmatamento da Amazônia'', diz Macron

Presidente da França diz que países europeus devem produzir e consumir sua própria soja para evitar a compra do insumo do Brasil, que, na visão de Macron, é feito a partir ''da floresta destruída''

Atualizada em 11/10/2022 às 12h17
Macron: " "Somos coerentes com nossas ambições ecológicas. Lutamos para produzir soja na Europa"
Macron: " "Somos coerentes com nossas ambições ecológicas. Lutamos para produzir soja na Europa" (Macron)

PARIS - O presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou ontem que "continuar dependendo da soja brasileira é endossar o desmatamento da Amazônia". Em mensagem nas redes sociais, o presidente francês disse: "Somos coerentes com nossas ambições ecológicas. Lutamos para produzir soja na Europa".

"Quando importamos a soja produzida a um ritmo rápido a partir da floresta destruída no Brasil, nós não somos coerentes", afirmou. "Nós precisamos da soja brasileira para viver? Então nós vamos produzir soja europeia ou equivalente", completou.

Na fala, o presidente francês não apresentou dados que corroborem com suas declarações. O G1 entrou em contato com os ministérios de Relações Exteriores, do Meio Ambiente e da Agricultura e aguarda posicionamento.

Macron tem dado declarações públicas de descontentamento com a política ambiental brasileira desde meados de 2019, quando as imagens das queimadas na Amazônia correram o mundo e aumentaram a pressão sobre o governo do Brasil em um momento em que a União Europeia negocia um acordo comercial com o Mercosul.

No auge da crise ambiental na região amazônica, Macron se desentendeu com o presidente Jair Bolsonaro, e os dois trocaram acusações públicas. O francês chamou as queimadas que ocorriam no país de "crise global" e disse que os países integrantes do G7 deveriam debater, com urgência, a questão. Em resposta, o brasileiro afirmou que o posicionamento de Macron evocava "mentalidade colonialista descabida no século 21".

Em mais um capítulo da pressão sobre as importações brasileiras, o governo francês decidiu no fim de 2020 se comprometer com produtores agrícolas do país a aumentar em 40% as áreas destinadas ao cultivo de plantas ricas em proteínas, inclusive leguminosas semelhantes à soja.

Cúpula da biodiversidade

Em setembro do ano passado, Emmanuel Macron usou a cúpula da biodiversidade da ONU (Organização das Nações Unidas) para criticar o desmatamento na Amazônia e insistir que é por uma questão ambiental que não ratificará o acordo comercial entre o Mercosul e a UE (União Europeia).
As farpas chegaram até ao lado pessoal. Em agosto de 2019, o perfil do presidente Jair Bolsonaro na rede social Facebook postou uma mensagem de risadas após um comentário ofensivo sobre a esposa do presidente da França, a primeira-dama Brigitte Macron, feito por um de seus seguidores.
Em um post em que falava da Amazônia, um dos seguidores da página do presidente postou uma montagem com duas fotos. Na de cima, Brigitte aparecia atrás de Macron e, na de baixo, o presidente aparecia com a primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro, à frente. Ao lado das fotos, há um texto dizendo "Entende agora pq Macron persegue Bolsonaro?

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