São Luís - Além de criatividade, os pequenos e médios empreendedores, neste período de crise financeira, devem seguir um plano de recuperação orientado por órgãos e instituições especializados, com o objetivo de reduzir as possíveis dívidas e, desta maneira, reverter o quadro aparentemente desfavorável a qualquer plano de construção de negócios.

Somado ao uso das redes – que se manuseadas de forma progressiva e funcional e fundamentais neste processo de reversão da crise –, os empreendedores devem tomar medidas consideradas inteligentes e essenciais. Se bem aplicadas, as ações podem ser o diferencial entre um negócio bem ou malsucedido.

A primeira medida apontada por especialistas, neste caso, é o recálculo dos custos. Saber o que pode ser ou não eliminado dos balancetes de gastos é fundamental para cortar aplicações desnecessárias e otimizar o uso da verba existente. Outra ação necessária é renegociar os custos de aquisição de produtos, aliviando o caixa para outros investimentos e, ao mesmo tempo, dar fôlego para que o negócio sobreviva.

Feitas estas duas ações, o empreendedor parte para possíveis modificações na oferta dos produtos e/ou serviços. Esta última medida representa o grande desafio do empresário, já que disponibilizar o mesmo produto com qualidade semelhante e com itens diferenciados exigirá uma boa relação com o cliente.

O Estado aponta alguns exemplos de negócios presentes em São Luís que, com medidas práticas, modificaram a lógica da recessão financeira presente na maior parte dos empreendimentos brasileiros. Até o momento, o Maranhão não se manifestou acerca das perdas nas riquezas locais causadas pela restrição comercial, agravadas pelas medidas necessárias e sanitárias de prevenção ao coronavírus. Estima-se, por exemplo, perda de R$ 1,9 bilhão no estado somente com valores não arrecadados aos cofres públicos com impostos, por exemplo.

Diante desta retração econômica, cabe aos empresários “arregaçar as mangas” e superar o cenário desfavorável com intervenções, especialmente na relação com os fornecedores e, principalmente, com os clientes.

[e-s001]Da solução do naked: a transformação em empreendimento

Atuando no mercado local há cinco anos, a marca da empresária Samira Prazeres, que é responsável pelo “Samira Prazeres Cake Design”, é um dos exemplos de que é possível aglutinar resultados positivos em meio ao cenário de perda do poder de compra dos consumidores (atingidos com reduções salariais). A empresária, além de renegociar preços com fornecedores, executou outra medida fundamental, ou seja, resgatou o seu cardápio com produtos que facilitaram a portabilidade, sem perder a essência do empreendimento.

Atualmente, a empresária produz os chamados naked cakes, os cake boxes e os caseirinhos. No jargão do ramo, são espécies de bolos menores e individualizados que, dependendo do gosto do cliente, podem ser degustados em casa. Além de facilitar o transporte e de remodelar o próprio produto, os nakeds mantém viva a ornamentação original dos produtos.

“Elaborar estratégias para que a nossa marca superasse minimamente este período de crise foi o maior desafio, sem dúvida, enfrentado por mim desde que me tornei empreendedora”Samira Prazeres

Sem citar valores, a empresária frisa que os novos produtos ingressaram no cardápio durante a pandemia e frearam o déficit que era previsto de forma prévia, durante a recessão nacional. “Elaborar estratégias para que a nossa marca superasse minimamente este período de crise foi o maior desafio, sem dúvida, enfrentado por mim, desde que me tornei empreendedora”, afirmou. Outra solução encontrada foi personalizar alguns produtos a datas importantes. Além dos caseirinhos, a empresa também oferece bolos decorados e personalizados a partir da indicação do consumidor. Uma das ofertas é o bolo com dizeres românticos, visando agradar aos clientes que querem presentear seus companheiros ou companheiras no Dia dos Namorados, no próximo dia 12 deste mês.

A empresa também decidiu oferecer, além de doces (ainda o produto principal), salgados para quem deseja fazer a sua festa em casa. “Foi um complemento à nossa marca maior, que são os doces. Outro diferencial no período foi ofertar ao cliente facilidades no acesso ao produto e outras delícias, como nossas barras de chocolate decoradas”, afirmou Samira.

Sobre o acesso dos clientes aos produtos, a empresa também foi uma das que aderiram aos serviços delivery. A preocupação com a higienização dos produtos é outra premissa usada atualmente. “Quando estabelecemos contato com os clientes, passamos todas as informações acerca dos cuidados que são tomados na produção dos bolos e salgados para evitar quaisquer problemas de infecção aos clientes”, disse Prazeres. Por fim, a empresária destaca o ingresso de sua empresa nas redes sociais. Com a ajuda de amigos, a marca ampliou seu quantitativo de contatos. “Com isso, os clientes têm mais acesso aos nossos produtos, o que facilita a nossa divulgação”, disse a empresária.

LEIA TAMBÉM:

Na pandemia: a criatividade e os negócios que se reinventaram

[e-s001]Realizando sonhos em meio à pandemia: a singularidade de um presente

Consolidada no ramo de promoção de festas e organização de buffets há 16 anos, a empresa de Alessandra Beleza precisou modificar o foco dos clientes, reduzir expectativa de arrecadações e não se desvincular do perfil anterior do seu cliente que, antes, recebia o serviço de promoção de festas em espaços amplos e aconchegantes.

Além de negociações com parceiros e suspensão por obediência às regras de isolamento social, a empresa também precisou apostar em um produto que, apesar de não ser novidade no mercado, suscita às datas comemorativas. “Com isso, não fugimos da nossa essência, que é a de ofertar produtos delicados e do gosto do perfil do nosso cliente”, apontou Alessandra Beleza. Para isso, o negócio passou a ofertar cestas especiais com temas e buquês de flores ornamentados especialmente a gosto do cliente.

