Editorial

Sob pressão ambiental

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18

Pela primeira vez em seus 75 anos, a ONU (Organização das Nações Unidas) não verá, nesta terça-feira, 22, os discursos dos chefes de Estado ao vivo e presencialmente em sua sede em Nova York (EUA). E a abertura do evento ocorrerá com discurso gravado pelo presidente Jair Bolsonaro, que está sob forte pressão ambiental pelas queimadas na Amazônia e no Pantanal, e ainda sobre o desempenho do seu governo na condução de medidas contra a pandemia do coronavírus.

Segundo pessoas ligadas ao Planalto, Bolsonaro vai defender sua atuação na pandemia e dizer que as críticas a ela eram mera perseguição política. A recente tendência de queda no número de novos contágios e mortes no país deve dar ao presidente subsídios para argumentar que a situação do Brasil parece sob controle.

Ele também deve dizer que graças à sua resistência em determinar a paralisação das atividades econômicas e ao auxílio-emergencial de R$ 600 mensais recebido por mais de 60 milhões de brasileiros, o chamado "coronavoucher", a economia brasileira seguiu em funcionamento e as perspectivas de recessão do país não são tão severas quanto as de outras nações emergentes, como a Índia.

Não custa lembrar que o Brasil atingiu mais de 4,5 milhões de infectados e quase 137 mil mortos por Covid-19 e o governo brasileiro adotou postura contrária a medidas de isolamento social e ao uso de máscara, recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). E mais: advogou por tratamentos à doença sem comprovação científica, como a hidroxicloroquina.

Bolsonaro deverá dizer que o país não só teve um bom desempenho doméstico na crise sanitária como garantiu a segurança alimentar de um bilhão de pessoas ao redor do mundo graças ao agronegócio nacional, alvo real daqueles que criticam a atual gestão ambiental brasileira, segundo a interpretação do governo.

Querendo se mostrar bem na fita, o presidente deve lembrar ainda que, mesmo diante da crise, o Brasil cumpriu um papel pelo qual merece respeito internacional: forneceu alimentos para uma série de países no mundo. O presidente tem dito que se tivesse continuado a fazer demarcações de terra indígena, essa produção não seria possível.

No ano passado, para contrapor acusações de que desrespeitava os direitos dos povos indígenas, Bolsonaro levou ao plenário da Assembleia Geral a jovem liderança indígena Ysani Kalapalo, que hoje se diz decepcionada com o presidente. E em seu discurso, atacou o líder indígena caiapó Raoni Metuktire, a quem acusou de ser manipulado por ONGs e governos estrangeiros com interesses escusos na Amazônia.

De acordo com analistas internacionais, o discurso de Bolsonaro pode ser ainda eclipsado pelo de Donald Trump. Concorrendo à reeleição a menos de 50 dias, o republicano não deve desperdiçar a oportunidade de se dirigir diretamente ao eleitorado americano em seu discurso na Assembleia Geral da ONU.

Uma boa notícia: o Instituto Butantan vai receber nos próximos dias cinco milhões de doses da CoronaVac, a vacina da chinesa Sinovac contra a Covid-19. O medicamento, será envasado e ficará pronto para aplicação, dependendo apenas do fim dos testes e liberação da Anvisa. Já o governo federal confirmou a intenção de aderir à iniciativa global pelo imunizante, a Covax Facility. A iniciativa inédita, co-liderada pela OMS, tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento de vacinas e ajudar na produção e distribuição mais eficaz e justa por todo o mundo.

A média móvel de óbitos por Covid-19 caiu em 12 estados e apresentou estabilidade em outros 14, em comparação com duas semanas atrás. No Maranhão, a situação é considerada estável

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