Eleições 2020

"O povo não quer saber de eleição ainda"

Rubens Júnior do PCdoB é pré-candidato a prefeito de São Luís e acredita que população está preocupada com a pandemia da Covid-19 e não com eleição

Gilberto Léda/ Da editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Rubens Júnior é pré-candidato a prefeito de São Luís e acredita que eleição será decidida na campanha
Rubens Júnior é pré-candidato a prefeito de São Luís e acredita que eleição será decidida na campanha (Rubens Júnior)

Deputado federal licenciado e ex-secretário de Estado das Cidades e Desenvolvimento Urbano, Rubens Pereira Júnior é o pré-candidato do PCdoB à Prefeitura de São Luís.

Principal nome daquilo que se convencionou chamar “consórcio de candidatos” do Palácio dos Leões, ele nega sua existência, mas admite que a maioria dos pré-candidatos da capital quer mesmo o apoio do governador Flávio Dino (PCdoB).

"Não existe consórcio. Existem candidatos que votaram no governador Flavio Dino em 2014, e outros na eleição de 2018. É natural que assim seja e que tenhamos mais afinidades com uns do que com outros. Não chamaria de consórcio, mas não tenho medo de afirmar que a maioria dos candidatos quer ter o apoio do governo Flavio Dino”, declarou.

Ainda em fase de construção de alianças, o pré-candidato comunista recebeu recentemente apoio de alas do PT, e acredita que esta seja uma sinalização de que o partido fechará questão em torno do seu nome.

Sobre o seu desempenho em pesquisas eleitorais - bem abaixo de diversos outros nomes da base governista -, ele atribui ao desinteresse do eleitorado em meio à pandemia da Covid-19.

"O povo não quer saber de eleição ainda. Todos estão preocupados com a Covid-19, com a possibilidade de perder do emprego. O povo quer que o posto de saúde funcione, quer que as escolas voltem com condições adequadas de funcionamento, e assim em diante.

Você faz parte do partido e da base de apoio ao governador Flávio Dino, que, dizem, montou um "consórcio de candidatos" para vencer a eleição em São Luís. Existe de fato esse "consórcio"?

Não existe consórcio. Existem candidatos que votaram no governador Flavio Dino em 2014, e outros na eleição de 2018. É natural que assim seja e que tenhamos mais afinidades com uns do que com outros. O importante é que essa pluralidade de pensamento político eleve o debate, e quem ganha com isso é a cidade. Esta será uma eleição qualificadíssima, sem dúvida alguma. Temos bons quadros e é por isso que o PCdoB fez questão de também apresenta sua pré-candidatura. Não chamaria de consórcio, mas não tenho medo de afirmar que a maioria dos candidatos quer ter o apoio do governo Flávio Dino. Afinal de contas, em São Luís, ele tem uma aprovação de 65%. Muito pelo acerto de sua gestão, mas também pelo enfrentamento da pandemia. Isso é um assunto que vai ser muito debatido. Eu tenho muito orgulho de ser o pré-candidato a prefeito do partido do governador Flavio Dino, respeitando os outros partidos que pensam diferente.

Há duas semanas, o PDT declarou apoio ao DEM, mas o prefeito Edivaldo Holanda Júnior ainda não se pronunciou. Você acredita que o apoio dele será a sua pré-candidatura?

Seria muito desrespeitoso antecipar o que eu acho sobre a posição que o prefeito Edivaldo vai adotar. Ele é um grande amigo, tenho um grande respeito pelo seu trabalho. Está entregando a cidade bem melhor do que recebeu, e isso nós devemos reconhecer. E queremos continuar esse trabalho. É preciso dar o tempo para que, legitimamente, resolva qual vai ser seu posicionamento no pleito. Mas desejamos sim que ele continue apoiando o projeto do partido do governador Flávio Dino, o PCdoB.

O presidente da MOB, Lawrence Melo, declarou apoio a você na semana passada. Esse é um indicativo de que o PT fechará aliança com o PCdoB?

O presidente da Agência Estadual de Mobilidade Urbana e Serviços Públicos (MOB) e ex-delegado geral da Polícia Civil do Maranhão, Lawrence Melo, é um importante militante do Partido dos Trabalhadores, o que sinaliza sim uma provável aliança entre os dois partidos, repetindo o que já foi feito no Maranhão e no Brasil durante muito tempo. Existe um diálogo com PT em nível municipa,l estadual e federal. Eu respeito o tempo próprio do partido, sabemos todas as suas características internas, de várias tendências, de várias opiniões. Respeitamos e não acreditamos em unanimidade, mas tenho certeza que a união do PT com PCdoB faz sentido para o cidadão e mostra a força da nossa pré-candidatura. Então estou trabalhando para ter o PT na nossa coligação desde o primeiro turno.

Apesar de fazer parte da base governista, seu nome tem sido menos lembrado em pesquisas que os de outros aliados do mesmo campo. Isso o incomoda?

