Editorial

Aglomerações e reaceleração

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18

As mortes causadas pela Covid-19 vem registrando alta progressiva no Maranhão nas últimas semanas e os casos, que outrora estavam em queda no estado, chegaram a estar em alta e, no momento, apresentam estabilidade, o que, segundo especialistas, ainda é uma situação preocupante. No intervalo entre 22 de agosto e 22 de setembro, houve aumento de 18% do número de óbitos, segundo levantamento feito pelo consórcio de veículos de comunicação, com base nos boletins epidemiológicos divulgados diariamente pela Secretaria de Estado da Saúde (SES).

O aumento das mortes em decorrência da infecção pelo novo coronavírus no Maranhão reflete o cenário de aglomerações constatado nas ruas. Com a flexibilização das normas sanitárias adotadas para contenção da pandemia, grande parcela da população voltou a se concentrar em diversos lugares, muitas vezes, sem a devida proteção. O resultado é a maior letalidade do vírus constatada agora, com prevalência crescente da transmissão do vírus entre os mais jovens, que se expõem muito mais ao ambiente externo e acabam aumentando o risco de contágio nos lares, uma ameaça aos idosos, mais reclusos.

Além do Maranhão, seis estados apresentam aceleração do número de mortes por complicações da infecção pelo novo coronavírus há três dias. Eram eles Amazonas, Amapá, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro. Em todos, os fatores que levaram à elevação dos óbitos são os mesmos: as aglomerações, combinadas à negligência em relação às medidas preventivas. Terrenos férteis para a propagação do novo coronavírus, essas unidades da federação vêm se alternando, dia após dia, entre os cenários de alta e estabilidade, sem que seus governantes sejam capazes de conduzi-los à situação de queda.

No início da quarta semana de agosto, o Maranhão havia registrado 3.340 mortes por Covid-19. Em um mês, houve mais 330 óbitos, uma média de 11 por dia. O número de casos confirmados da doença contabilizado até anteontem no estado foi de 168.913, com 965 testes positivos notificados em 24 horas. Foram 100 na Ilha de São Luís, 62 em Imperatriz e 803 nos demais 212 municípios maranhenses.

E tudo indica que a pandemia se tornará ainda mais presente e perigosa no Maranhão. Dados da plataforma digital de geolocalização Inloco, que mede o isolamento social a partir de uma base de 60 milhões de celulares, apontaram que no Maranhão o índice estava em 35,4% ontem. Em março, a taxa chegou a 54,8%, o que indica que em seis meses, houve uma queda brusca de quase 20% do isolamento social no estado. E, pelo que se vê nas ruas, os números podem ser ainda mais desfavoráveis, o que torna a ameaça ainda mais grave.

É preciso que as autoridades públicas de saúde do Maranhão revejam seus critérios e adotem novas estratégias para conter a transmissão e as mortes causadas pela Covid-19. Com a campanha eleitoral batendo as portas e as aglomerações testemunhadas na maioria das convenções partidárias, corre-se o risco de uma reaceleração do contágio ainda mais expressiva. Seria oportuno, também, dar bom exemplo, coisa que faltou ao secretário de Estado da Saúde, Carlos Eduardo Lula, flagrado vibrando e dançando sem máscara sobre o palanque de um aliado, em recente ato político que homologou a candidatura de um de seus aliados no interior do estado.

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