Editorial

O vírus ainda permanece

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19

O alerta foi dado: São Luís tem a pior taxa de isolamento social do país, da ordem de 44,20%, conforme pesquisa, quando o ideal é que a média diária seja de 55% para ajudar a diminuir a velocidade de propagação do novo coronavírus. Essa reaceleração de casos da doença na capital maranhense era previsível a partir do momento da flexibilização das medidas que permitiram o retorno das atividades comerciais na Região Metropolitana.

A situação da capital maranhense não pode ser considerada como caso isolado, mas uma realidade registrada em todo o país tendo em vista que a cada dia os governos estaduais estão afrouxando as regras de isolamento, permitindo que as pessoas retornem às suas atividades. Neste momento, evitar o distanciamento social em São Luís é impossível, embora as autoridades de saúde continuem alertando sobre os altos índices de contaminação e mortes.

O que chama atenção é que o afrouxamento das medidas de contenção do coronavírus não está sendo feito com responsabilidade, uma vez que muitas pessoas já deixaram de usar máscara - que é um acessório de segurança recomendado pelos organismos oficiais para evitar a contaminação - em ambientes públicos, seja em bares e restaurantes e em caminhadas na orla marítima.

A confiança de que “o pior já passou” serve de justificativa para muitos descartarem o uso da máscara. Em alguns estabelecimentos comerciais, principalmente nas redes de supermercados, o acesso de clientes somente ocorre com o uso da peça de proteção no rosto.

Pelo que os números têm demonstrado, atualmente a pandemia segue um caminho de interiorização, após um primeiro momento de grande impacto nas capitais do país. Entretanto, estudos já indicam tendência de refluxo da pandemia de volta às capitais - uma espécie de segunda onda -, uma vez que o colapso das redes de atendimento hospitalar no interior levam obrigatoriamente à busca pelos centros maiores.

Com isso, essa tendência, aliada à falta de estrutura em locais mais distantes das capitais, aumenta a subnotificação, tanto de casos como de mortes. Isso fica demonstrado no aumento de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) sem causa detectada. O coronavírus pode provocar a síndrome.

Especialistas dizem que embora muitos estados e cidades do Brasil estejam afrouxando as fracas medidas de isolamento social que foram impostas nos últimos meses, tais medidas são precoces. Há quem diga que a tragédia está naturalizada, já que não houve redução nas mortes no brasil. Traduzindo: foi observada uma estabilidade nas mortes, mas os casos seguem aumentando exponencialmente em várias regiões.

Para a Organização Mundial de Saúde (OMS), os países seguem o caminho inverso ao indicado por especialistas: o isolamento social ainda é indicado e se as medidas básicas não forem seguidas, a única direção que essa pandemia pode seguir é piorar, piorar e piorar. Não tem atalhos nessa pandemia. A vacina é a melhor solução.

Testado positivo para a Covid-19, o presidente Jair Bolsonaro já não aguenta mais o isolamento social, sendo medicado com hidroxicloroquina - droga que não teve a eficácia cientificamente comprovada para tratamento da Covid-19. O que ele disse: "Eu não aguento essa rotina de ficar dentro de casa. É horrível. No mais, tudo bem. Aqui estamos despachando, por videoconferência o tempo todo, e estamos fazendo o possível aí para não deixar nada acumular nesses dias que eu estou aqui no Alvorada". Fecha aspas.


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