“Além de manter nossa boa relação com o cliente, elevamos a diversidade e oferta dos nossos serviços e barateamos custos. O objetivo é manter esta linha no pós-pandemia”Alessandra Beleza

A iniciativa superou às expectativas dos próprios responsáveis e mantiveram a arrecadação da empresa. “Os clientes passaram a gostar, já que nossos produtos normalmente são encontrados em supermercados e como muita gente ainda tem receio de fazer compras do gênero, pelas regras de isolamento, com o produto, facilitamos o acesso dos nossos clientes a itens alimentícios e apostamos em uma produção que agrade a casais e a outros perfis”, afirmou a empresária.

O objetivo da marca é, mesmo após o fim do período pandêmico, manter a oferta dos produtos. “Como nosso cliente gostou do produto final, decidimos que futuramente vamos manter a oferta. Ou seja, da crise, elaboramos um plus a mais para nossa marca”, definiu a empresária.

[e-s001]Consultoria online para festas

No ramo empresarial há uma década e com marca consolidada, a empresária Adriana Guerra, cujo negócio (intitulado ‘Tetto’) é especia-lizado na produção de festas temáticas, decidiu compilar o serviço em algo mais prático. Os temas das festas – com decoração e outros itens – são encaminhados aos clientes, de acordo com suas preferências, em caixas especiais e personalizadas.

A produção – que se denomina “bolinho em casa” – possibilita a promoção de festas caseiras e, em sua maioria, familiares com praticidade. O cliente recebe todo o material e, com orientação técnica, organiza toda a decoração em seu próprio lar.

A empresária contou a O Estado que a ideia surgiu durante o período de isolamento social. “Foi uma forma de driblar o vírus. Graças a Deus com sucesso”, afirmou Guerra. Em média, a empresa produz quatro festas por dia, o que mantém minimamente as contas equilibradas, fortalecendo a relação com fornecedores e, ao mesmo tempo, estreitando as relações com os clientes.

“Nossos clientes têm nos dado uma resposta muito positiva quanto à promoção dos serviços. A ideia é, a partir desta remodelagem da empresa, ampliar nosso leque de serviços e mantê-los pós-pandemia”Adriana Guerra

Além do fornecimento dos itens, o cliente também tem direito de receber a consultoria online, pela própria empresária e por um representante da empresa. “Ficamos em contato direto com o cliente e damos dicas sobre a decoração mais correta, disposição dos itens e outras dicas. Tudo para que a festa tão sonhada pela pessoa possa acontecer”, disse Guerra.

A marca aposta na promoção dos sonhos, ainda que à distância. “Nossos clientes têm nos dado uma resposta muito positiva quanto à promoção dos serviços. A ideia é, a partir desta remodelagem da empresa, ampliar nosso leque de serviços e mantê-los pós-pandemia”, frisou a empresária.

SAIBA MAIS

Consolidação dos pequenos e médios negócios

Serviços de consultoria e especialistas no tema alertam os pequenos e médios negócios para a importância do uso das redes sociais para a consolidação e, principalmente, expansão da marca. Essas condições são fundamentais para manter a visibilidade da empresa e “driblar” as restrições causadas pelas medidas de isolamento social na capital maranhense.

Além do facebook – ferramenta que já fora mais popular para este tipo de finalidade – outros aplicativos são usados. O Instagram, por exemplo, registra nível de engajamento crescente. Por likes, por exemplo, é possível o empresário (a) mensurar o índice de aceitação do usuário com o seu produto. E, de quebra, pode ainda iniciar contatos pela ferramenta.

Outro dispositivo usado com frequência nos últimos anos é o Linkedln. Atualmente, trata-se da maior rede social voltada para o mercado de trabalho, por sua facilidade e portabilidade para interagir com usuários e possibilidade de recrutamento, seja de clientes ou de fornecedores. No Linkedln, existem recursos próprios para o pequeno e médio empreeendedor.

Por fim, há o Twitter. Apesar do espaço gratuito para a divulgação, a limitação no número de caracteres, em comparação a outros aplicativos, freia o uso por empresários. Mesmo assim, muitos fazem uso do dispositivo.

E ainda há o YouTube, espaço usado para a divulgação dos vídeos e produções caseiras de peças audiovisuais que servem de extensão da propaganda dos produtos ou serviços.

Dicas para manter o empreendimento na ativa

• Renegociação com fornecedores
• Revisão de gastos
• Mudanças na aquisição de insumos (um desafio, já que deve ser feito sem perder a qualidade do produto final)
• Oferecer serviços diferenciados ao cliente, para manter a fidelidade
• Dispor de o máximo possível de formas de pagamento
• Manter o bom trato com o (a) cliente no atendimento
• Ser criativo e corajoso

Fonte: Sebrae

Números

30% é o percentual de importância do micro e pequeno negócio no PIB Brasileiro (pré-pandemia)
59% era o nível de confiança dos empresários nacionais de crescimento de seus empreendimentos até o fim do ano passado
670 mil contratações foram feitas pelas pequenas e médias empresas somente em 2019 no país
4,2% é a participação dos pequenos e médios negócios brasileiros nas exportações

Fonte: Sebrae

Leia outras notícias em Imirante.com. Siga, também, o Imirante nas redes sociais Twitter, Instagram, TikTok e canal no Whatsapp. Curta nossa página no Facebook e Youtube. Envie informações à Redação do Portal por meio do Whatsapp pelo telefone (98) 99209-2383.