Editorial

Atitudes irresponsáveis

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

A situação ocorrida na Rua Grande na última segunda-feira, 25, quando milhares de pessoas invadiram o principal centro comercial de São Luís, mostrou com todas as letras que a população maranhense - valendo para a capital e interior - ainda não tem consciência da gravidade da pandemia da Covid-19, que continua aumentando os índices de contaminação no estado. Irresponsavelmente - e não poderia ser outro termo -, muitas pessoas ocuparam aquela artéria não pela necessidade de fazer compras, mas, simplesmente para “bater pernas” com a intenção de se distrair sem destino certo.

O que se deduz dessa invasão de populares é que as medidas impostas pelo Governo do Estado para impedir a disseminação do coronavírus estão longe, muito longe, de atingir pelo menos a metade dos objetivos. Sem conscientização da população pelo isolamento social, as autoridades “malham em ferro frio” ou “enxugam gelo” - duas expressões populares que demonstram nenhum resultado esperado. Como consequência de tudo isso, mais e mais os hospitais da rede pública e privada estarão sem leitos para receber pacientes contaminados pelo vírus.

Pelo que foi constatado na Rua Grande no dia em que o governo autorizou a retomada gradual do setor comercial da Ilha de São Luís, é possível de se prever o que acontecerá a partir da próxima segunda-feira, 1º de junho, quando outros estabelecimentos comerciais voltarão a funcionar depois de mais de dois meses de portas fechadas. Em que pese as medidas sanitárias anunciadas pelo governo do Estado, dificilmente elas serão respeitadas. É esperar para conferir.

Tendo como referência um estudo nacional divulgado ontem para estimar a percentagem da população contaminada pela Covid-19 e o tamanho da subnotificação, chegou-se à conclusão que o contágio nas ruas pode ser até sete vezes maior que o oficial.

Coordenado pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) e financiado pelo Ministério da Saúde, que disponibilizou R$ 12 milhões para sua realização, o estudo foi realizado em 133 cidades do país. Os pesquisadores foram às ruas para coletar o sangue da população e fazer um rápido questionário.

Ao todo, foram 25.025 pessoas entrevistadas. Das cidades visitadas, em 90 delas foram realizados 200 testes ou mais. Estes municípios correspondem a 25,6% da população nacional, totalizando 54,2 milhões de pessoas. O estudo estima que até 760 mil pessoas estão ou já foram infectadas. É cerca de sete vezes mais do que as 104.782 notificações somadas nestes locais em 13 de maio, um dia antes dos pesquisadores irem às ruas.

Os próprios pesquisadores, contudo, pedem que os dados destes 90 municípios não sejam tomados como base para o restante do país. Segundo eles, o mais importante é mostrar o nível de prevalência e de subnotificação em cada região. Neste sentido, é no Norte e Nordeste (aí está o Maranhão) onde os dados são mais preocupantes.

Foi constatado que as subnotificações se revelam um problema em diversas frentes. Elas prejudicam a implementação de uma política de saúde mais eficaz no combate à Covid-19, pois tornam mais difícil traçar um retrato fiel de cada estado e ainda dificultam o trabalho de quem busca prever o comportamento da doença no país. Sem saber a real notificação é impossível fazer uma previsão e apontar quando ocorrerá o pico da doença.

O planejamento era de que, somente nesta primeira etapa, 33.250 pessoas fossem testadas. No entanto, dificuldades impostas pelas prefeituras de alguns municípios impediram que esta meta fosse atingida. Por isso, 43 cidades não tiveram o resultado divulgado. Ao todo, a pesquisa será realizada em três rodadas, com um intervalo de duas semanas entre cada uma.


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