O povo não quer saber de eleição ainda. Todos estão preocupados com a Covid-19, com a possibilidade de perder do emprego. O povo quer que o posto de saúde funcione, quer que as escolas voltem com condições adequadas de funcionamento, e assim em diante. Neste momento as discussões que partem dos debates eleitorais basicamente estão em nós mesmos, no segmento político, além de parte da imprensa. Porém não vejo a cidade em clima de campanha. São Luís, em especial, a campanha é decidida dentro do período da campanha. Ninguém nunca venceu eleições na véspera. Se olharmos os últimos pleitos, quem largou na frente, perdeu. Largar na frente na eleição de São Luís não significa absolutamente nada. Eu tenho uma estratégia política e posso revelar: política não se faz sozinho, se faz com grupo, com propostas e com biografia. Hoje, mesmo estando atrás nas pesquisas quantitativas, tenho o maior poder de agregação. São cinco partidos que já declararam que marcharão com a nossa candidatura. São mais de 200 pré-candidatos a vereador de São Luís. Além disso, nós temos importante apoio institucional, uma militância muito forte, os movimentos sindical e social. Então, não tenho dúvidas que a gente ainda está na fase do aquecimento. Eu vejo que tem gente que já está cansando, eu ainda nem “entrei em campo”. Na hora que começar a campanha, eu não tenho dúvida que a nossa pré-candidatura é a que mais vai crescer e naturalmente, a que vai ganhar as eleições.

Você acredita que uma aliança com o PT, e o apoio declarado do ex-presidente Lula, podem ter efeito decisivo na eleição deste ano na capital?

Eu acho que o apoio do PT e do presidente Lula são muito importantes. Se nós olharmos para a última eleição, vamos ver que as votações de Flávio Dino e de Fernando Haddad na capital foram muito expressivas. Isso porque ela expressa uma maneira de olhar o país, o estado e a cidade, que é uma maneira comprometida com a igualdade, de cuidar de quem mais precisa. Nós confiamos e temos muita convicção do impacto do apoio do presidente Lula do PT. Se isso se confirmar, vai ser uma junção de forças muito importante no cenário eleitoral de São Luís.

Na sua avaliação, o prefeito Edivaldo Holanda Júnior conseguiu cumprir o que prometeu nas eleições de 2012 e de 2016?

O prefeito Edivaldo mais acertou do que errou. Tem muito mais acertos do que erros. Fez uma boa gestão e vai entregar uma cidade melhor do que recebeu. Mas há uma certa abertura no campo político para que as pessoas apresentem a suas pré-candidaturas. Então é legítimo que o PCdoB também apresente a sua visão de governar. Hoje nós temos a vice-prefeitura, com Júlio Pinheiro, nós somos cinco vereadores na Câmara Municipal, somos cinco deputados estaduais, dois deputados federais. Diferente de outros tempos, quando o governador decidia um nome de impunhar “goela abaixo” de todos, o governador Flavio Dino faz diferente. Respeita que cada partido apresente a sua visão de candidatura, e o PCdoB também é legítimo que apresente seu projeto. E diante desse cenário de falta de nomes que possa unificar, é quando apresentamos o nosso nome e também o nosso partido para ter oportunidade de bater o futuro da cidade de São Luís.

Como se preparar para uma eleição que, em virtude da pandemia da Covid-19, tende a ser ainda mais digital e menos corpo a corpo que a de 2018?

Esta será uma eleição que vai exigir muita criatividade, em primeiro lugar, e também muito enraizamento. Nós confiamos na criatividade da nossa equipe, mas confiamos no enraizamento da nossa chapa de vereadores, que permitirá que, sem grandes aglomerações, inclusive por meio digital, cheguemos a cada canto de São Luís. Nosso partido e todos os aliados políticos estão entusiasmados com esse momento. Conseguimos hoje ter a maior coligação, o nosso plano de governo está sendo construído de forma democrática. Temos o Movimento Diálogos por São Luís, já ultrapassamos as 400 propostas, somente nas edições iniciais do movimento. Todos os dias estamos nos bairros, discutindo com a população, ouvindo, olho no olho, me apresentando para quem não me conhece e mostrando nossa plataforma de governo.

A eleição municipal sempre pode ser um bom termômetro para as eleições presidências e de governos, dois anos depois. Você acredita que 2020 pode ser uma mostra de que o bolsonarismo já se esgotou?

Sobre o bolsonarismo, eu diria que São Luís tem no seu horizonte o risco de um candidato que encarne o espírito de Bolsonaro e o seu jeito de governar. E isto não serve pra São Luís, nem para o Maranhão, como também não está servindo para o Brasil. Talvez este candidato não queira se revelar, mas é importante estarmos atentos e vendo quem representa Jair Bolsonaro nas eleições de 2020. São Luís não pode correr o risco de ter um prefeito que represente aqui o que Bolsonaro representa para o Brasil.

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