Editorial

As falsas teorias

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18

A grande concentração de público nas praias e em outros locais de São Luís durante os feriados prolongados - como o final de semana demonstrou - o maranhense já retornou completamente às atividades sociais e está alheio às medidas restritivas para evitar a contaminação pela Covid-19. Para muitos, a pandemia acabou - o que não é verdade.

A situação em São Luís não é diferente do que vem ocorrendo em outras cidades do país. Nem as limitações e restrições impostas na tentativa de conter a disseminação do novo coronavírus impedem as aglomerações, principalmente na orla marítima que reúne grande número de bares e restaurantes.

A cada dia o uso de máscara está sendo relaxado, deixando transparecer uma situação de normalidade. Uma pesquisa do Ibope divulgada na última terça-feira, 8, revelou que que 83% dos brasileiros das classes A, B e C concordam que as pessoas devem respeitar os protocolos de segurança para conter a Covid-19. É aquele antigo adágio: “Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. A pesquisa contrasta com o cenário visto neste final de semana na Região Metropolitana da Ilha. A impressão que se tem é que existe uma grande certeza de que a vacina está bem próxima e que a Covid-19 “perdeu força”, já não mata como antes.

Uma pesquisa da ONG Avaaz feita pelo Ibope mostra que um em cada quatro brasileiros resiste à ideia de tomar vacina quando o imunizante estiver disponível. As principais razões para a possível recusa são dúvidas quanto à segurança e eficácia do imunizante e teorias sem base científica como manipulação genética, implantação de um chip por meio da vacina e até a hipótese de que o produto seria feito com fetos abortados. Especialistas defendem que governos, comunidade científica e plataformas de tecnologia melhorem a comunicação com a população.

O medo é, de fato, um dos principais recursos das postagens contrárias à vacina. A disseminação de desinformação sobre a Covid-19 já está ameaçando uma eventual política de vacinação contra o coronavírus. Os números da pesquisa continuam assustadores. Mostram que, antes mesmo de termos uma vacina aprovada, alguns grupos já estão articulados nas redes para espalhar informações falsas, sem embasamento teórico ou científico, que colocam medo nas pessoas.

Mil pessoas foram entrevistadas entre os dias 27 e 29 de agosto em todas as regiões do país. Do total de participantes, 75% disseram que tomarão a vacina com certeza, 20% afirmaram que talvez tomem e 5% relataram que não receberão o imunizante de jeito nenhum - o que indica, portanto, 25% de recusa ou incerteza sobre a imunização. A margem de erro da pesquisa é de três pontos percentuais, para mais ou para menos.

Em se tratando de vacina, os testes do imunizante desenvolvido em conjunto pela Universidade de Oxford e pela farmacêutica AstraZeneca foram suspensos temporariamente. A farmacêutica esclareceu que o protocolo de segurança foi acionado após um dos voluntários no Reino Unido apresentar reação adversa que pode estar vinculada à vacina, que é a principal aposta do Ministério da Saúde para imunizar a população brasileira. A campanha de vacinação está prevista para janeiro de 2021.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), responsável por autorizar os testes no Brasil, disse ter sido avisada da suspensão. Por sua vez, a Fundação Oswaldo Cruz informou que foi informada pelo laboratório britânico e que vai acompanhar os resultados das investigações para se manifestar oficialmente.

Já a Rússia liberou nesta terça-feira, 8, o primeiro lote de sua vacina contra o novo coronavírus para circulação mesmo sem concluir todos os testes clínicos necessários para a aprovação do imunizante. O anúncio foi feito pelo Ministério da Saúde russo, que afirmou que a proteção “passou nos testes laboratoriais de qualidade necessários”.



Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.