Opinião

Minha querida Ilha do Amor.

Luiz Thadeu Nunes e Silva

Atualizada em 11/10/2022 às 12h18

Nestes dias de pandemia por causa de um vírus: minúsculo, invisível e letal, que saiu de uma feira de víveres na distante China, e anda pelo mundo todo, sem pagar passagem, não precisar de passaporte, não respeitar leis ou regras; estou em casa, em São Luís do Maranhão, minha Ilha do Amor, há seis meses, recluso, desde que desembarquei de um giro pela Europa em março.

Ouço com frequência a pergunta: “Como está tua abstinência, por não poder viajar?”. Estou bem, produzindo, grato a Deus por ter uma família, uma casa para morar, esperançoso que liberem a vacina, a vida siga seu fluxo, volte a viajar.

Somos seres de travessia, você e eu caro leitor, viajantes no tempo e no espaço, e no momento que não podemos mudar o que aí estar, não resta outra coisa, não ser se adaptar.

São Luís é o meu Porto Seguro, cidade onde nasci, fui criado, estudei, me graduei, constituí família, tenho raízes. Através das andanças pelo mundo, aprendi a cada retorno, olhar o quê de mais belo nossa cidade possui, tem muita coisa boa.

Somos uma Ilha, banhada pelo Atlântico, rica em cultura, de um povo amável e gentil, da melhor gastronomia do mundo, de um português falado gostoso e sonoro, de miscigenação plena: mistura lusitana, indígena, africana, que resultou em um povo alegre, festeiro, comunicativo. Você conhece ludovicense que não goste de falar, de contar histórias e estórias? Somos Forrest Gump por natureza e berço.

Para quem teve a oportunidade de andar pelo mundo, educar olhos e ouvidos para o belo, me encanta cada canto de nossa quatrocentona cidade.

Ouço sempre, de pessoas que não saíram daqui, quando algo de ruim acontece, “isso só acontece aqui”, como sinônimo de algo atrasado, e digo: “Isso acontece em qualquer lugar do mundo”. Já presenciei tantas coisas esdrúxulas, nos mais diferentes lugares do mundo, que penso, nunca vi isso em minha terra.

São Luís é a minha casa, o mundo o meu quintal. Viajar é muito bom, mas a melhor parte é voltar pra casa, comer caranguejo no toc toc, peixe frito com arroz de cuxá e tomar Cola Jesus. Sim, sou da época da Cola Jesus, “o sonho cor de rosa das crianças”. Sorvete de coco, doces de espécie vendido pelos ambulantes, são iguarias que não se encontra em nenhum lugar do mundo.

Temos problemas? Sim, muitos, que ainda são pequenos se comparamos com outras capitais, e não me refiro ao Rio ou a São Paulo, mas às mais próximas: nosso índice de violência urbana é pequeno, não temos turismo sexual, nosso trânsito não é caótico, podemos andar sem neurose. Se você caro leitor não vê isso no seu cotidiano, olhe com calma, eduque seu olhar para perceber que ainda temos uma cidade pacata. Somos privilegiados em morarmos em um lugar bucólico.

Sou turista em minha cidade e viajante do mundo; sair pelas ruas estreitas, becos, escadarias, do Centro Histórico, testemunha de belas histórias de pessoas queridas que já partiram, em transe percorro no labirinto da memória, tempos gostosos que não voltam mais. Somos terra de cultura, com o melhor São João do Brasil.

Criei o hábito de registrar em fotografias entardeceres, que são únicos, que o Criador teima em renovar todo final do dia.

Sou ludovicense de corpo e alma, torcendo sempre para que as coisas melhorem, se preserve o que temos de melhor, pois é aqui que escolhi para viver, criar meus filhos, e esperar pelos meus netos.

Parabéns, São Luís do Maranhão, Ilha de Upaon-Açu, Athenas Brasileira, Cidade dos Azulejos, Ilha Magnética, Ilha Rebelde, terra de encantos mil. Meu torrão nata, minha querida Ilha do Amor.

*Eng. Agrônomo e viajante, já visitou 143 países em todos os continentes.

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