Capacitação

Lançado projeto que capacitará pessoas em situação de rua

Iniciativa é do Ministério Público do Trabalho no Maranhão em parceria com a DPE e a Semcas e beneficiará 22 pessoas, entre elas, dois venezuelanos refugiados

Evandro Júnior / O Estado

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18
Capacitação dará para alguns a segunda chance que precisam
Capacitação dará para alguns a segunda chance que precisam (pessoas em situação de rua)

São Luís - Mais de 20 pessoas em situação de rua serão capacitadas e inseridas no mercado de trabalho em São Luís pelo Ministério Público do Trabalho no Maranhão em parceria com a Defensoria Pública do Estado do Maranhão (DPE) e a Secretaria da Criança e Assistência Social de São Luís (Semcas). O projeto, intitulado “Da rua para uma nova vida: alimentando sonhos, gerando oportunidades”, foi lançado ontem, na sede da DPE, no centro de São Luís.

A primeira turma tem 22 participantes, incluindo dois venezuelanos refugiados, do Centro de Refugiados e Imigrantes de São Luís, que receberão formação técnica na área de culinária e capacitação humanística. O curso será dividido em duas etapas: parte psicopedagógica e parte prática. As atividades psicopedagógicas acontecerão de 28 de outubro a 5 de novembro, no Centro Pop de Acolhimento, no Centro. As aulas de culinária ocorrerão de 9 a 20 de novembro, das 14h às 18h, no Centro de Promoção Social da Assembleia de Deus, no Vinhais. O Senac será responsável pela formação técnica.

George Silva é um dos beneficiados. Ele conta que foi para as ruas depois de um desentendimento com a família. “Não aguentei a pressão e resolvi sair de casa. Para mim era mais fácil ir morar na rua do que ficar em casa. Foram cinco anos morando na rua. De um ano para cá, as coisas começaram a melhorar porque comecei a receber os benefícios do governo federal. Esse projeto é muito bem-vindo e sei que Deus está me abençoando e me dando uma segunda chance. Hoje, meu conselho para as pessoas é que busquem a Deus, por meio da oração”, disse.

Os venezuelanos são Ronni Martinez e Mari Carmem Arcia. Ronni, por exemplo, está no Maranhão há quase um ano e contou que veio com a mulher e o filho. “Passei cinco meses em Teresina e, depois, fui para a rodoviária de Timon, onde conheci uma moça que me trouxe para São Luís. Quando chegamos aqui, eu fiquei na casa dela, mas, depois, ela foi embora. Passei a contar com a ajuda de pessoas da igreja. Eu tenho muita vontade de fazer um curso de culinária e receber um certificado, pois já trabalhei em cozinha. Eu quero ficar aqui no Maranhão e pensar no futuro dos meus filhos”, disse o estrangeiro.

Dentre os pratos que os integrantes da oficina aprenderão estão comidas regionais e comidas de boteco. De acordo com a assistente social do Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado, Guadalupe Barros, o encerramento do curso está previsto para o dia 23 de novembro, com a entrega de certificados e sorteio de dez carrinhos para venda de lanche, completamente novos.

A iniciativa maranhense foi inspirada no projeto de empregabilidade “Mais Um Sem Dor”, promovido pelo MPT-GO, Justiça do Trabalho, Organização Internacional do Trabalho, Defensoria Pública e Senac. A experiência goiana envolve três projetos, que foram unificados: “Cozinha e Voz”, “Costurando Poemas” e “Longe das Ruas, Perto dos Sonhos”, todos com foco em população em situação de vulnerabilidade social.

No Maranhão, o projeto conta com o apoio da Rede Maranhenses de Diálogos Sobre Drogas, Senac, Consultório na Rua, Movimento População de Rua, Centro de Apoio Psicossocial - Álcool e Drogas, Assembleia de Deus do Vinhais, entre outros parceiros.

Na avaliação do defensor público do Núcleo de Direitos Humanos da DPE/MA Jean Nunes, o projeto se insere em um campo de corresponsabilidade social. “Se vivemos juntos, como disse Hannah Arendt, os problemas do outro são também os nossos. Para os desafios das cidades contemporâneas, precisamos construir soluções pautadas pela solidariedade”, observou.

A apresentação do projeto e os agradecimentos a todos os parceiros e instituições envolvidas couberam à assistente social da Defensoria Pública Guadalupe Barros, que integra a equipe do Núcleo de Direitos Humanos (NDH), responsável pela coordenação dos trabalhos na instituição.

Segundo o procurador Marcos Rosa, a inspiração é de uma experiência semelhante desenvolvida, com sucesso, no estado do Goiás. “Entendemos que também temos uma responsabilidade social muito grande de resgatar essas pessoas, contribuindo para elevar os indicadores do Maranhão, um estado marcado por muitas desigualdades”, declarou, lembrando da participação da procuradora do Trabalho Renata Océa, como uma das idealizadoras do projeto.

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