Editorial

Ignorância e desrespeito

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18

Os veículos de imprensa noticiam que as taxas de infecção provocadas pela Covid-19 caíram no Brasil, mas as autoridades médicas alertam que isso não pode ser visto como um controle absoluto da pandemia. E alertam: essa queda só se manterá se as restrições forem respeitadas pela população e afrouxadas de forma gradual pelas autoridades.

Mas o que tem sido visto a cada dia é o comportamento cada vez mais liberal das pessoas, agindo como se a pandemia já tivesse passado, o que é um erro e pode ter consequências graves para toda a população. É muita gente aglomerada e sem máscara nas ruas e nas praias e nas filas - a exemplo do que ocorre em frente das agências da Caixa, onde muitos esperam pelo pagamento do auxílio emergencial. Não faltam alertas sobre a doença, mas o que existe claramente é ignorância e desrespeito até mesmo para com aquelas pessoas que procuram se proteger usando o acessório facial. O preço a pagar por essas e outras imprudências pode ser extremamente elevado.

A média móvel de novos casos de Covid-19 no Brasil teve queda em 21 dos 27 estados, ficou estável em cinco regiões e registrou alta somente no Rio Grande do Sul, em comparação com os dados registrados há duas semanas. O Maranhão registra queda.

Em abril, o Ministério da Saúde previu que a curva epidemiológica começaria a baixar em junho ou julho, mas como as medidas para conter a Covid-19 não foram tomadas no tempo certo, o pico da pandemia se transformou em um platô, matando por semanas mais de mil pessoas por dia.

Em recente entrevista, o epidemiologista Pedro Hallal disse que, ao contrário de países da Europa que conseguiram conter a disseminação do vírus por meio de políticas de saúde pública rigorosas, a queda das mortes na média móvel brasileira é resultado do que os cientistas chamam de "história natural da doença".

Hallal lembrou que o governo brasileiro fez pouca política de isolamento, falhou com a saúde pública e não conseguiu conter o vírus, que diminui a sua disseminação naturalmente quando atinge o seu próprio limite. É o que está acontecendo neste momento no Brasil, que descumpriu sistematicamente as recomendações da ciência, como lockdown e distanciamento social.

Causou grande repercussão mundial a pausa dos estudos com a vacina desenvolvida pela AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford. Especialistas e agências regulatórias garantem que a prática é comum. No Brasil, a Agência Nacional de Saúde - Anvisa emitiu um comunicado onde diz que este procedimento já estava previsto. Além disso, o secretário de Saúde do Reino Unido, Matt Hancock, revelou que a vacina de Oxford já havia passado por outra suspensão e que a dessa semana, causada após uma voluntária apresentar sintoma neurológico grave, não representa um retrocesso. Os testes devem ser retomados em até uma semana.

O secretário executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco Filho, garante que o contrato para aquisição da vacina contra a Covid-19 firmado com a AstraZeneca não sofrerá alteração e afirmou que o acordo de encomenda tecnológica já foi assinado. O Brasil tem um acordo com a farmacêutica que garante acesso a 100 milhões de doses da vacina, das quais 30 milhões seriam entregues entre dezembro e janeiro e 70 milhões, ao longo dos dois primeiros trimestres de 2021.



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