Editorial

Retomada com responsabilidade

Atualizada em 11/10/2022 às 12h20

As medidas de isolamento social, que já foram maiores, ainda estão muito aquém do que seria necessário para frear a velocidade de disseminação da Covid-19 na Região Metropolitana de São Luís. Isso ficou demonstrado, mais uma vez, no último domingo quando milhares de pessoas circularam, principalmente, na orla marítima de São Luís sem nenhuma preocupação com a doença. Muitos, sem qualquer conscientização, circulavam livremente sem o uso de máscaras.

É preocupante essa situação e não há dúvidas de que sem as medidas de segurança é maior o risco de propagação do vírus, que ainda é uma ameaça e tem causado muitas mortes. A rede de saúde pública já está estrangulada, embora os governos estadual e municipal, em esforço coletivo, busquem alternativas para oferecer mais leitos e proporcionar a cura de pacientes.

Depois do lockdown e o rodízio de veículos, o afrouxamento do isolamento é preocupante na Ilha de São Luís. Nos bairros mais populosos da capital, é notório o desrespeito às medidas, notadamente por parte do comércio familiar que sempre insistiu em funcionar. Como a infecção pelo novo coronavírus pode ser assintomática ou só desencadear sintomas depois de duas semanas, pode dar a falsa impressão de segurança, ou seja, mais pessoas circulando nas ruas.

Ontem, por determinação do governo do Estado, os estabelecimentos comerciais familiares de pequeno porte, onde somente trabalham o proprietário e o grupo familiar (cônjuge, pais, irmãos filhos ou enteados), começaram a funcionar. Essa retomada gradual por setor econômico será iniciada na próxima segunda-feira, 1º de junho, estendendo-se por 45 dias, seguindo protocolos sanitários e de segurança por meio de medidas editadas pela Casa Civil.

A medida do governo, defendida por empresários sob a alegação de que o setor econômico está duramente afetado pelas restrições impostas pela pandemia, passa, a partir de agora, por um grande teste. O relaxamento das medidas de isolamento, antes de uma queda consistente do número de contaminações no Maranhão, pode surpreender por um súbito aumento posterior dos casos, com pressão sobre os sistemas de saúde. Foi o que aconteceu, por exemplo, em alguns países, como a Itália. Não podemos relaxar.

Diante dos números crescentes de casos da Covid-19 no país, que caminha para 25 mil mortos, o infectologista Dalcy Albuquerque, da Sociedade Brasileira de Doenças Tropicais, disse que é bem plausível que o Brasil alcance as estatísticas estratosféricas dos Estados Unidos. Isto porque as pessoas aqui não estão aderindo ao isolamento social. O especialista também afirmou que o país tem hoje vários pontos de concentração da doença, no Norte, Nordeste e no Sudeste, e que em outras regiões o vírus está chegando. E as autoridades reconhecem que os dados são subnotificados.

Com baixo isolamento social e autoridades divergindo sobre condução de políticas públicas - só para lembrar os ex-ministros da Saúde Henrique Mandetta e Nelson Teich que discordavam de posições do presidente Bolsonaro - o governo continua deixando a população confusa e a maioria acaba seguindo pelo caminho mais fácil, não ficando em casa. Ainda segundo avaliação de Dalcy Albuquerque, vários hospitais de campanha que iriam ajudar o sistema de saúde não ficaram prontos como planejado e houve dificuldade em garantir respiradores e infraestrutura nesses locais. Alguns estados, ainda por cima, estão com grave crise financeira. A soma disso tudo pode levar o Brasil a se tornar o epicentro mundial da doença em algum momento, passando mesmo os Estados Unidos.

O governo brasileiro decidiu manter por mais 30 dias a restrição da entrada de estrangeiros de qualquer nacionalidade no país. A medida começou a valer na última sexta-feira, 22, após publicação em edição extra do Diário Oficial da União e vale tanto para quem chega por via aérea, através de voos internacionais, quanto por rodovias ou por outros meios terrestres e transporte aquaviário. A decisão foi tomada antes de os Estados Unidos decidirem barrar a entrada de brasileiros naquele país.

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