Opinião

Flávio Dino comenta prisão de Queiroz e fala em "facção de Bolsonaro"

Governador do Maranhão sugeriu suposta intimidação ao Poder Judiciário com o uso das Forças Armadas, por parte do presidente da República

Ronaldo Rocha/Da Editoria de Política

Atualizada em 11/10/2022 às 12h19
Dino considera que as Forças Armadas estão sendo citadas por Bolsonaro como forma de intimidar poderes
Dino considera que as Forças Armadas estão sendo citadas por Bolsonaro como forma de intimidar poderes (Flávio Dino)

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), comentou de forma dura, com críticas direcionadas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a prisão de Fabrício Queiroz, ex-assessor e ex-motorista do senador da República Flávio Bolsonaro (Republicanos).

Em seu perfil, em rede social, o comunista apresentou Bolsonaro como membro de uma facção e sugeriu uma suposta intimidação do presidente ao Poder Judiciário.

“Com mais integrantes da facção de Bolsonaro presos, é provável que ele insista na intimidação sobre o Judiciário, usando a imagem das Forças Armadas. Espero que os comandos destas desautorizem o uso indevido. Queiroz, rachadinhas e fake news são assuntos judiciais, não militares”, disse.

Flávio Dino havia comentado horas antes, um levantamento da CNN Brasil sobre a cesso de militares aos poderes Executivo e Judiciário na atual administração.

“Diz o artigo 142 da Constituição Federal que compete aos militares a defesa da Pátria e, por determinação dos poderes constitucionais, a garantia da lei e da ordem. E não funções precípuas de servidores públicos civis. O excepcional não pode virar ordinário”, pontuou.

Dino tem mantido uma rotina diária de críticas ao presidente da República, com apelo ao discurso de um suposto golpe militar em trânsito. Em entrevistas a veículos de todo o país, ele se apresenta com preocupação em relação ao tema.

Prisão

Fabrício Queiroz, ex-assessor e ex-motorista do senador Flávio Bolsonaro foi preso em Atibaia, interior de São Paulo, na manhã de ontem. O mandado de prisão preventiva - sem prazo para acabar - havia sido expedido pela Justiça do Rio de Janeiro, num desdobramento da investigação que apura esquema de "rachadinha" na Assembleia Legislativa do estado (Alerj).

No esquema, segundo a investigação, funcionários de Flávio, então deputado estadual, devolviam parte do salário, e o dinheiro era lavado por meio de uma loja de chocolate e através do investimento em imóveis. Queiroz foi preso quando estava em um imóvel de Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro. Na quarta-feira, Wassef estava no Palácio do Planalto, na cerimônia de posse do ministro das Comunicações.

Mais

Acusação

O Ministério Público do Rio pediu a prisão de Queiroz por ter encontrado indícios de que o ex-assessor de Flávio Bolsonaro continuava cometendo crimes. Os investigadores acreditam que ele manipulava provas para atrapalhar investigações do esquema de rachadinhas – quando um servidor devolve parte do salário ao parlamentar.

Governador intensifica ataque e alimenta crise

Desde que se admitiu no meio político uma possível viabilidade de candidatura à Presidência da República em 2022, o governador Flávio Dino tem intensificado ataques ao presidente Jair Bolsonaro, apoiado numa crise institucional entre os Poderes já instalada.

Em seu perfil em rede social e em entrevistas à imprensa, o chefe do Executivo do Maranhão tem citado Bolsonaro como líder de uma facção, além de sugerir um suposto golpe militar em curso, pelo presidente.

Ele também tem se apoiado no desgaste do presidente em meio ao enfrentamento do Brasil ao Covid-19.

Numa articulação junto a alguns dos governadores da Região Nordeste, Dino também trabalhado em críticas à gestão da Presidência da República e intensificado o discurso de falta de apoio do presidente aos gestores estaduais.

Sem possibilidade

Mesmo fazendo críticas sucessivas ao presidente Jair Bolsonaro, Flávio Dino admitiu em live da Carta Capital que não há maioria no Congresso Nacional que leva pra frente um processo de impeachment contra o presidente da República.

Para Dino, não há 50% de mobilização favorável ao processo. “Você tem que analisar a situação concreta, no palco onde isso se desenrola, ou seja, no Congresso. Nós não temos 2/3 para votar o impeachment. Nem metade”, afirmou o governador.

“Juridicamente, não há dúvida que há espaço [para o impeachment]. Mas tem outros temperos, ditados pelo fato de o processo de impeachment não ser puramente jurídico, mas antologicamente político”, completou.

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