Editorial

Longa crise sanitária e econômica no radar

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18

O Boletim de Conjuntura de nº 25, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) traz como tema “Longa crise sanitária e econômica no radar”, numa análise de cenário que se apresenta atualmente a pandemia do novo coronavírus no Brasil, como ainda a partir da possibilidade de uma segunda onda.

Na Europa, a situação é muito preocupante, a chamada segunda onda acontece em praticamente todos os países do continente, sendo que as mortes pela Covid-19 cresceram 40% na última semana, frente à semana anterior, segundo informações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Ainda que o Brasil viva a primeira onda, a segunda é iminente. São Paulo, por exemplo, tem registrado crescimento dos casos de Covid-19 nos últimos dias. Até agora, segundo os dados oficiais, 5,6 milhões de brasileiros estão ou estiveram infectados pelo novo coronavírus e mais de 161 mil vidas foram ceifadas, número superior ao de mortos na Guerra do Iraque (2003-2011). No final de outubro de 2020, a cada três minutos morria um brasileiro por Covid-19.

Desse modo, prevê-se que a pandemia ainda se prolongue do ponto de vista sanitário no Brasil, podendo ter novamente impacto na economia. Para o Dieese, é imprescindível que o Governo Federal não repita o erro da primeira onda, com a negação da pandemia e a não ação coordenada com estados e municípios.

Além da questão de saúde pública, de óbitos, a pandemia fez o Brasil entrar num ciclo de retração econômica, em níveis históricos. Como efeito, resultou em queda na taxa de participação das mulheres na força de trabalho, que atingiu 46,3%, no final do segundo trimestre de 2020, menor resultado desde 1990.

Outro dado preocupante vem da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - Pnad Contínua/IBGE, que contabiliza 13,8 milhões de pessoas desempregadas (14,4% da População Economicamente Ativa). Ou seja, 1,1 milhão de pessoas a mais, em relação ao mesmo trimestre de 2019. Trata-se do pior resultado da série histórica.

Ainda na mesma base de comparação, a população desalentada (5,9 milhões) registrou crescimento recorde, com altas de 8,1% (mais 440 mil pessoas) em relação ao trimestre anterior e 24,2% (mais 1,1 milhão de pessoas) frente ao mesmo trimestre de 2019.

O número de empregados com carteira de trabalho assinada no setor privado (exceto trabalhadores domésticos), estimado em 29,1 milhões, foi o menor da série, caindo 6,5% (menos dois milhões de pessoas) frente ao trimestre anterior e 12,0% (menos quatro milhões de pessoas) ante o mesmo trimestre de 2019.

A inflação também foi afetada. De acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-IBGE) foi de 0,86%, em outubro, ficando 0,22 ponto percentual (p. p.) acima dos 0,64% de setembro. Esse é o maior resultado para um mês de outubro, desde 2002.

Para o IBGE, a crença do governo de que o pior já passou e que o mercado deve puxar a recuperação é preocupante e de risco elevado, tendo em vista que dentre os cenários, o mais provável até a efetividade da vacina, é o que exigirá aberturas e fechamentos da economia, com lockdowns parciais ou totais.

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