Editorial

A boa notícia

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18

A corrida para a descoberta de uma vacina segura para imunização da população contra a Covid-19 continua se destacando entre os assuntos mais divulgados em todo o mundo. E a boa notícia do início de semana fica por conta da Universidade de Oxford, conforme anunciou ontem, 26, o jornal Financial Times: a vacina produzida pela conceituada instituição, em colaboração com a empresa AstraZeneca, gera uma resposta robusta na imunidade entre idosos, assim como em adultos numa faixa etária mais jovem.

De acordo com publicação, os resultados entre os idosos apresentou uma eficácia similar àqueles que têm entre 18 e 55 anos e os dados oficiais serão divulgados em breve em "revistas científicas". A boa notícia é que os mais velhos também conseguem ativar os anticorpos protetores e as células T, assim como os mais jovens.

Lembrando que os idosos estão entre o grupo de mais alto risco para contrair o novo coronavírus e são a faixa etária que mais apresenta óbitos em todo o mundo. Por conta disso, a maior parte das vacinas em teste estão separando os voluntários em grupos de pessoas entre 18 e 55 anos e em outro apenas por pessoas acima dessa idade. Isso porque, com o passar dos anos, o corpo humano vai perdendo a capacidade de autodefesa e os cientistas querem entender a eficácia da imunização.

E já que o assunto pandemia continua em destaque, o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom, usou seu discurso de abertura da Conferência Mundial de Saúde para criticar a postura de alguns países. Segundo ele, o nacionalismo da vacina vai prolongar a pandemia da Covid-19 e a única maneira de se recuperar mais rapidamente é nos recuperando juntos. Ele ainda acrescentou que "é natural que os países queiram proteger seus cidadãos primeiro. Mas se e quando tivermos uma vacina eficaz, também devemos usá-la de maneira eficaz. E a melhor maneira de fazer isso é vacinar algumas pessoas em todos os países do que todas as pessoas em alguns países".

O discurso chamou atenção para a condução política dos países durante a pandemia. No entendimento de Tedros, a Covid-19 está jogando luz às decisões que nós e nossos formuladores de políticas tomamos não apenas hoje, mas também no passado. Muitos dos países mais ricos do mundo, com alguns dos sistemas de saúde mais avançados, foram derrubados por este vírus.

O posicionamento do diretor-geral da OMS faz lembrar a recente declaração do presidente brasileiro Jair Bolsonaro ao negar a compra da vacina chinesa CoronaVac pelo Governo Federal. Sobre isso, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta classificou o posicionamento do chefe do Executivo como "míope" e "mais um capítulo da coletânea de erros".

Mandetta, que já esteve à frente da pasta da Saúde, destacou que é papel do líder ajudar a solucionar o problema e não "jogar pedra". Para o ex-ministro, Bolsonaro está penalizando a pesquisa, a ciência e mais uma vez a tentativa do povo brasileiro de ter a volta da sua vida ao normal - ou seja, em vez de estar ajudando a solucionar o problema da produção de vacinas, porque mesmo que o Instituto Butantan produza 46 milhões de doses da CoronaVac, ainda é insuficiente para a população brasileira, e em vez de jogar pedra e sabotar, ele tinha que procurar alternativas para produzir mais.

Demitido do cargo em abril por não se alinhar ao posicionamento do presidente, Mandetta descreve que as interferências são constantes e não será "a primeira ou a última vez que ele fará". A condução do presidente frente à pandemia é uma coletânea de erros e esse é mais um capítulo. Mas a mesma coisa acontece na Educação, no Meio Ambiente, na Segurança Pública. E isso vai aumentando a coleção de maus exemplos.

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