Editorial

Jogo sujo na campanha

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18

Com a intensificação da campanha eleitoral para prefeito no Maranhão, começam a vir à tona atos cometidos por grupos políticos com a intenção de minar as chances de adversários e levar vantagem nas urnas. As investidas vão desde a divulgação de informações falsas (fake news) até tentativas de intimidação com uso da polícia e danos em obras públicas para prejudicar gestores que disputam a reeleição. Pelo menos quatro episódios recentes demonstram quanto o jogo sujo tende a predominar na sucessão municipal até 15 de novembro, dia da votação.

Em Paço do Lumiar, por exemplo, a oposição à prefeita Paula Azevedo, que tenta renovar o mandato, foi acusada de ter cometido um ato de vandalismo contra uma obra de asfaltamento no bairro Caiaré. Os próprios operários que executam o serviço apontaram como autores do crime pessoas ligadas ao grupo político adversário da gestora municipal. A comunidade Caiaré existe há décadas e desde a fundação clamava por melhor infraestrutura. Mas só agora, na atual administração, os apelos foram atendidos e as ruas da localidade estão sendo asfaltadas.

Além de danificarem a camada asfáltica recém-aplicada a golpes de picareta, os acusados furtaram cones de sinalização e materiais usados na execução do serviço. Ao se depararem com o dano, populares classificaram o ato como desespero de políticos que já estão perdendo a esperança de vitória na próxima eleição, prova de que o povo tem se deixado levar por baixarias, truculência e outras artimanhas, violentas ou sutis.

Em Bom Lugar, próximo a Bacabal, a prefeita Luciene Costa, que também concorre à reeleição, denunciou, semana passada, o que chamou de mais um ato abusivo e de clara motivação política contra a sua candidatura, com uso da Polícia Civil para persegui-la e intimidá-la. Em vídeo, a gestora relatou que cinco viaturas e cerca de 20 homens encapuzados invadiram a sua casa e a residência de um dos seus filhos, com emprego injustificado da força, causado grave trauma em seus familiares.

Luciene Costa contou que, a pretexto de fazer uma busca por armas e drogas, os policiais quebraram a porta do quarto do seu filho mais novo. Nada foi encontrado, mas, segundo ela, ficou evidente que a abordagem foi mais uma tentativa de intimidação perpetrada contra a sua campanha, já que disputa o segundo mandato com chances de vitória.

Em Caxias, outro ato deixou evidente que certos políticos estão dispostos a tudo na disputa pelo poder. Principal adversário do prefeito Fábio Gentil, o deputado estadual Adelmo Soares ajuizou ação na Justiça Eleitoral para tentar barrar o Natal Iluminado de Caxias, cuja estrutura começa a ser montada desde agora, tamanha a grandiosidade e complexidade do evento. A atitude de Adelmo é repudiada pelo grupo que apoia o prefeito e pela maioria da população, que reconhece no Natal Iluminado um meio de dar visibilidade à cidade, pois atrai um número expressivo de turistas, gerando aumento de receita com o maior fluxo de visitantes, sem contar a projeção nacional alcançada, graças às ornamentação esplendorosa e ao capricho da programação.

Até em São Luís percebem-se movimentos de candidatos para prejudicar oponentes. Um deles foi a falsa denúncia feita pelo deputado estadual Duarte Júnior contra o deputado federal Eduardo Braide, líder de todas as pesquisas eleitorais para prefeito, no debate promovido na noite da última terça-feira, 20, por O Estado, em parceria com o portal Imirante.com. Em uma de suas participações, Duarte acusou Braide de responder a um inquérito na Polícia Federal por ter supostamente mantido, quando membro da Assembleia Legislativa, um vigilante do seu sítio como assessor em seu gabinete, informação publicada, inclusive em rede social. Mas logo a fake news foi desmentida, pois o documento viralizado não contém o nome Eduardo Braide, e sim Carlos Braide, seu pai.

Diante de tanto jogo sujo e da tensão e risco provocados pela troca de hostilidades, torna-se providencial e urgente a intervenção da Justiça Eleitoral, do Ministério Público Eleitoral, da Polícia Federal, das Forças Armadas e de todas as outras instituições e autoridades públicas com competência para atuar e impedir que o pior aconteça.

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