Se os fundamentos da Economia estão corretos, por que os resultados não correspondem? Qual é o problema: estamos usando e/ou combinando mal a teoria existente ou precisamos de novas formulações?
Quando se estuda a Teoria do Consumidor parte-se do pressuposto do comportamento racional, da psicologia em relação à oferta e demanda, para que se possam compreender certas conjunturas. Agora, economistas premiados com o Nobel defendem a tese da influência da psicologia nas relações de mercado.
O Brasil tem experimentado as agruras de uma política cambial contraditória: quando do advento do Real, houve a “farra” das importações àquela altura mais baratas para o nosso país. Fazia sentido, pois precisávamos atualizar tecnologicamente o nosso parque industrial e fortalecer o mercado interno; as exportações e o consumo doméstico passariam a crescer movidos pela modernização das indústrias e pela geração de emprego e renda. Não foi o que aconteceu.
Atualmente a situação inverteu-se e beneficia as exportações; porém, sem preço e termos de competição, nada feito. E ainda perdemos a oportunidade de modernizar o nosso parque industrial.
A primeira desvalorização do Real visou restabelecer o equilíbrio comercial. Foi a abertura feita “antes tarde do que nunca”. Então invertemos a mão, mas as empresas não responderam suficientemente ao poder dos concorrentes de outros países. Se a balança comercial não gera dólares, recorre-se aos investimentos diretos e/ou aos empréstimos via aumento da dívida pública.
Os investimentos, agora, feitos por organizações transnacionais que se instalaram após o processo de privatização principalmente, exigem a contrapartida das importações, que pressionam o dólar. O processo de endividamento torna-se, assim, inexorável. E a conjuntura internacional recessiva, com alguns países desenvolvidos desacelerando sua economia, concorrem para agravar o drama vivido pelo Brasil.
Certo estava John Maynard Keynes, criador da Macroeconomia, que sempre advogou a presença do Estado na economia, como mecanismo capaz de injetar recursos quando a iniciativa privada não conseguisse faze-lo. Hoje, no Brasil, essa presença do Estado resume-se ao exercício de um poder regulador nem sempre eficiente.
Estamos privatizando, desnacionalizando nosso patrimônio e continuamos devendo muito. Fizeram ainda contratos garantindo reajustes automáticos para os chamados “preços administrados”, por exemplo, que encarecem o custo de vida, mas não são computados nos índices oficiais de inflação. E, agora, com a crise cambial, os preços livres estão sendo contaminados numa generalização que torna evidente o recrudescimento de um processo inflacionário.
Estão praticamente esgotados os tradicionais instrumentos de política monetária, para conter a alta do dólar; além disso, já “queimamos” boa parte das nossas reservas. Como vamos sair desta? A saída? Onde está a saída?
Vamos torcer que prevaleça a teoria microeconômica e que os agentes que fazem a economia, vencidas as etapas da crise atual, imediatamente revertam as expectativas de quem tem comportamento racional e age psicologicamente diante dos mercados.
Antônio Augusto Ribeiro Brandão
Economista, membro Honorário da ALL e da ACL, filiado à IWA e ao Movimento ELOS Literários
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